sábado, 28 de junho de 2008

Treinamentos Militares

por Guaraci A. de Mendonça (*)
Sobre a carta do estudante Carlos Henrique Lirio de Almeida, em 26 de junho, em que questiona se com tanta tecnologia é necessário um treinamento militar de 60 horas sem dormir, gostaria de escrever algumas palavras. É importante a opinião de nossos estudantes, pois gera discussão, polêmica, debates etc, porém se faz necessário um mínimo de informação para que possam formular conceitos. Apesar das boas intenções, o rapaz mostrou não ter conhecimento do que é uma guerra, suas táticas e estratégias, da capacidade armamentista do nosso país.
O estudante menciona as atuais tecnologias. Talvez esteja acostumado com as recentes guerras protagonizadas pelos EUA, nas quais se podia ver, por meio da imprensa, um verdadeiro show de modernidade, quase um "vídeo game". Os americanos gastam, só para sustentar seus objetivos, bilhões de dólares. E, mesmo assim, milhares de vidas são perdidas de ambos os lados, como em toda guerra.
Considerando que tecnologia fosse suficiente, poderia o Brasil ter apenas militares obesos, destreinados, sem nenhum condicionamento físico, pois seria necessário apenas, para o militar, saber apertar botões que acionariam armas moderníssimas. O valor de um exército está no militar, em sua formação, caráter, treinamento, pois destes dependerá a própria vida e a de seu povo.
Com certeza, a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) forma cidadãos, líderes aptos a defender nossa soberania. É um curso superior reconhecido pelo Ministério da Educação. Tem uma grade curricular, na qual todas as atividades estão previstas, planejadas nos seus mínimos detalhes, inclusive com seus respectivos planos de segurança. Portanto, deve-se saber em que circunstância ocorreu o lamentável fato que culminou com a morte de um estimado cadete (o santa-mariense Maurício Silva Dias, 18 anos, morreu em 13 de junho após passar mal em treinamento na AMAN), porém não se pode questionar o treinamento sem tê-lo vivenciado, pois, anualmente, passam por treinamento semelhante mais de 2 mil cadetes.
Quanto ao Exército nas ruas, é possível falar por horas, passando pela Constituição, por regulamentos etc. Porém, limito-me a lhe dizer que existem no país diversas instituições: as Forças Armadas, as auxiliares, como o Corpo de Bombeiros, as polícias militares e civis. E cada uma tem atribuições específicas. Caso a violência nas ruas esteja crítica, talvez seja o momento para se analisar em que condições estão trabalhando nossos policiais: se estão com armamento moderno, com salário adequado, número de policiais suficientes etc. Tenha certeza de que os treinamentos realizados na AMAN não têm excessos e são realizados sempre com a coordenação de profissionais especializados.
(*) Professor de educação física e
especialista em Fisiologia do Exercício
DIÁRIO DE SANTA MARIA - 27 / 06 / 08

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