Agência Fenapef
Upatakon. Esse é o nome da operação que levou para o estado de Roraima cerca de 150 policiais federais que acompanham o impasse entre índios e arrozeiros na reserva Raposa Serra do Sol. Mas enquanto índios e arrozeiros se estranham, e governo e STF não se entendem, os policiais sofrem com a falta de planejamento da operação e infra-estrutura básica para suportar o trabalho na região. A Federação Nacional dos Policiais Federais está lá e acompanha de perto o dia-a-dia dos federais deslocados para Roraima.
Os policiais federais que estão em Roraima para a operação são divididos em três grupos. Um fica em Boa Vista, outro em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, e o outro na terra indígena Surumu. Segundo um "engraçadinho" integrante da coordenação da operação, os três locais são denominados, respectivamente, de paraíso, purgatório e o inferno. E a vida no purgatório e no inferno não é fácil.
Surumu fica a cerca de 150 quilômetros de Boa Vista. Apesar da relativa proximidade a energia é produzida por gerador que é desligado a meia-noite. O calor é insuportável e não há alojamento para os policiais. Alguns se amontoam em uma maloca indígena onde descansam em redes ou sacos de dormir, já que o DPF não forneceu colchões. Outros penduram redes nos lugares que sobram e ali descansam do jeito que podem tentando amenizar o calor e conviver com os mosquitos.
A única agente que participa da operação na terra Surumu dorme na maloca e utiliza um banheiro cedido pela Funai na casa de uma indígena.
Surumu fica a cerca de 150 quilômetros de Boa Vista. Apesar da relativa proximidade a energia é produzida por gerador que é desligado a meia-noite. O calor é insuportável e não há alojamento para os policiais. Alguns se amontoam em uma maloca indígena onde descansam em redes ou sacos de dormir, já que o DPF não forneceu colchões. Outros penduram redes nos lugares que sobram e ali descansam do jeito que podem tentando amenizar o calor e conviver com os mosquitos.
A única agente que participa da operação na terra Surumu dorme na maloca e utiliza um banheiro cedido pela Funai na casa de uma indígena.
Para os policiais que estão em Pacaraima a situação não é muito mais fácil. Quarenta policiais estão amontoados em duas casas que servem de alojamento para a PF e num pequeno hotel onde ficam três em cada quarto. Detalhe: nas casas destinadas para alojamento não há camas, não há móveis, não há nada.
O caos não para por aí. Segundo apurou a Fenapef, até o momento 22 policiais, 12 da PF e 10 da Força Nacional de Segurança, foram parar no hospital, que não tem médico, por conta de intoxicação alimentar provocada por comida contaminada. A carne consumida no local, por exemplo, não tem procedência e tão pouco onde ser armazenada.
TRABALHO — Na terra Surumu e em Pacaraima o trabalho dos policiais consiste em acompanhar a situação de longe. Em turnos de 6 horas durante 24 horas do dia eles revistam veículos tanto na entrada da reserva quando na fronteira com a Venezuela. A medida tem o objetivo de não deixar circular armas na região.
Mas antes de iniciarem o trabalho os policiais tiveram um curso de 4 dias — Controle de Distúrbio Civil — para atuar na desocupação da área ou na manutenção da paz entre indígenas e arrozeiros que estão na terra. Ocorre que não há escudos para todos os policiais que fizeram o curso e uma das armas não letais que deveria ser usada nestas operações está vencida. Sim, o famoso spray de pimenta foi comprado em 2004 e venceu em dezembro de 2007.
Esse detalhe, somado as precariedades as quais estão submetidos os policiais mostram o grau de amadorismo usado no planejamento, logística e execução da operação Upatakon. Não há camas, não há comida decente, não há alojamento, não há médico. O resultado de tudo isso se reflete na moral dos policiais.
O caos não para por aí. Segundo apurou a Fenapef, até o momento 22 policiais, 12 da PF e 10 da Força Nacional de Segurança, foram parar no hospital, que não tem médico, por conta de intoxicação alimentar provocada por comida contaminada. A carne consumida no local, por exemplo, não tem procedência e tão pouco onde ser armazenada.
TRABALHO — Na terra Surumu e em Pacaraima o trabalho dos policiais consiste em acompanhar a situação de longe. Em turnos de 6 horas durante 24 horas do dia eles revistam veículos tanto na entrada da reserva quando na fronteira com a Venezuela. A medida tem o objetivo de não deixar circular armas na região.
Mas antes de iniciarem o trabalho os policiais tiveram um curso de 4 dias — Controle de Distúrbio Civil — para atuar na desocupação da área ou na manutenção da paz entre indígenas e arrozeiros que estão na terra. Ocorre que não há escudos para todos os policiais que fizeram o curso e uma das armas não letais que deveria ser usada nestas operações está vencida. Sim, o famoso spray de pimenta foi comprado em 2004 e venceu em dezembro de 2007.
Esse detalhe, somado as precariedades as quais estão submetidos os policiais mostram o grau de amadorismo usado no planejamento, logística e execução da operação Upatakon. Não há camas, não há comida decente, não há alojamento, não há médico. O resultado de tudo isso se reflete na moral dos policiais.
Muitos não receberam diárias, outros foram deslocados para uma operação e quando chegaram ao local descobriram que iam para Roraima. Vários deles chegaram ao estado sem as vacinas básicas e tiveram de tomá-las por lá mesmo o que é um perigo.
Com isso o número de federais que querem juntar as coisas e dar meia volta é grande, mas como missão é para ser cumprida todos permanecem lá firmes e trabalhando pelas próximas semanas.
O diretor de Relações do Trabalho da Fenapef, Francisco Carlos Sabino que está na região avalia a situação vivida pelos federais como degradante. Para ele, a responsabilidade por este quadro caótico é da coordenação da operação. "Se não tem condições de coordenar que peça para sair daqui", diz Sabino.
Com isso o número de federais que querem juntar as coisas e dar meia volta é grande, mas como missão é para ser cumprida todos permanecem lá firmes e trabalhando pelas próximas semanas.
O diretor de Relações do Trabalho da Fenapef, Francisco Carlos Sabino que está na região avalia a situação vivida pelos federais como degradante. Para ele, a responsabilidade por este quadro caótico é da coordenação da operação. "Se não tem condições de coordenar que peça para sair daqui", diz Sabino.
Francisco Sabino ressalta também que acredita que o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa não deve estar informado sobre os problemas enfrentados pela PF em Roraima. "O diretor-geral foi agente federal e sindicalista e acredito que ele não saiba dessa situação, porque se soubesse certamente já teria feito algo".
O diretor de Relações de Trabalho diz que é importante que outros policiais que por ventura sejam convocados para a operação fiquem atentos. "Antes de vir é preciso garantir todas as condições de trabalho e o pagamento das diárias", diz.
O diretor de Relações de Trabalho diz que é importante que outros policiais que por ventura sejam convocados para a operação fiquem atentos. "Antes de vir é preciso garantir todas as condições de trabalho e o pagamento das diárias", diz.
Fonte: Fenapef
COMENTO: Eis a vantagem dos servidores civis em relação aos militares das Forças Armadas. Ao enfrentarem dificuldades, há quem se interesse em cobrar soluções aos seus dirigentes. É só mais um pouquinho de pressão sindicalista e essa "missão" será repassada ao Exército! Quem no Brasil além dos militares que lá servem ou serviram, tem ideia das dificuldades enfrentadas pelos integrantes das diversas guarnições dispersas na Amazônia? Pior: quem se interessa em minorar essas dificuldades? Pior ainda: quem se interessa por qualquer coisa??? Será que o gerador de energia em pane — "descoberto" na visita que o "gen érico" e a mãe do PAC fizeram a um Pelotão isolado na Amazônia — já foi consertado? Duvido!! Estão certos os sindicalistas da Fenapef ao cobrarem condições mínimas de trabalho para seus companheiros! Afinal, como se ouve muito nos quarteis: "quem paga a missão, dá os meios"! Pena que essa retórica castrense não se reflita na prática!.
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