domingo, 26 de abril de 2015

Castigo ou Ressocialização

por Óscar Henao Mejía
Me pergunto se o problema dos centros penitenciários no país é assunto de pouca monta para os políticos e líderes do Governo. Nas duas últimas décadas se vem anunciando medidas radicais que não logram materializar-se. Quem sabe não rendam tantos votos como se esperava.
As queixas permanentes, tanto dos recluídos quanto de seus familiares, relatam quadros dantescos que prometem mais danos que soluções. Denunciam graves deficiências em infraestrutura, iluminação, higiene, serviços sanitários, água potável, alimentação, e até mesmo condutas corruptas por parte dos membros de sua guarda. Não é outra a explicação dos motivos da venda de privilégios, o uso indevido de aparatos de comunicação, o ingresso de drogas, armas, e a cumplicidade nas fugas. Até dormir em um colchão sujo ou receber os raios do sol são assuntos de negócio nesses lugares de asfixiante amontoamento de gente.
Muitos passam pelo drama, reprovado pela Anistia Internacional, do confinamento solitário, que em alguns chega a desencadear o fenômeno da inseguridade ontológica - ficam isolados por tanto tempo, que duvidam de sua própria existência, e, existem mas sequer sabem onde estão -. Outros, vítimas de cartéis de falsos testemunhos, advogados sem ética ou da desesperante lentidão processual, padecem o pesadelo da detenção preventiva. Sua tragédia, que pode durar muitos anos, se agrava com o confinamento indiscriminado daqueles que protagonizaram transgressões menores com os que cometeram delitos atrozes, o que gera o efeito colateral das "cátedras para delinquir" que funcionam nos centros penitenciários.
Cabe nos perguntarmos, então, se nas condições subumanas reiteradamente denunciadas, que em muitas vezes levam até ao suicídio, são possíveis as alternativas de reabilitação e socialização. Sem condições respeitosas de dignidade humana, é impossível pretender a expectativa de ressocialização. A estadia humilhante em um centro carcerário gera psiquismos ressentidos. Contrariando a pretensão de uma saída para o exercício de melhores condições de cidadania; se devolve à sociedade sujeitos desadaptados e humilhados. Aqueles que delinquem se desvinculam do sentido de comunidade. Em outras palavras, eles desertam, de fato, de sua condição de cidadania. O sentido da reabilitação é devolve-los ao ser social, ao ser coletivo, à capacidade produtiva e à sensação de autoestima.
Não há alternativa entre reclusão e socialização. Irrefutavelmente devem ocorrer as duas coisas. A reclusão sem ressocialização se converte em um buraco sem fundos de recursos públicos, porque significa a perda de cidadãos íntegros em troca de sujeitos desadaptados. O sistema carcerário custa muito para que seus resultados acelerem a deterioração da sociedade e não o fortalecimento da comunidade. Sabemos que é a educação que pode favorecer o desenvolvimento dos países e, possivelmente, nenhum outro ponto possa ser mais urgente para a reivindicação dos que saíram dos cânones estabelecidos para a sã convivência. Falta um projeto no qual essas pessoas, com acompanhamento de especialistas, possam ter uma experiência construtiva.
Mais que aumentar o número de penitenciarias, o desejável é que em nosso país cada vez se necessite menos de vagas carcerárias. Para isso é que tem que apontar a cultura cidadã, a criação de oportunidades para todos e o saneamento dos mecanismos de justiça. O exemplo a seguir é o que nos apresentam os países nórdicos, especialmente a Finlândia, onde em função do espírito de comunidade que desenvolveram, os cárceres já não são tão necessários. Lá, a balança pesa mais para o lado da ressocialização do que para o lado do castigo.
Fonte:  tradução livre de El Colombiano
COMENTO: o texto expressa o otimismo do seu autor colombiano em relação à situação carcerária em seu país. Em um país que, apesar da desgraça promovida pelos narcobandoleiros (que contam com o apoio dos governos ditos bolivarianos, inclusive o brasileiro) a cultura popular é elevada, é possível sonhar com a equiparação aos padrões nórdicos. Já no caso brasileiro o buraco é mais embaixo. Um país com a economia, a educação, as condições de cidadania destroçadas não permite aos seus cidadão sonharem com uma atenção especial a seus presos. Por aqui, sequer temos condições de manter os condenados em reclusão, quanto mais pensarmos em ressocialização. Que fazer? Como solução, não sei, mas penso que para, pelo menos proporcionarmos uma retomada no sentimento de segurança social, nos resta seguir o caminho inverso das sociedades mais desenvolvidas. Investir na criação de mais vagas em presídios, dando ênfase à punição em uma tentativa de desincentivo à criminalidade. Muitas mães brasileiras ainda devem chorar!
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quarta-feira, 22 de abril de 2015

O Exército, Desde Caxias, É de Caxias!

por Ivan Fontelles
O Coronel Moézia relatou:
“Lembro-me perfeitamente, que no já distante ano de 1957, quando ingressei no Exército, na Escola Preparatória de Cadetes de São Paulo, era comum ouvir os Tenentes instrutores quando queriam nos incentivar, nos estimular, nos encorajar diante de uma situação ou um obstáculo de difícil transposição usar os seguintes argumentos:” 
Vamos aluno, vamos em frente, o EB precisa de homens agressivos, corajosos, destemidos, obstinados, com vergonha na cara, nas suas fileiras, não de merdas! Vocês estão chegando aqui para nos envergonhar? Este Exército é de Caxias ou vocês pensam que ele é de Carmem Miranda?
Pois bem, vi recentemente um vídeo no Facebook em que o Ministro da Defesa em companhia dos três Comandantes das FFAA concedia uma entrevista a imprensa. Num dado momento uma repórter fez uma pergunta abordando declarações do lula, do stédile e suas implicações com a Segurança Nacional. Como a resposta não satisfez, a repórter insistiu na pergunta e o Ministro respondeu de maneira ofensiva e mal educada, atingindo diretamente os Comandantes militares presentes e abandonou intempestivamente a entrevista, deixando para trás os três militares.
Fiquei pasmo com o que vi. O safado não teve a menor consideração, a menor cerimônia em fazer aquela desfeita. Os Comandantes ficaram com a cara de bunda, engoliram o insulto, enfiaram a viola no saco e foram embora.

O Coronel Moézia relatou: “Lembrei-me de imediato de uma passagem no Rio Grande do Sul quando servi no antigo III Exército, no Rio Grande do Sul, comandado pelo Gen Edson Boscacci Guedes, cognominado “O último caudilho”, Cavalariano da melhor estirpe, de linha duríssima.
Fomos convidados para uma cerimônia na Assembleia Legislativa gaúcha onde o Exército seria homenageado. Num dado momento um Deputado discursando e fazendo referencias à Revolução de 1964 disse algo que o General não gostou por considerar suas afirmações mentirosas e ofensivas. Levantou-se interrompendo a alocução do Deputado aos gritos, mandou que o Deputado calasse a sua boca e disse que pensou que nós iríamos ser homenageados e não ser ofendidos e ordenou a todos nós que abandonássemos o recinto e assim o fizemos. Alguns de nós conseguimos dar um jeito de chegar perto do Deputado e demos-lhe uns solavancos uns pisões, uns chega para lá, nada que ele não pudesse aguentar. 
Puxa, que alegria, que vibração a gente ver naquele General, aquele nosso Comandante, confirmar com todas as letras as palavras daquele Tenente que sessenta anos atrás havia proferido:
“Vamos seus merdas! Este Exército ainda é de Caxias e não de Carmem Miranda!”
Depois de assistir vídeos como esse citado, é que devemos afirmar a eles, conscientemente!!!!
 Comandantes: O nosso Exército é de Caxias! Jamais os apátridas o mudarão! O nosso Exército nunca estará à serviço do comunismo ateu representado por bandeira de cor vermelha que significa o Sangue e o Suor da Gente Brasileira que eles, os apátridas, querem ver jorrar para a garantia da natureza corrupta do PT que deseja perpetuar-se no poder, caso o usurpasse desavergonhadamente.
Vida longa à minha PÁTRIA querida VERDE E AMARELA, SOB A ÉGIDE ORDEM E PROGRESSO!
Coronel Ivan Fontelles
Recebido por Correio Eletrônico
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domingo, 19 de abril de 2015

Dia do Exército Brasileiro

por Ney de Oliveira Wasak

Nós somos da Pátria a Guarda”
“Fiéis Soldados”
Quão feliz é esta afirmação na canção do Exército, principalmente sabedores que o povo brasileiro confia em nós, conforme pesquisa amplamente divulgada.
Dia 19 de abril, dia do Exército Brasileiro, celeiro de tradições forjadas em Guararapes e que se perpetua através dos tempos, com participação marcante nos principais momentos da nossa história.
Lembremo-nos de Guararapes, onde uma eficiente luta de emboscadas, foi o expediente usado pelo povo em armas, para derrotar o poderoso invasor. Ali, derrotados por índios, negros e brancos, os holandeses perderam mais que duas batalhas, perderam o Brasil e a América do Sul.
Conforme afirmou Marechal Mascarenhas de Morais:
– “…forjou a Força Armada do Brasil e alicerçou para sempre a Nação Brasileira”.
Todas as vezes que foi necessário, tanto internamente quanto em lutas externas, nosso Exército se mostrou a altura, sendo conduzido por homens do quilate de Caxias e outros que se seguiram.
As lutas pela Independência, no período de 1825 a 1828 e também a Guerra do Paraguai, onde se apresentaram vários heróis de nossa Marinha e do nosso Exército.
Nossa República foi proclamada pelo insigne Marechal Deodoro da Fonseca.
Em 1935, o grupo chefiado por Luís Carlos Prestes recebeu a missão de implantar no Brasil uma ditadura comunista. Ordens vieram de Moscou para que o PCB (Partido comunista Brasileiro) agisse o mais rápido possível. Luís Carlos Prestes cumpriu a ordem e desencadeou o movimento armado que vitimou centenas de pesoas. A chamada intentona comunista, que de maneira covarde matou quem estava dormindo, foi derrotada pelo Exército.
Na II Guerra Mundial, nossa Força Expedicionária Brasileira (FEB), mostrou ao mundo a coragem e a generosidade de nosso soldado, que até hoje é homenageado em terras italianas. Quando necessário a “Cobra Fumou”, quando a população solicitava recebia a ajuda.
Em 1964 a Nação em vias de se tornar uma ditadura comunista, exigiu que o Exército Brasileiro se apresentasse para o socorro do Brasil; a população, a Igreja e os jornais foram os porta-vozes do Brasil e o Exército não se omitiu e promoveu a Redentora de 31 de março de 1964.
Após a Contrarrevolução de 64, os comunistas não satisfeitos, iniciaram luta armada, usando a tática de guerrilha e terrorismo, uma luta suja aprendida na China, Coréia e Cuba. Praticaram assaltos a bancos, furtos, sequestros de pessoas e aviões, explosões de bombas em áreas públicas e outras ações terroristas, tudo isso para tomar o poder. Novamente coube às Forças Armadas, em particular ao Exército, agir e o fez com o ímpeto e coragem adequada derrotando o inimigo.
Magnânimo o governo militar, por decisão própria, anistiou os brasileiros que pegaram em armas contra o Brasil, permitindo o seu retorno e ocupação de cargos políticos.
Infelizmente, os apátridas da década de sessenta, permaneceram apátridas, usando de propaganda tentam modificar a história, mentindo para o brasileiro. Esses terroristas galgaram os maiores cargos políticos, com os quais tentam novamente fazer do Brasil uma ditadura comunista, não com voto, mas com manipulação da urna eletrônica.
A preparação comunista tem origem em 1935, e desde 1990 com a criação do foro de São Paulo, para agregar os partidos de esquerda da América Latina, com o objetivo de criar a república bolivariana e a União das Repúblicas Socialistas da América Latina. O atual governo do PT, corrupto, participa, propaga e defende o referido foro.
Não tenho autoridade para falar pelo Exército Brasileiro, mas conhecendo sua estrutura, tenho a certeza que o inimigo já foi identificado, bem como sua estrutura, efetivo e localização. O chamado exército de Stédile, a comando do apedeuta, composto de haitianos, cubanos, venezuelanos tenha certeza que no momento adequado serão desmantelados e derrotados, novamente.
O Brasil pode ter certeza que o Exército, que ocupa cada recanto de nosso território, nunca trairá o seu povo, o Exército nascido em Guararapes, composto de brancos, negros e índios é a verdade do Brasil em armas.
Hoje nos congratulamos com o Dia do Exército Brasileiro, e apesar das dificuldades impostas por ações revanchistas, estamos todos, na reserva ou na ativa, prontos a cumprir os desígnios do País e, se chamados, cumprirmos nossa missão.
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terça-feira, 14 de abril de 2015

O Motivo do Ódio

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Uma simples pesquisa na internet colocou a descoberto o motivo do imenso ódio nutrido por grande maioria de profissionais jornalistas, professores e "intelectuais" aos promotores da Contrarrevolução de 1964. Sentimento esse repassado a seus discípulos que sem nem mesmo saberem sobre seus reais motivos o alimentaram e reproduziram.
Não parece incomum o fato do Contragolpe de 1964 ter sido incentivado e apoiado pela grande maioria da população, com ampla divulgação favorável por parte de toda a imprensa — com exceção, é claro, dos pasquins sindicalistas comunistas — e logo depois passar a ser execrado pelos "formadores de opinião" em uma perseguição antimilitarista que se prolonga até hoje, alcançando até mesmo as Polícias Militares?
Pois a explicação para esse fato foi exposta recentemente.
Uma simples e justa Emenda Constitucional, a de nº 9 de 22 de julho de 1964, inverteu o apoio dos “intelectuais” brasileiros (jornalistas, professores e escritores) que passaram a hostilizar os militares, corroborando o esforço das “minorias esquerdistas” (socialista e comunistas) para chegarem ao Poder.
“Ditadura Militar”, “Anos de Chumbo”, “Redemocratização”, Caras Pintadas” “Comissão da Verdade”, Collor, Sarney, FHC, Lula e Dilma, enfim, tudo está explicado!
Este é um dos segredos mais bem guardados pelos nossos professores de história, beneficiados que eram.
A ponto de os novos militares, jornalistas, professores de história e escritores de hoje — de modo similar aos macacos da experiência da escada e e o chuveiro frio — repetirem o processo de execração dos primeiros sem nem mesmo saberem o que o motivou.
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 1934, tratando "Dos Direitos e das Garantias Individuais",  previa em seu artigo 113, inciso 36:
"Nenhum imposto gravará diretamente a profissão de escritor, jornalista ou professor."
Na Constituição de 1937, a Constituição do Estado Novo, o assunto não é citado, mas na de 1946, que restaurou alguns dos direitos suprimidos no governo ditatorial de Getúlio Vargas, pode-se ler em seu artigo 203:
"Nenhum imposto gravará diretamente os direitos do autor, nem a remuneração de professores e jornalistas."
Por 30 anos foi uma farra de sonegação de impostos. Algumas faculdades chegavam a vender diplomas de jornalista  “até arcebispo era jornalista.” [1]
Porém, logo depois de assumirem o governo, os militares patrocinaram a Emenda Constitucional nº 9, com cerca de uma dúzia de alterações. Ela foi aprovada 81 dias depois de apresentada e uma de suas alterações se tornaria o maior erro deles. O artigo 203 da Constituição passou a ter a seguinte redação:
"Nenhum imposto gravará diretamente os direitos do autor, nem a remuneração de professores e jornalistas, excetuando-se da isenção os impostos gerais (art. 15, número IV)."
E o que diz o Art 15, nº IV? 
Art 15 - Compete à União decretar impostos sobre: ... 
IV - renda e proventos de qualquer natureza;
Assim, a EmC nº 9 passou a obrigar todo escritor, professor e jornalista deste país a pagar imposto de renda, algo que nenhum destes fazia desde 1934.
Jornalistas também não pagavam imposto predial [2], imposto de transmissão [2]imposto complementar [3], além de ter isenção em viagens de navio, transporte gratuito ou com desconto nas estradas de ferro da União, e 50% de desconto no valor das passagens aéreas e nas casas de diversões. [4] e [5] 
Devido a estas isenções na compra de casa própria, a maioria dos jornalistas tinha pesadas dívidas, e a queda de 15% nos seus salários causou sérios problemas financeiros e familiares.
Some-se a inflação galopante que se seguiu, o baixo crescimento do PIB, e a soma disto tudo levaria uns 10 a 15 anos para jornalistas, escritores e professores recuperarem o padrão de vida que tinham antes do duro “golpe” financeiro que os militares causaram.
Assim, com esta medida os militares de 1964 antagonizaram, em menos de dois meses de poder, toda a elite intelectual deste país, obrigando pela primeira vez jornalistas, escritores e professores a pagarem Imposto de Renda, a serem cidadãos responsáveis e solidários.
Antagonizaram aqueles que até hoje fazem o coração e as mentes das novas gerações.
Estes, obviamente, se revoltaram imediatamente. Afinal, “A maior parte da grande imprensa participou do movimento que derrubou o Presidente João Goulart e foi, sem dúvida, um dos vetores de divulgação do fantasma do comunismo”, conforme João Amado – Os Jornalistas e o Golpe de 1964:
“Grande parte dos jornalistas que tiveram suas crônicas coletadas para este livro, Alceu de Amoroso Lima, Antônio Callado, Carlos Drummond de Andrade, Carlos Heitor Cony, Edmundo Moniz, Newton Rodrigues, Otto Lara Resende, Otto Maria Carpeaux, entre outros, foram aqueles que logo se arrependeram do apoio dado ao golpe. ... “Jornalistas que apoiaram o golpe de 64, antes dele fazer aniversário, já eram adversários do regime que ajudaram a instalar”, ... “Ao perseguir figuras que nada tinham de comunistas ou subversivas, eram apenas liberais e até apoiaram o golpe, a ditadura, por assim dizer, perdia a razão.” afirma Thereza Cesário Alvim.[6] 
Óbvio. Quem se considera superior, a ponto de não pagar imposto de renda, não é socialista muito menos comunista. Verdadeiros comunistas são contra uma sociedade de classes, privilégios classistas, e renda mal distribuída para algumas classes.
Exigir que todos paguem Imposto de Renda não é perseguição, é justiça social.
Mas notem que Amado, professor de História, considera ter que pagar imposto de renda uma “perseguição” classista.
Antônio Calado, professor, escritor e professor escreveria:
O Golpe foi certo, mas seus desdobramentos errados”.[6]
Calado se tornou um de seus grandes opositores, um ano depois.
Enquanto IPI e ICMS pagos pelas empresas servem para financiar infraestrutura, estradas, portos, etc., é justamente o imposto de renda que usamos para reduzir a pobreza, cuidar dos inválidos, pagar o Bolsa Família.
Nenhum jornalista, professor ou escritor, nem mesmo os de “esquerda” escreveram ao longo dos 30 anos de regalia, um artigo sequer contra este privilégio que desfrutavam.
Dispensar jornalistas cegos, professores paraplégicos, escritores com deficiências mentais de pagar imposto de renda seria mais do que justificável, afinal são estes que merecem ajuda para poderem competir com jornalistas, professores e escritores de posse de tudo que é necessário para serem autossuficientes do estado.
Mas é justamente o imposto de renda que nossos intelectuais brilhantemente conseguiram burlar, e por sinal reclamam até hoje.
Em 2013, a Revista Exame da Editora Abril, comentou esta isenção da seguinte forma.
A isenção (infelizmente) foi revogada em 1964, por meio da Emenda Constitucional nº 9 de 22 de julho de 1964.
Infelizmente para quem, cara pálida?
Alberto Dines, do Observatório de Imprensa, em 2012 comentou:
Getúlio, muito inteligentemente, atuou para melhorar o padrão social do jornalista. A legislação do Getúlio deu grandes vantagens.[7]
Em discurso no dia do Professor na Associação do Ensino Superior, conclama:
Os professores mais antigos devem sentir saudades dos tempos em que os professores eram realmente respeitados e valorizados, como acontecia, por exemplo, durante a vigência da Constituição Federal de 1946, artigo 203.
Mas, por que os militares foram tão burros, segundo Alberto Dines, de se indispor justamente com a imprensa?
Por que foram adotar esta medida logo no início, quando ainda estavam com outros problemas para resolver, e não somente uns 10 anos depois?
Duas possibilidades.
Uma é que este privilégio classista estava na garganta de todo militar, advogado, médico, enfermeira, bombeiro, policial, pela sua hipocrisia e pelo seu abuso onde até arcebispo estava sendo beneficiado.
A segunda hipótese, é que Castelo Branco de fato pretendia ficar 18 meses, somente até o fim de mandato de João Goulart. E queriam corrigir algumas coisas antes de saírem. Este por exemplo.
Como resultado, os prejudicados julgaram que os militares traíram justamente quem os havia inicialmente apoiado.
E não há ninguém mais odiado neste país que um traidor.
Não é de se espantar que passado 50 anos os militares continuem sendo perseguidos por comissões da verdade, reportagens, e tudo o mais possível, apesar dos militares hoje serem outros.
Prever o passado é um exercício fútil, mas se os militares tivessem sido mais maquiavélicos, não teríamos a reação contrária que surgiria logo depois, quando o imposto de renda de fato começou a ser cobrado.
Se os militares fossem de fato desonestos, como jornalistas, professores de história e escritores não param de divulgar, eles provavelmente teriam simplesmente se incluído nesta lista classista.
Os poucos jornalistas de direita da época, assim como boa parte da sociedade, ficaram mudos e inertes.
Já os jornalistas de “esquerda”,  sem perda de tempo passaram a influenciar toda uma nova geração de jornalistas contra os profissionais da caserna.
E essa súbita mudança de tom dos jornalistas, professores de Sociologia, História, Política e Ciências Sociais, pode ter assustado a ala mais radical do Exército, tendo sido um dos fatores que os levaram a não devolver o poder como Castelo pretendia, permanecendo nele por 21 anos.
Para encerrar, uma sugestão para os militares se redimirem e reerguerem a imagem do Exército e das Forças Armadas, seu orçamento e capacidade de combater o narcotráfico internacional e outros problemas: acho que deveriam propor a volta do artigo 203.
E desta vez, para garantir que ele nunca mais seja revogado, incluir a classe de militares, já que ética no Brasil não vale para nada.
Nenhum imposto gravará diretamente a profissão de escritor, jornalista, professor, militar, médico, enfermeiro, bombeiro e policial.” 
Algo para os jovens militares, jornalistas, médicos, enfermeiras pensarem.

OBSERVAÇÕES:
[1] O Luto dos Jornalistas: "Em Santa Catarina, antes da regulamentação, todo mundo era “jornalista”. Queriam os privilégios da isenção do Imposto de Renda e desconto de 50% nas passagens aéreas. Até o arcebispo tinha carteira de jornalista."
[2] Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - 1946 - Art 27 – Durante o prazo de quinze anos, a contar da instalação da Assembleia Constituinte, o imóvel adquirido, para sua residência, por jornalista que outro não possua, será isento do imposto de transmissão e, enquanto servir ao fim previsto neste artigo, do respectivo imposto predial.
[3] Lei nº 986, de 20 Dez 1949, que alterou a Lei nº 154, de 25 Nov 1947.
[4] Jânio de Freitas:  “Até a década de 60, os jornalistas gozaram do privilégio, por exemplo, de não pagar Imposto de Renda e de só pagar 50% das passagens aéreas. Uma das consequências, para citar uma de tantas, era o grotesco princípio de gratidão que proibia publicar-se o nome da companhia de avião acidentado.
[5] Alberto Dines: "O Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro era uma agência de viagens. Era uma corrupção tremenda."
[6] ALVIM, Thereza Cesário. O golpe de 64: a imprensa disse não. Civilização Brasileira, 1979.
[7] DINES, Alberto. Eles Mudaram a Imprensa. 2003. Pg. 169
Fonte:  adaptado do Blog do Kanitz
citado no Blog do Lício Maciel
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domingo, 5 de abril de 2015

Cidadão, Esse Cara é Você

por Carlos Brickmann
Dizem que, quando Maria Antonieta, rainha da França, soube que o povo se revoltava pela falta de pão, perguntou: "E por que não comem brioches?" Pouco tempo depois, perdeu o trono, a liberdade e a vida. 
Os poderosos se isolam e não entendem por que, quando não há comida em casa, os pobres não almoçam num bom restaurante. Nas manifestações, ficou clara a rejeição a tudo isso que está aí. E como reagem nossos poderosos?
A Petrobras, em crise, propõe o aumento do salário de seus diretores em 13%, para algo como R$ 123 mil mensais. Pode ser pouco diante do que se paga em empresas do mesmo porte; mas, diante da situação, parece deboche. No ano passado, os salários da diretoria já haviam subido 18%, contra 6,4% de inflação.
O Supremo Tribunal Federal cancelou todas as sessões nesta semana. Com isso, o inquérito sobre Jader Barbalho, por peculato, acabou. Está prescrito.
A Câmara Federal nomeou quatro deputados para visitar o então ministro da Educação, Cid Gomes, no Hospital Sírio-Libanês. Suas Excelências iriam conferir a avaliação médica do Dr. Roberto Kalil. Custo: R$ 6.500. Não é muito? Talvez. Mas qual a utilidade do passeio? Provar que um dos melhores hospitais do país estava errado? Que é que o deputado André Fufuca entende disso? E quem é que disse que se pode visitar um paciente sem autorização dele e do médico?
Lula, que, solidário, manteve os condenados do Mensalão no PT, disse: "Hoje, se tem um brasileiro indignado sou eu, indignado com a corrupção."
Pois é.
Ninguém me ama
Talvez nesse profundo desprezo pela opinião pública - que, diga-se, não é exclusivo da presidente - esteja a raiz da rápida queda da popularidade de Dilma. Datafolha e Ibope encontraram números parecidos: 12% aprovam seu Governo, 64% o reprovam. 
É muita gente contra! E 74% não confiam na presidente. 
Ninguém me quer
Até as piadas de salão, as mais comportadas, se aproximam do achincalhe. Uma está na coluna de Cláudio Humberto. "Como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, vai passar a Semana Santa no Exterior, a pergunta que não se cala: é Dilma quem assume o poder?"
De fracasso em fracasso
A decisão de admitir o debate sobre maioridade penal (hoje, abaixo dos 18 anos, o tratamento para infratores é diferente), tomada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, tem o objetivo único de impor mais uma derrota a Dilma e a seus aliados. A redução da maioridade penal tem sua lógica - se uma pessoa com 16 anos sabe votar, também sabe se está agindo corretamente; e vira reivindicação sempre que há um crime violento envolvendo menores. Mas, no fundo, não funciona. Com maioridade aos 16 anos, criminosos de 15 serão dimenor, e assim por diante. Além disso, se já não há prisões suficientes nem para adultos, onde colocar os adolescentes? Mas também não há lógica em deixar de isolar de alguma maneira aqueles que, de qualquer idade, sejam violentos. 
A discussão é outra, bem mais complexa; envolve, como nos Estados Unidos e Inglaterra, uma decisão judicial, que considere o infrator capaz ou não de diferenciar entre o bem e o mal. O problema é que, para derrotar Dilma, uma medida como essa pode ser aprovada como se fosse uma solução - e, sozinha, solução não é.
Me resta o cansaço
Da coluna de Lauro Jardim: "Antes do encontro com o diretório nacional do PT (...) em São Paulo, Lula teve uma reunião mais reservada, com um círculo mais próximo a ele. Nesta conversa mais íntima, não é que Lula tenha falado mal de Dilma. Falou horrores."
Mudando de conversa
Seja qual for a opinião do caro leitor sobre as manifestações, uma coisa é certa: ninguém gritou lemas em favor da reforma política ou do financiamento público de campanhas eleitorais. O povo pode ser surpreendentemente sábio: a principal fonte de corrupção das campanhas não é o financiamento público ou privado (o primeiro-ministro alemão Helmut Kohl caiu quando descobriram que recebia, além do financiamento público de lei, farto financiamento privado em caixa 2). O problema é o custo das campanhas. Num Estado como São Paulo, um candidato a deputado estadual sem núcleo fixo de eleitores vai gastar uns dois ou três milhões de dólares, percorrendo 645 municípios. Tem de buscar esses recursos em algum lugar; e quem o auxilia não o faz por puro espírito público.
A solução é criar algum tipo de voto distrital, em que as campanhas sejam feitas em regiões menores, onde o candidato já seja conhecido, a custo bem mais baixo. É difícil? É: os atuais parlamentares se elegeram pelo sistema atual. Por que irão mudá-lo, para correr o risco de enfrentar campanhas mais difíceis?
Aquele papo furado
Já se dá muito dinheiro público aos partidos - do fundo partidário, R$ 1,5 bilhão, ao horário eleitoral, que as emissoras, usando tabela cheia, descontam do Imposto de Renda. Não tem sentido estimular mais gente a viver às custas do Tesouro. 
E não há quem queira, sem retorno, pagar a campanha dos outros.