quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O Espião Mais Indiscreto da França

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Bernard Barbier, o homem que causou reboliço na Comunidade de Inteligência francesa
Bernard Barbier era tido como o cidadão francês que guardava em seu cérebro os segredos mais inconfessáveis do país. Até este sábado (3/9/16). O mito do personagem mais importante dos serviços de informação da França acabou no chão. Resultou ser o espião mais indiscreto no lugar mais inesperado. O chefe da espionagem exterior entre 2006 e 2014 contou em sua antiga escola como espionou a China, o Canadá e a Espanha; e que Washington grampeava as comunicações de autoridades do Elysee; além de como enviou um Comando francês para matar jihadistas na Mauritânia
Ao se ver no antigo púlpito na Escola Superior de Engenheiros "Centrale Supélec", rodeado de jovens nos mesmos lugares em que estudou, Barbier se desinibiu. Foi no passado mês de junho. Indagado por vários alunos, contou até o que não devia. E se esqueceu de uma regra elementar para um espião: sempre há a possibilidade de estar sendo gravado. Assim foi, e o vídeo acabou nas mãos de um jornalista do diário Le Monde, que publicou a história. 
Como chefe da Direção Geral de Segurança Exterior (DGSE), Barbier criou em 2008 um serviço de captação massiva de dados na Internet, equivalente à NSA norte americana. Um ano depois, talvez para provar sua eficacia, lançou um ataque mundial de pirateamento informático. Entre seus objetivos, organizações iranianas relacionadas ao programa nuclear de Teerã, mas também computadores de autoridades na Espanha, Grécia, Noruega, Argélia, Costa do Marfim e Canadá.
Foram agentes deste último país os primeiros a lançar suspeitas de que a origem do hackeamento massivo estava na França. "E efetivamente, era a França", confessou agora Barbier ante o estupor dos que agora comprovam a inusitada indiscrição de um dos personagens mais poderosos do país.
Contou, também aos hipnotizados alunos que já faz anos que seus espiões estavam "bem conscientes" de que os jihadistas preparavam ataques terroristas contra interesses franceses. Em 2013, por exemplo, seus especialistas e ele mesmo escutaram "interceptações de franceses na Síria, falando a seus familiares e referindo-se claramente a seus projetos de vir a França ..."
Antes disso, em 2010, ele soube que um grupo de islamitas radicais preparava um atentado contra a Embaixada da França na Mauritânia. Os terroristas estavam em um acampamento no deserto e Barbier indicou aos Comandos das Forças Especiais francesas como chegar até eles. "Foram eliminados ao despertarem. Em sinal de agradecimento, o chefe da Equipe de Operações me ofereceu um dos Kalashnikov tomados dos jihadistas".
Outra indiscrição, desta vez tendo os estadunidenses como vítimas. Em 2012, colaboradores diretos do então presidente Nicolas Sarkozy foram espionados por meio de seus computadores. Foi descoberto que, cada vez que entravam no Facebook, e de forma totalmente imperceptível, seus computadores passavam a ser controlados por um hacker.
Em 12 de abril de 2013, e por ordem do já presidente François Hollande, Barbier viajou aos Estados Unidos seguindo a pista dessa espionagem. Ele conta que, ao final de uma reunião com Keith Alexander, chefe da NSA entre 2005 e 2014, escutou uma confissão inesperada. "Estávamos em um ônibus e ele me disse que se sentia decepcionado porque pensava que jamais os detectaríamos. E acrescentou: vocês também são muito bons ..."
Assim, efetivamente, Barbier, criador do ciber exercito francês, contou para aqueles jovens que poderiam ser seus netos que a França é hoje "a primeira potência de espionagem técnica na Europa continental", mas que, em relação ao número de habitantes, "os melhores são os suecos". "Os italianos são ruins. Os espanhóis são um pouco melhores, mas não possuem meios". 
Na hora de dar notas por países, Barbier concluiu com um torpedo dirigido a Londres: Os britânicos, com 6.500 agentes de seu serviço eletrônico, são fortes, ¿mas são europeus?”.
(internacional.elpais.com)
Fonte: tradução livre de Fuerzas Militares

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