terça-feira, 13 de maio de 2008

A Verdadeira História do Cofre do Dr. Rui

Trinta anos depois, ISTOÉ revela fatos inéditos da maior ação da guerrilha brasileira, que tomou US$ 2,596 milhões da amante de Adhemar de Barros
por LUIZA VILLAMÉA
A mais espetacular ação da luta armada no Brasil foi anunciada ao resto do mundo pelo capitão Carlos Lamarca, um dos líderes da guerrilha contra o regime militar instalado em 1964. "Depois de uma longa investigação, localizamos uma parte da famosa ‘caixinha’ do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros, enriquecido por anos e anos de corrupção. Conseguimos US$ 2,5 milhões. Esse dinheiro, roubado do povo, a ele será devolvido", disse Lamarca à agência internacional France Presse. Ele se referia a um cofre com uma fortuna que corresponde hoje a R$ 20,698 milhões, retirado na sexta-feira 18 de julho de 1969 da mansão onde morava o cardiologista Aarão Burlamaqui Benchimol, irmão de Ana Guimol Benchimol Capriglione, que fora amante de Adhemar de Barros, morto quatro meses antes. Conhecida nos meios políticos pelo pseudônimo de Dr. Rui, Ana teve de dizer na polícia que o cofre estava vazio. Na realidade, a guerrilha tinha informações de que o ex-governador deixara oito cofres, mas só conseguiu colocar a mão em um deles. Foi uma operação preparada nos mínimos detalhes, com 13 participantes diretos, de diferentes partes do País, que se conheciam por codinomes. Trinta anos depois, ISTOÉ revela os detalhes da operação e a identidade de protagonistas que nem se quer foram citados no Inquérito Policial Militar (IPM) que apurou o caso. Foi uma ação cinematográfica.
SÔNIA LAFOZ,
a Mariana — Nascida na Argélia, chegou a São Paulo ainda criança. Atuou no movimento estudantil e, mais tarde, na luta armada. Jamais foi presa. Em abril de 1971, grávida de sete meses, viajou para o Chile. Depois, foi para a França, onde chegou a ser vereadora de Villetaneuse. Aos 53 anos, vive em Curitiba (PR) e trabalha em projetos de saúde pública 
O Aero Willys Itamaraty branco com teto de vinil preto, carro de luxo para a época, estacionou a cerca de 20 metros da entrada principal da mansão, no número 2 da rua Bernardino Santos, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. No alto de uma colina, atrás de muros altos e encoberta por árvores espalhava-se a imponente construção de 1914. Do Aero Willys saltou Leo, como era chamado o sargento Darcy Rodrigues, que havia se aprontado com apuro para o momento. "Estava vestido como aqueles rapazes bacanas da zona sul, para não levantar suspeitas", lembra Darcy. Ao volante do Aero Willys permaneceu Maurício, o professor de Geografia Reinaldo José de Melo. A seu lado, estava a experimentada atiradora Mariana, a estudante Sônia Lafoz, com um fuzil FAL 7,62 e algumas granadas ao alcance da mão. Pairava no ar uma terrível tensão. Eram exatamente 15h30 daquela sexta-feira. Reinaldo ainda não tinha desligado o Aero Willys quando uma Veraneio Chevrolet C-14 cinza e uma Rural verde e branco, com outros dez guerrilheiros, a maioria vestida de terno e gravata, pararam em frente ao portão principal.
JUAREZ GUIMARÃES DE BRITO,
o Juvenal  Era sociólogo e um dos dirigentes nacionais da organização VAR-Palmares. Mineiro de Belo Horizonte, tinha 31 anos na época da ação, que planejou e comandou. Em abril do ano seguinte, caiu em uma emboscada preparada pela polícia, no Rio. Cercado, chegou a ser alvejado por policiais, mas disparou no ouvido o tiro que o matou. Era o único que sabia todos os detalhes da operação
Justino, o estudante Wellington Moreira Diniz, deixou o volante da C-14 e, junto com Alberto, o sargento José de Araújo Nóbrega, e Juvenal, codinome do sociólogo Juarez Guimarães de Brito, foi direto para a guarita do vigia de plantão, que usava apenas um revólver calibre 38. Conhecido por Noventa, por causa do hábito de usar simultaneamente duas pistolas 45, Wellington tinha ainda uma metralhadora Thompson nas costas, mas ninguém precisou mostrar o arsenal. Conhecedor das manhas da repressão, devido aos tempos em que servira na Polícia Federal em São Paulo, Nóbrega foi logo exibindo um mandado de busca e apreensão. "Estamos a mando do general, atrás de documentos subversivos em poder do dr. Aarão", avisou. O empregado ensaiou resistência, mas foi rendido e rapidamente desarmado. Liberada a entrada, os dois carros subiram a sinuosa alameda que leva à casa, estacionando a C-14 aos pés da escadaria de granito que dá acesso ao segundo pavimento, com o bagageiro aberto. Lá, o grupo se dividiu, tratando logo de esvaziar os pneus de um Fusca que estava na garagem e arrancando os fios dos dois telefones da propriedade. Operário em Porto Alegre (RS), recrutado para cuidar da parte técnica, Jesus Paredes Soto, o Mário, foi direto para o pavimento superior e não demorou a localizar o armário com um cofre de 350 quilos. O universitário João Marques de Aguiar, o Jeremias, que viera de Belo Horizonte (MG) com a missão de ajudar no preparo de pranchas de madeira para fazer deslizar o cofre pela escadaria, tratava de encaixar as peças, com conexões de aço. Contou com a ajuda de um operário de Osasco (SP), João Domingues da Silva, conhecido como Elias. "Embaixo, vamos usar uma rampa de aço que jogará o cofre direto para o bagageiro da C-14", instruíra Jesus. O universitário paulista Fernando Borges de Paula Ferreira, o Felipe, estava no grupo que rendeu os 11 empregados que se espalhavam pela propriedade naquele momento. Meia hora antes, a arrumadeira Tereza, acompanhada da costureira Geralda, havia saído para ir ao dentista. Um dos vigias, chegado ao álcool, também tinha abandonado o posto e só apareceu quase duas horas depois da ação.
DARCY RODRIGUES,
o Leo  Sargento, saiu do quartel junto com Lamarca, sendo preso em abril de 1970, no Vale do Ribeira (SP). Trocado pelo embaixador alemão, que fora sequestrado, deixou o Brasil em junho do mesmo ano. Morou em Cuba, onde fez Economia. De volta ao Brasil, formou-se em Direito. Aos 57 anos, vive em Bauru (SP) e trabalha com advocacia
Algemado, na dispensa 
Dos empregados que se encontravam na casa, a maioria hesitou em cumprir as ordens. "O escritório ficava numa ala da mansão com acesso restrito à família", lembra Nóbrega. Com apenas 18 anos, o secundarista Carlos Minc, o Orlando, era o menos convincente no papel de "policial". Naquela tarde, o único membro da família que estava na casa era Sílvio Buarque Schiller, que acabou algemado por Nóbrega e, posteriormente, levado para uma despensa. "O maior risco que corri foi bem depois, quando a polícia chegou e encontrou a despensa trancada", contou Sílvio a ISTOÉ. "Os policiais queriam metralhar a porta, mas, felizmente, ouviram os apelos de um dos meus primos, que se dera conta do meu desaparecimento." Na tarde que poderia ter sido fatal para Sílvio, enquanto os empregados eram mantidos no escritório, Jesus, João Marques, Juarez e Wellington trataram de amarrar o cofre com cabos de aço em uma espécie de carrinho de rolimã preparado especialmente para a ocasião. Pelas colunas da sacada que dá acesso ao segundo andar, foram passadas cordas, que seriam puxadas por duas pessoas, de modo a amortecer a descida do cofre.
WELLINGTON MOREIRA DINIZ,
o Justino  Estudante de Sociologia em Belo Horizonte, pego pela polícia em abril de 1970, deixou o País nove meses depois, em troca de um embaixador sequestrado. Passou o exílio na Itália, exceto os dois anos que lutou na guerra pela independência de Angola. Aos 52 anos, vive na capital mineira, trabalhando com acupuntura e terapias orientais
Crianças na área 
Pouco antes, do lado de fora, Sônia e Reinaldo passaram por momentos de extrema tensão. "Estávamos com munição suficiente para impedir a aproximação de qualquer comando, mas apareceram dois garotos e ficamos apavorados", lembra Sônia. "Sabia que Darcy tinha sólida formação militar, mas temi que ele não soubesse lidar com crianças." Nas imediações do portão, Darcy, porém, não titubeou, encaminhando os garotos, ajudantes do jardineiro, para o interior da propriedade, de onde foram devidamente conduzidos ao escritório. Com base no depoimento dos rapazinhos — de 14 e 11 anos —, na investigação policial do caso, Lamarca, que era exímio atirador e não participou do assalto, aparece nos autos empunhando uma faca. Pela versão "oficial", um dos garotos inclusive chuta a mão do líder guerrilheiro, que deixa a faca cair no chão. Sem nenhuma participação no episódio, o nissei Yoshitame Fujimore também aparece nos autos, exibindo um revólver. Mas, naquela tarde, o que não deu mesmo certo foi a descida do cofre. Colocado sobre pranchas de madeira, o carrinho ganhou velocidade, desceu aos trancos e o cofre virou sobre si mesmo, destroçando alguns dos 20 degraus. "Foi uma pena estragar aquela escadaria. Nossa intenção era não provocar danos à mansão", lamenta até hoje Nóbrega. Com o cofre virado, a rampa de aço instalada para dar acesso ao carro tornou-se inútil, pois o cofre bateu no alto do bagageiro e veio para o chão. "O Wellington, que sempre foi forte, adquiriu uma força descomunal naquele momento de desespero e decidiu que levantaríamos o cofre no braço. Os companheiros entraram no embalo e deu certo", relatou depois Jesus.
REINALDO JOSÉ DE MELO,
o Maurício  Universitário e professor de Geografia em Belo Horizonte, foi preso em outubro de 1969. Barbaramente torturado, acabou contando aonde jogara os pedaços do cofre. Em janeiro de 1971 foi trocado pelo embaixador suíço, que fora sequestrado. No exílio, viveu em Moçambique. Aos 55 anos, é chefe de gabinete do prefeito de Betim (MG)
"Também tivemos o maior cuidado em não machucar ninguém, pois Juarez havia avisado que na mansão morava um companheiro nosso", ressalta Nóbrega. O companheiro, no caso, era Gustavo Buarque Schiller, irmão de Sílvio. Secundarista, Gustavo militava em organizações clandestinas de esquerda e avisara Juarez que Ana, uma de suas tias, tinha sob sua guarda oito cofres com dólares que tinham pertencido a Adhemar de Barros. Um mês antes da ação bem-sucedida, numa tarde de domingo, Juarez, com um grupo reduzido de guerrilheiros, tentou entrar na casa, seguindo um plano que incluía a abertura do cofre na própria mansão. "Parecia ironia, mas a primeira operação foi abortada por causa de um cadeado, do portão de serviço, que nós não conseguimos abrir", recordou recentemente, gargalhando, Wellington. Naquela época, Juarez dirigia o Comando de Libertação Nacional (Colina), uma organização clandestina mais conhecida entre os militantes de esquerda como Ó ..., devido a sua falta de estrutura militar. A situação se reverteu no começo de julho, quando houve a fusão do Colina com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) de Carlos Lamarca, que saíra do quartel de Quitaúna (SP) com farto armamento e mais quatro militares. Outro planejamento começou a ser feito e guerrilheiros experientes foram recrutados. "Assim que houve a fusão, em um encontro em Mongaguá, a operação do cofre foi decidida, com o nome de Ação Grande", relata Antônio Roberto Espinosa, um dos dirigentes nacionais da nova organização, batizada de VAR-Palmares. "Até por segurança, os grupos atuavam de forma descentralizada, mas, por sua dimensão, duas ações foram discutidas pelo comando nacional: a saída de Lamarca do quartel e a expropriação do cofre do Adhemar."
JESUS PAREDES
Soto, o Mário  Nascido em Barcelona, foi criado em Porto Alegre (RS), onde era operário. Transferiu-se para o Rio para planejar e executar a parte técnica da ação. Foi preso em 1974, em São Bernardo do Campo (SP) e anistiado em 1979. Hoje, com 51 anos, vive no Rio, onde é um dos diretores de uma empresa farmacêutica. Acaba de formar-se em Farmácia
Informante na mansão 
Dos oito cofres, Juarez, que comandou toda a operação, localizou dois. "O outro estava em Copacabana, no apartamento de um oficial da Marinha", conta Wellington. O apartamento, no caso, era do Capitão-de-Mar-e-Guerra José Burlamarqui Benchimol, também irmão de Ana. De acordo com o processo sobre o caso, cujo acesso foi liberado a ISTOÉ pelo Superior Tribunal Militar (STM), a polícia chegou a vistoriar a casa do oficial, quatro meses depois do assalto de Santa Teresa. Na ocasião, o cofre estava, evidentemente, vazio. De acordo com a mesma documentação, só o militar sabia o segredo do cofre roubado. "Ele estava vazio. As declarações de Lamarca são uma fanfarronada", afirmou José Benchimol na Justiça Militar. "Não havia nada no cofre", declarou, na mesma linha, sua irmã Ana. Durante acareação com o sobrinho Gustavo, que foi posteriormente preso, torturado e condenado pelo assalto, o secundarista manteve sua posição. "Meu pai não deixou nenhum cofre nem conta no Exterior", garantiu, na semana passada, o ex-deputado Adhemar de Barros Filho, um dos quatro filhos do ex-governador com Leonor Mendes de Barros.
FERNANDO BORGES DE PAULA FERREIRA,
o Felipe  Aluno de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), era conhecido no movimento estudantil como Fernando Ruivo. Foi morto a tiros pela polícia aos 24 anos, apenas 12 dias depois de ter participado da operação do cofre. Estava em São Paulo, onde nasceu e morava, em companhia de João Domingues da Silva, que escapou do tiroteio gravemente ferido
Em 1969, desde o primeiro contato, Juarez confiou nas informações passadas por Gustavo, mas teve o cuidado de conferir o tamanho da propriedade. Para isso, despachou Carlos Minc para a mansão, como se fosse um pesquisador de opinião pública. Minc foi atendido justamente por Gustavo e não entendeu nada quando o rapaz desandou a criticar as emissoras por exibir novelas "que alienavam o povo". O grande sucesso da época era Beto Rockfeller, novela de Bráulio Pedroso, onde o galã Luiz Gustavo, que faz o Vavá de Sai de baixo, contracenava com as jovens Débora Duarte e Bete Mendes. "Eu não sabia que tínhamos um informante dentro da casa", comentou Minc na semana passada. Dos protagonistas da ação, só Juarez conhecia todos os detalhes do planejamento. Minc não sabia da existência de Gustavo nem Gustavo sabia que estava diante de um falso pesquisador. "Durante mais de um mês percorri as ruas de Santa Teresa traçando rotas de fuga rumo a Jacarepaguá, onde uma casa estava preparada para receber o cofre. Depois, fiz o percurso com Juarez várias vezes", conta Reinaldo. A casa de Jacarepaguá fora alugada para abrigar o cofre durante a sua abertura. "Montamos uma fachada de oficina mecânica, eu e um operário do Sul, e lá preparamos as pranchas e peças de aço", diz João Marques.
Reinaldo lembra ainda que foi montado um esquema de atendimento clandestino de emergência médica para o caso de alguém sair ferido. Não foi preciso recorrer a ele. "Terminamos com 28 minutos, com dois minutos de lucro operacional, sem disparar nenhum tiro", recorda Wellington, que seguiu para Jacarepaguá ao volante da C-14. No porta-malas, coberto por um tapete retirado da mansão, estava o cofre. Mesmo com os pneus traseiros supercalibrados, a C-14 desceu as ladeiras de Santa Teresa arriada. Darcy, que havia chegado no Aero Willys, mas se mudara para a C-14 para reforçar a segurança da fuga, não se alterou quando o carro parou num sinal e o guarda de trânsito brincou:
— O defunto que vocês estão carregando está pesado mesmo!, disse o guarda.
— É um cofre que acabamos de roubar. Quer ver?, respondeu Darcy.
— Não. Façam bom proveito. Tomara que esteja cheio, despediu-se o guarda.
Logo na saída de Santa Teresa, a Rural tomou outro rumo. Simone e Ronaldo, que tinham ajudado a render os empregados da mansão, estavam naquele carro. Embora tenha contado com a colaboração de todos os participantes que sobreviveram à ação, ISTOÉ não conseguiu confirmar a identidade do casal. No trajeto para Jacarepaguá, apenas o Aero Willys, com Reinaldo e Sônia, fazia a cobertura do carro que levava o cofre. "Eu continuava no chantilly, como falávamos naquela época", ironiza Sônia, a atiradora que ficou famosa por ter as mais belas pernas da luta armada. Chegando à casa, Jesus suou para abrir o cofre.
A amante silenciosa
Pois não, Dr. Rui." Era assim que o governador Adhemar de Barros atendia aos telefonemas da amante, Ana Guimol Benchimol Capriglione. Nos bastidores da política, porém, todos sabiam que Dr. Rui era o pseudônimo que o próprio Adhemar criara para ela. Viúva aos 40 anos de um cardiologista que fora colega de Adhemar na Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, Ana começou a se envolver com o político logo depois da morte do marido, em 1953. Além do relacionamento amoroso, ela também influenciou o governador nas decisões políticas e até na composição do secretariado.
Famoso pelo slogan "rouba, mas faz", Adhemar inaugurou o período de construção de grandes obras em São Paulo. Desde quando se elegeu deputado estadual, em 1934, até quando teve seus direitos políticos cassados, em 1966, sua trajetória esteve sempre associada à corrupção. Quando foi interventor em São Paulo (1938-1941) obteve uma "arrecadação extraordinária" com propinas de casas de jogos e prostíbulos. Uma vez, comprou, com dinheiro público, 36 automóveis, distribuindo a maioria entre parentes e amigos. Para si, reservou um Oldsmobile Sedan de Luxo.
De acordo com o relato de Gustavo Schiller, o sobrinho de Ana, à guerrilha, parte dos US$ 2,596 milhões do cofre vieram de uma fraude com vacinas doadas por organismos internacionais. O governador, segundo Gustavo, teria vendido as vacinas a laboratórios particulares e mandado aplicar injeções com água no povo. Depois da cassação, o político hospedava-se frequentemente no apartamento da amante, no Rio. Um desses deslocamentos está registrado em relatório do Deops, a polícia política, de 30 de janeiro de 1968: "O sr. Adhemar de Barros viajou para o Rio no dia 24, onde foi encontrar-se com d. Ana Benchimol Capriglione (Dr. Rui), que lá se acha."
Os dois viajavam periodicamente para a Europa, onde desde 1961 mantinham uma casa. Em março de 1969, aos 68 anos, Adhemar morreu de infarto, em Paris. Foi Ana quem cuidou dele nos seus últimos dias e providenciou o traslado de seu corpo para São Paulo. Hoje, aos 87 anos, ela vive em uma ampla cobertura na Praia do Flamengo, no Rio. "O tempo dela já passou", diz seu sobrinho, o administrador de empresas Marcelo Benchimol. "Ela está com o mal de Alzheimer e não se lembra de nada." Ana só falou sobre o cofre na Justiça Militar. Em público, jamais comentou seu affair nem as acusações de corrupção, celebrizadas pelos próprios adhemaristas em uma marchinha dos anos 50: "Quem não conhece?/Quem nunca ouviu falar?/Na famosa ‘caixinha’ do Adhemar/Que deu livros, deu remédios, deu estradas/Caixinha abençoada!"

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