sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

A Explosão da Sede do Serviço Secreto Colombiano — 30 Anos Atrás

O atentado de 6 de dezembro de 1989 tinha como alvo o General Miguel Maza Marques, mas matou sessenta pessoas e feriu outras quinhentas, sem alcançar seu objetivo.
O contexto do fato se conheceu quase trinta anos depois.
Imagem: El Colombiano
O Atentado
Quinhentos quilos de dinamite de amônia, detonados nove andares abaixo, provocaram apenas um estremecimento que empurrou a cadeira do general Miguel Maza Márquez, diretor do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), e fez com que o piso ficasse coberto com pedaços de reboco e vidro de segurança. 
Fora do escritório blindado, no entanto, a imagem era diferente: eram 7h37 da manhã de 6 de dezembro de 1989 e no cruzamento da Carrera (Avenida) 28 com a Calle (Rua) 18A em Bogotá, no bairro Paloquemao, havia ocorrido o mais forte ataque explosivo da história da Colômbia. Sessenta pessoas morreram e 600 ficaram feridas. Documentos dos arquivos dos tribunais, cuja sede era vizinha do DAS, caíam como uma chuva de papel sobre a rua, onde 34 carros que passavam foram reduzidos a esqueletos em chamas e uma cratera de 4 metros de profundidade por 13 de diâmetro arrematavam a cena de um campo de batalha.
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Poucos segundos antes da detonação, o local central do buraco gigante era ocupado por um ônibus modelo 1986 da Companhia de Aqueduto de Bogotá, de placas SB6765, roubado uma semana antes por membros do cartel de Medellín, que planejavam o ataque sob as ordens de Pablo Escobar e de Gonzalo Rodríguez Gacha, também conhecido como “el Mexicano”. 
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Mas o alvo, Maza, deixou ileso o escritório às 7h45 e começou a descer pelo que restava do prédio, entre escombros e corpos. No caminho — ele contou à agência Colprensa —, encontrou o corpo de uma de suas secretárias. Às 8 da manhã, o ministro do governo, Carlos Lemos, enviou uma mensagem pela linha direta que ele mantinha com o presidente Virgilio Barco, em visita oficial ao Japão: "Maza está vivo". Era o segundo ataque de que o general se salvava naquele ano. Em maio, 100 quilos de dinamite explodiram na passagem de seu carro blindado na esquina da Carrera 7ª com a Calle 57, também em Bogotá. Sete transeuntes morreram.
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Neste segundo ataque, "Los Extraditables" — o grupo criminoso criado por Escobar para fazer guerra contra um julgamento nos EUA — usaram em frente à sede do DAS cinco vezes mais explosivos, mas em vez de matar Maza, apenas multiplicaram o número de vítimas. Muitos ainda estavam sob os escombros às 9 da manhã, quando Pilar Lozano, uma repórter do El País da Espanha, chegou ao local e viu a rua transformada em um purgatório de almas com dor que murmuravam: “Não quero olhar, não quero ver minha família despedaçada". Um homem que passava viu os jornalistas reunidos e gritou para eles: "Digam que odiamos os narcotraficantes". Essa rejeição popular foi retomada por Maza horas depois, quando ele deu suas declarações à imprensa: "Esta é uma guerra contra o povo colombiano", disse ele.
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"Temos que seguir adiante até acordar desse pesadelo." O despertar do palestrante demorou quase 30 anos e acabou tomando seu lugar na história. Naquele dia 6 de dezembro, ninguém duvidava que Maza fosse o maior inimigo do cartel de Medellín, mas isso mudou em 24 de novembro de 2016, quando ele foi condenado pelo Supremo Tribunal de Justiça por ter colaborado — em uma aliança tripla entre o DAS, o narcotráfico. e as Forças de Autodefesa de Magdalena Médio — com o assassinato do candidato liberal Luis Carlos Galán, em 18 de agosto de 1989. Só então ficou claro até que ponto os atingidos pela bomba naquele dia, desprotegidos fora do gabinete blindado do general, desconheciam a guerra pela qual morreram.

Ligações de Maza com o crime
A Suprema Corte destacou, em sua sentença, a relação entre o então diretor do DAS, Miguel Maza, com Henry Pérez Durán, comandante das Forças de Autodefesa do Magdalena Médio. Segundo os depoimentos recolhidos na decisão, Maza acusou Pérez de "trabalhos sujos" relacionados ao combate dos guerrilheiros em sua área de influência. Por sua vez, o diretor do DAS colaborou não perseguindo Pérez. Na prática, isso serviu de ponte entre dois inimigos: Maza e Pablo Escobar, por sua relação com o cartel de Medellín.
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O Sobrevivente — William Ortiz González
Aos 10 anos, ele soube que tudo ao seu redor poderia acabar subitamente. Que, qualquer dia, enquanto esperava o café da manhã, por exemplo, as paredes poderiam desabar, os vidros saltarem de suas janelas e o barulho das sirenes e os gritos se tornarem o único som audível.
Foi em 6 de dezembro de 1989. William esperava em uma lanchonete por sua mãe, María Elena, que havia ido a duas quadras dali para deixar sua bolsa em seu escritório no prédio do Departamento Administrativo de Segurança (DAS).
Em algum local, entre o prato colocado sobre a mesa e a bolsa deixada na cadeira, 500 quilos de dinamite explodiram. Tudo mudou do lugar onde deveria estar: os objetos saíram das prateleiras, as mesas viraram, os corpos voaram e aterrissaram, vivos ou mortos, em outro lugar. William levantou-se e caminhou os dois quarteirões que o separavam do prédio do DAS, apenas reparando a cratera de 4 metros no chão, olhando para a porta pela qual, para ele, todas as pessoas do mundo saíam, exceto a sua mãe. Ele demorou a reconhecer a mulher transfigurada pelos escombros que apareceu entre a multidão. Ambos se aproximaram, primeiro em silêncio e andando, depois correndo e gritando, até se estreitarem como nunca antes. O que fazer depois daquele abraço? O que acontece no instante imediatamente após o fim do mundo conhecido? Naquele dia, William e Maria Elena deixaram o palco da guerra, pegaram um táxi e chegaram à casa deles. Mais tarde, ela foi ao hospital e soube que, embora uma viga a tivesse protegido de receber a onda de choque principal, uma parte da pressão entrara em seus ouvidos, danificando completamente um e 50% do outro. O dano a William foi diferente. O que o ataque lhe tirou foi a confiança elementar de que o que o rodeia permanecerá de pé, a tranquilidade de viver sem esperar um estouro. Seu fardo, diz ele, é suficiente para acrescentar o rancor. "Há muito tempo perdoei Pablo Escobar, e a Popeye", diz ele. “Se eu os visse, a única coisa que exigiria seria que olhassem para mim, que me vissem nos olhos".
Fonte: tradução livre de El Colombiano

Por esses fatos, em 1994 um juiz condenou Guillermo Alfonso Gómez Hincapié a 8 anos de prisão e a 9 anos de cárcere a Eduardo Tribín Cárdenas, as pequenas penas foram produto de benefícios pela política de colaboração com a justiça.
Segundo as investigações, Gómez tinha uma relação afetiva com uma secretaria do DAS e teria aproveitado essa situação para fazer espionagem para a mafia. Enquanto que Tribín foi contratado por Gómez para alugar o imóvel no sul de Bogotá, onde armazenaram os explosivos usados no atentado.
Isto foi o que sobrou do chassi do ônibus utilizado no atentado. 
Foto:   arquivo El Tiempo
Posteriormente, Carlos Mario Alzate Urquijo, vulgo "Arete", jagunço de Pablo Escobar condenado pelo ataque ao avião da Avianca, ocorrido uma semana antes ao do DAS, assumiu sua responsabilidade no atentado à sede do órgão.
Alzate Urquijo, foi condenado a 20 anos pelo atentado à Avianca, mas também obteve benefícios por sua colaboração com a justiça e foi libertado em 27 de novembro de 2001. Ao sair da prisão de Itagüí, Antioquia, um sicário o atingiu com dois tiros. Hoje, ‘Arete’ estaria vivendo na Espanha.
Fontes da Fiscalia (Procuradoria) indicaram que atualmente não há nenhuma investigação por este atentado.

Os autores intelectuais: mortos
A investigação aponta como um dos autores intelectuais dos fatos a Pablo Escobar, que financiou o atentado com o qual buscava matar Maza Márquez. Na época, as investigações do próprio DAS sobre o ataque mostraram que Pablo Escobar destinou 1.000 milhões de pesos (cerca de um milhão de reais) para aquele atentado. Escobar foi abatido pela Polícia em 2 de dezembro de 1993 em Medellín.
Também é assinalado outro chefe do cartel de Medellín, Gonzalo Rodríguez Gacha, o 'Mexicano', que contratou o traficante de explosivos no Equador para fornecer ao cartel de Medellín a dinamite utilizada nos atentados em questão. O 'Mexicano' foi abatido em Coveñas, Sucre, em 15 de dezembro de 1989.
John Jairo Arias Tascón, o Pinina, jagunço de confiança de Escobar e um dos chefes do bando ‘los Priscos’, também está citado neste caso. Ele manejava as contas de Escobar desde onde saiu o dinheiro para financiar o ataque ao edifício do DAS. A Polícia abateu o vulgo 'Pinina' em 14 de junho de 1990.
Por último, as autoridades indicaram Gonzalo Chalo Marín, que era integrante do cartel de Medellín e se encarregava de transmitir as ordens de Escobar para realizar atentados com carros bomba. Morreu assassinado em princípios de 1990.
A explosão deixou uma cratera de mais de 10 metros de diámetro. 
Foto:  Arquivo/El Tiempo
O avião pequeno
"Sabíamos que o DAS e seu diretor eram duas das obsessões de Escobar", lembra um funcionário importante da agência que concordou em revelar informações sigilosas, desde que seu nome não seja divulgado.
Por meios técnicos e fontes humanas soubemos que Escobar queria atentar contra o general Maza usando uma aeronave pequena. O escritório do Diretor ficava no 9º andar e, ainda que fosse blindada, era o jeito mais certeiro para causar a sua morte”, explica.
E segue:O plano se frustrou porque apesar de terem localizado pacientes terminais, dispostos a morrer em um atentado em troca de uma boa quantia, nenhum era piloto”.
Escobar, então, optou por reforçar o chassis de um ônibus — identificado com os logos da empresa de Acueducto y Alcantarillado (Água e Esgotos) de Bogotá, previamente roubado — o qual foi carregado com os 500 Kg de dinamite. E encarregou a Jhon Jairo Arias Tascón, vulgo Pinina, seu assassino de confiança, para que executasse o plano terrorista.
O ônibus-bomba explodiu de maneira controlada, enquanto rodava, o que confirma que o condutor morreu junto a civis e membros do DAS. Mas nunca ninguém soube quem conduziu o veículo, e em alguns casos foi difícil identificar os mortos.
A identificação dos cadáveres se tornou penosa e devastadora. Um par de famílias receberam somente pequenos cofres simbólicos do que seriam os restos de seus defuntos.
Vários dos feridos terminaram com lascas de madeira — e vidro — incrustados em seus corpos ou com lesões internas, produto dos golpes secos que receberam contra as paredes como consequência da onda expansiva da explosão.
Dez quadras ao redor resultaram praticamente destruídas. As instalações e edificações da chamada zona industrial de Paloquemao — na Calle 19, um par de quadras acima da Carrera 30 — começaram a desabar, e até escritórios do complexo judicial vizinho foram atingidos. Se calcula que pelo menos 300 empresas tiveram que encerrar suas atividades pelos efeitos do ato terrorista, assim como 30 corporações financeiras.

Mas o alvo de Escobar sobreviveu.
Destruíram o edifício, mas não os homens que trabalham no DAS”,  disse  à imprensa Manuel Antonio González, um dos chefes de segurança, após percorrer os 11 andares do prédio destruído.
Imagem: Arquivo de El Tiempo
Diana Margarita Fonseca, uma secretaria designada à Interpol, se salvou por segundos de morrer, junto com o filho que esperava.
No entanto, a bela mulher, coroada como rainha da simpatia do DAS alguns anos antes, esteve vários meses atrás das grades.
Descobrimos que seu parceiro era Guillermo Alfonso Gómez Hincapié, o mesmo que havia ajudado a alugar o galpão onde havíamos encontrado a dinamite: estava a serviço de Escobar, recorda o funcionário.
E acrescenta que é falso que Carlos Castaño — então lugar-tenente de Escobar e depois chefe paramilitar — tivesse dado informação sobre a localização do galpão: “Tivemos que fazer vigilâncias no bairro por dias. Nessa época, Policia Judiciária, técnicos em explosivos e a Inteligencia do DAS, fazíamos turnos de 24 horas”.
Outro dos ‘duros’ da Inteligencia disse a El Tiempo a única certeza é a de que Castaño obteve informação privilegiada de gente de dentro do DAS e que a pode ter entregue a Escobar para o planejamento deste atentado e o do avião da Avianca, uma semana antes.
Se suspeita que foi assim que souberam que César Gaviria planejava viajar a Cali usando voo comercial.
Alberto Romero Otero, diretor de Inteligencia do DAS, admitiu ante a Fiscalia (Procuradoria) que o informante de codinome Alekos, que informava dados sobre o cartel, era realmente Castaño. Mas seus homens asseguram que Romero era incorruptível e que cortou a comunicação com Alekos quando soube que o informante era Castaño.
Calcula-se que para executar o atentado foram movimentados cerca de 40.000 milhões de pesos da época, por meio de treze contas bancarias.
Gonzalo Rodríguez Gacha, vulgo el Mexicano, foi quem se encarregou de adquirir a dinamite por intermédio de Julio César Riofrío Orozco, um cidadão equatoriano. Este trouxe a explosiva carga desde seu país e a introduziu na Colômbia pela fronteira com Equador; seguiu até Medellín e finalmente chegou a Bogotá.
Gómez Hincapié, companheiro da linda secretaria do DAS, recebeu 10 milhões de pesos pelo trabalho sujo e criminoso e, depois de jurar que a ex-Rainha Simpatia não havia tido nada que ver com o episódio, conseguiu que a pusessem em liberdade.
A ele, um juiz regional de Antioquia condenou a oito anos de cárcere e a seu cúmplice, Eduardo Tribín Cárdenas, a 9 anos e 8 meses. As ridículas penas obedeceram a os benefícios previstos no Decreto 2047 de 1990 e a que ambos colaboraram com suposta informação sobre os atentados de Escobar.
Por isso, ninguém duvida que o sujeito que apareceu morto em 3 de julho de 1998, identificado como Guillermo Hincapié, um empregado do mafioso Leonidas Vargas, é o mesmo do ataque ao DAS.

‘Los Magníficos’
Na instituição se falava que um grupo de seus melhores agentes, conhecidos como ‘Los Magníficos’, se dedicou a vingar o atentado, em uma espécie de ponto de honra.
Só posso dizer que ajudamos a capturar a vários sicários de Escobar, incluído o vulgo 'el Zarco'. Recordo que naquele dia a camioneta do DAS deu pane, e o bandido zombou de nós dizendo que seu patrão sim metia grana na guerra contra o Estado. E sobre o mito das atuações dos ‘Magníficos’ só posso dizer que sempre será 'segredo profissional', disse o funcionário sobrevivente.
Fonte: tradução livre de El Tiempo
COMENTO: de tudo o que foi relatado, fica a lição de que nunca é demais o cuidado no trato com Informantes não pertencentes aos quadros de um órgão de Inteligência, para não fornecer dados ao invés de obtê-los. Pequenas indiscrições sempre se transformam em dados significativos nas mãos de bons analistas adversários. A vaidade de mostrar-se "bem informado" quase sempre é paga com grandes decepções. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

O Silêncio do Populismo

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Imagem da Internet
por Renato Sant'Ana
Ela era mulher, negra, jovem e estava mais para pobre que para classe média: recebia o modesto salário em parcelas e atrasado. Marciele Renata dos Santos Alves, 28 anos, policial militar, foi assassinada em ação, no enfrentamento com uma quadrilha no Vale do Rio Pardo, RS.
O que vão dizer agora os "coletivos" que se julgam detentores de mandato para falar em nome das mulheres, dos negros e dos pobres? Cadê o ruidoso (e "fake") ativismo dos direitos humanos?
Quando a vereadora Marielle Franco foi assassinada, um crime repulsivo, claro, em poucas horas, graças à mobilização frenética de certos "movimentos" e com o auxílio inestimável da extrema-imprensa, viu-se a mais agressiva tentativa de provocar comoção e de construir um mito.
Ela morreu na noite de 14/03/2018 com seu motorista, Anderson Gomes. Duas horas após o fato, segundo Rute de Aquino (O Globo, 17/03/18), "eram registrados 594 tuítes por minuto". Até parecia que os "movimentos" estavam de plantão a espera de um cadáver.
Levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV/DAPP), apurou que, das 21h de 14/03/18 (logo após o crime) às 10h30min de 16/03/18, para efeito de impulsionamento de conteúdo nas redes sociais (um truque de manipulação), foram usados 1.833 robôs nos tuítes publicados sobre a morte da vereadora.
O resultado foi considerável. Embora ninguém conhecesse a motivação nem a autoria do crime, em menos de 12 horas, já havia pessoas por todo o país que, jamais tendo ouvido falar no nome dela, se sentiam de luto e até apontavam culpados. E, claro, como esponjas, absorviam o conteúdo subliminar das "narrativas" de redes sociais.
Naqueles dias, inumeráveis crônicas e artigos lembraram o caso da juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros numa emboscada em Niterói.
Tudo para dizer que a comoção pela morte de Marielle foi muito maior.
A juíza, nos últimos 10 de seus 47 anos, mandou para a cadeia cerca de 60 bandidos da Baixada Fluminense ( inclusive policiais e milicianos).
Seu nome entrou numa lista de 12 pessoas que o crime organizado
pretendia executar. Ela, sim, foi testada em sua coragem. E jamais recuou. Patricia Acioli passou à história como "juíza linha dura".
Mas para Samira Bueno, então diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, "Se alguém carregava em si toda a representação do que é a vulnerabilidade gerada pela violência, essa pessoa era ela [Marielle]", isso porque era mulher, negra, de origem simples, "militante" dos direitos humanos e lésbica.
Patricia Acioli não era essa polivítima. Logo, não servia para, de uma só tacada, propagandear as agendas que a esquerda roubou das mulheres, dos negros, dos pobres, dos homossexuais, etc.
A comparação entre Patrícia e Marielle foi um tiro que saiu pela culatra, servindo para desmascarar o planejado "culto à personalidade" da vereadora e o propósito populista desse expediente.
Cada vez mais, mulheres, negros, homossexuais e pobres do país rejeitam a credencial de vítima que a esquerda lhes oferece.
E é cada vez mais ampla a consciência de que bondade, egoísmo, dignidade, estupidez, respeito e propensão ao abuso nada têm a ver com sexo, cor da pele nem classe social.
E a isto chegamos: hoje, apesar da tremenda mobilização inicial e de o nome de Marielle seguir sendo usado a torto e a direito pela mídia amestrada, por estudantes de passeata e assemelhados, a invenção de um Che Guevara de saia não vingou.
De Marciele Renata dos Santos Alves, sabe-se que não vai interessar a "movimentos" populistas. Era uma mulher de ação. Não incorporava o vitimismo. E deu iniludíveis provas de coragem.
Como disse o governador Eduardo Leite, Marciele "Levou ao limite o seu juramento colocando a própria vida em risco para proteger a sociedade."
Ela tem o reconhecimento e a homenagem desta coluna, porque seu exemplo ilumina e inspira.
Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.
E-mail: sentinela.rs@uol.com.br
Fonte:  Blog do Políbio Braga