por Paulo Carvalho Espíndola
Durante a primeira quinzena deste junho de 2008, toda a mídia destacou com grande alarde a ação criminosa de uma patrulha militar, que levou à morte três jovens moradores da favela da Providência, na cidade do Rio de Janeiro. Verdadeiro e justificado o barulho da imprensa: afinal tratou-se de ato bárbaro e insano, além de ter sido praticado por integrantes do Exército Brasileiro, a mais respeitada instituição do país.
Ungidos pela mais patriótica das repulsas, variados representantes de movimentos políticos e sociais juntaram-se ao estardalhaço da mídia, reprovando o crime perpetrado e dando ao fato o colorido de um desvio institucional. Devemos repensar o emprego do Exército! Fora o Exército! Militares assassinos! Justiça já! De roldão e empurrados por quadrilhas ou por ONG (dá no mesmo), populares promoveram manifestações defronte do Palácio Duque de Caxias, sede do Comando militar do Leste.
O governador do Rio de Janeiro, o grande responsável pela segurança pública no estado, fez coro aos mais exaltados como se “as comunidades” — neologismo com que hoje são conhecidas as favelas — não fossem dominadas pelo crime organizado e a polícia carioca copiasse os métodos dos incorruptíveis e discretos policiais britânicos.
Não se trata de minimizar os desmandos de um grupo de militares criminosos, mas, sim, de dimensionar o episódio nas suas devidas proporções.
Não se pode, entretanto, estender ao Exército Brasileiro a mácula de uns pouquíssimos.
Infelizmente, existem desviados na Instituição, sejam quais forem os seus crimes. O que não se pode encobrir é que eles são dela expurgados com o rigor da lei e sempre que apareçam.
No meio de tanto alarido, os histéricos arautos da justiça e dos direitos humanos não destacam a pronta e enérgica resposta da Força Terrestre, ao prender os delinquentes e instaurar o devido e necessário Inquérito Policial Militar. Interessante é que essa mesma gente, ora postulante do rigor, há poucos dias ainda agredia o Exército por sua rigidez no caso de certo desertor homossexual. Não importam quais sejam os pesos e as medidas, pois o objetivo é atingir a autoridade militar.
Tudo isso ocorre como desgraça anunciada. Não é de hoje que o Exército reluta, dentro dos limites da disciplina, ao receber certo tipo de missão. Foi assim no PAC do morro da Providência. O Comandante Militar do Leste apresentou, claramente, suas objeções ao emprego de sua tropa na proteção das obras em questão, mas foi esforço vencido nas tratativas politiqueiras que acabaram por envolver a Força e lá se foi a tropa, mais uma vez resignada. Em meio a tudo isso e em total dessintonia, vem agora o ministro Mangabeira Unger, com sua proverbial empáfia e antipatia, ameaçar com o emprego do Exército, caso faleçam as suas medidas para a “regularização” da titularidade de terras na Amazônia. Cumprindo o seu papel de panaceia para todas as mazelas nacionais, certamente a Força Terrestre desviar-se-á de sua missão constitucional, outra vez, para o gáudio da politicalha.
Nem tudo está perdido, porém, neste circo que é o Brasil.
Alvíssaras! Regozijemo-nos, brasileiros de bem! Finalmente o grande cego-surdo-mudo indignou-se ante um fato delituoso.
O presidente da República encheu-se de indignação. Nada antes o demovera da pasmaceira e passividade. Não houve corrupção que o aborrecesse. As trapaças de seus sequazes de colarinho branco; os seus mensaleiros; a sua corte prostituída; as trapalhadas ministeriais; nada o tirou do sério e o fez ver e ouvir a podridão que o cerca.
Enfim, Lula reagiu e, incontinenti, mandou o seu intrépido ministro da Defesa embarcar para o Rio de Janeiro para ser o portador da sua indignação.
Nelson Jobim, com a pose de marechal-de-campo que ele pensa que é, prontamente partiu para cumprir a ordem do chefe supremo. Sob as luzes dos refletores e para todos os microfones deu a solução para o problema: “as obras têm de continuar”...
Segundo o órgão de imprensa Agência Estado, Jobim pediu que os militares compreendam a "catarse" provocada pela revolta dos moradores e não revidem provocações.
“Para o ministro, somente a satisfação dos moradores com a conclusão das obras do projeto Cimento Social, que reforma telhados e fachadas de casas, poderá superar o que classificou de ‘ato repudiável’. O ministro indicou que o Exército cogita deixar a comunidade, mas evitou falar sobre eventual retirada. ‘Isso é um problema que vamos resolver depois. As obras têm de continuar’, disse Jobim. Os operários ameaçam paralisar os trabalhos amanhã se os militares permanecerem. O ministro falou a 250 homens na Companhia de Comando do Comando Militar do Leste (CML) e afirmou que os moradores, que enfrentaram militares durante um protesto na porta do CML ontem, têm razão ao exibir sua revolta diante do crime praticado pelos 11 militares presos” (Agência Estado, 17 Jun 2008).
Está resolvido o problema. Lula se acalmou e retomou a letargia.
Os militares voltaram a pintar a favela de amarelo, sob tiros de traficantes e pedradas de “trabalhadores”; Jobim mostrou quem é que manda; o pessoal dos direitos humanos e a imprensa recomeçaram a cruzada contra a homofobia dos militares; Mangabeira Unger retornou às suas lides de emérito estrategista; e tudo fica como dantes no quartel d’Abrantes.
Ungidos pela mais patriótica das repulsas, variados representantes de movimentos políticos e sociais juntaram-se ao estardalhaço da mídia, reprovando o crime perpetrado e dando ao fato o colorido de um desvio institucional. Devemos repensar o emprego do Exército! Fora o Exército! Militares assassinos! Justiça já! De roldão e empurrados por quadrilhas ou por ONG (dá no mesmo), populares promoveram manifestações defronte do Palácio Duque de Caxias, sede do Comando militar do Leste.
O governador do Rio de Janeiro, o grande responsável pela segurança pública no estado, fez coro aos mais exaltados como se “as comunidades” — neologismo com que hoje são conhecidas as favelas — não fossem dominadas pelo crime organizado e a polícia carioca copiasse os métodos dos incorruptíveis e discretos policiais britânicos.
Não se trata de minimizar os desmandos de um grupo de militares criminosos, mas, sim, de dimensionar o episódio nas suas devidas proporções.
Não se pode, entretanto, estender ao Exército Brasileiro a mácula de uns pouquíssimos.
Infelizmente, existem desviados na Instituição, sejam quais forem os seus crimes. O que não se pode encobrir é que eles são dela expurgados com o rigor da lei e sempre que apareçam.
No meio de tanto alarido, os histéricos arautos da justiça e dos direitos humanos não destacam a pronta e enérgica resposta da Força Terrestre, ao prender os delinquentes e instaurar o devido e necessário Inquérito Policial Militar. Interessante é que essa mesma gente, ora postulante do rigor, há poucos dias ainda agredia o Exército por sua rigidez no caso de certo desertor homossexual. Não importam quais sejam os pesos e as medidas, pois o objetivo é atingir a autoridade militar.
Tudo isso ocorre como desgraça anunciada. Não é de hoje que o Exército reluta, dentro dos limites da disciplina, ao receber certo tipo de missão. Foi assim no PAC do morro da Providência. O Comandante Militar do Leste apresentou, claramente, suas objeções ao emprego de sua tropa na proteção das obras em questão, mas foi esforço vencido nas tratativas politiqueiras que acabaram por envolver a Força e lá se foi a tropa, mais uma vez resignada. Em meio a tudo isso e em total dessintonia, vem agora o ministro Mangabeira Unger, com sua proverbial empáfia e antipatia, ameaçar com o emprego do Exército, caso faleçam as suas medidas para a “regularização” da titularidade de terras na Amazônia. Cumprindo o seu papel de panaceia para todas as mazelas nacionais, certamente a Força Terrestre desviar-se-á de sua missão constitucional, outra vez, para o gáudio da politicalha.
Nem tudo está perdido, porém, neste circo que é o Brasil.
Alvíssaras! Regozijemo-nos, brasileiros de bem! Finalmente o grande cego-surdo-mudo indignou-se ante um fato delituoso.
O presidente da República encheu-se de indignação. Nada antes o demovera da pasmaceira e passividade. Não houve corrupção que o aborrecesse. As trapaças de seus sequazes de colarinho branco; os seus mensaleiros; a sua corte prostituída; as trapalhadas ministeriais; nada o tirou do sério e o fez ver e ouvir a podridão que o cerca.
Enfim, Lula reagiu e, incontinenti, mandou o seu intrépido ministro da Defesa embarcar para o Rio de Janeiro para ser o portador da sua indignação.
Nelson Jobim, com a pose de marechal-de-campo que ele pensa que é, prontamente partiu para cumprir a ordem do chefe supremo. Sob as luzes dos refletores e para todos os microfones deu a solução para o problema: “as obras têm de continuar”...
Segundo o órgão de imprensa Agência Estado, Jobim pediu que os militares compreendam a "catarse" provocada pela revolta dos moradores e não revidem provocações.
“Para o ministro, somente a satisfação dos moradores com a conclusão das obras do projeto Cimento Social, que reforma telhados e fachadas de casas, poderá superar o que classificou de ‘ato repudiável’. O ministro indicou que o Exército cogita deixar a comunidade, mas evitou falar sobre eventual retirada. ‘Isso é um problema que vamos resolver depois. As obras têm de continuar’, disse Jobim. Os operários ameaçam paralisar os trabalhos amanhã se os militares permanecerem. O ministro falou a 250 homens na Companhia de Comando do Comando Militar do Leste (CML) e afirmou que os moradores, que enfrentaram militares durante um protesto na porta do CML ontem, têm razão ao exibir sua revolta diante do crime praticado pelos 11 militares presos” (Agência Estado, 17 Jun 2008).
Está resolvido o problema. Lula se acalmou e retomou a letargia.
Os militares voltaram a pintar a favela de amarelo, sob tiros de traficantes e pedradas de “trabalhadores”; Jobim mostrou quem é que manda; o pessoal dos direitos humanos e a imprensa recomeçaram a cruzada contra a homofobia dos militares; Mangabeira Unger retornou às suas lides de emérito estrategista; e tudo fica como dantes no quartel d’Abrantes.
Pelo menos nos resta o consolo de ter visto, pela primeira vez, Lula indignar-se ante um crime.
Até para isso o Exército serve...
Paulo Carvalho Espíndola é Coronel Reformado
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