quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O General Que Enfrentou Hitler

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Este é o General Dietrich von Saucken. Como se pode perceber, ele é literalmente um arquétipo do General Prussiano, imagem reforçada por seu monóculo.
 16 Maio 1892 - 27 Set 1980
Durante a I Guerra Mundial, ele foi ferido sete vezes em combate, sendo por isso altamente condecorado. A serviço do Exército Alemão, ele esteve por algum tempo na Rússia, onde aprendeu o idioma local.
Ele atuou em diversas batalhas da II Guerra Mundial, sendo condecorado mais algumas vezes (Cruz de Cavaleiro da Cruz de Ferro - 6 Jan 1941); com Folhas de Carvalho (22 Ago 1943); Espadas (31 Jan 1944); e Diamantes (8 Mai 1945), adquirindo a fama de tentar salvar o máximo possível de seus comandados.
Em Fevereiro de 1945, após 35 anos de leais e relevantes serviços, ele foi demitido por expressar sua opinião de que era inútil continuar a guerra.
Um mês depois, ele foi reintegrado - era um General muito bom para não ser aproveitado. Hitler convocou Von Saucken ao seu 'bunker' e lhe deu a ordem: defender a Prússia (o centro da Alemanha) contra o avanço da Rússia.
À sua chegada, olhares nervosos foram trocados entre os auxiliares diretos de Hitler, que parecia não perceber o desprezo que Von Saucken demonstrava abertamente contra ele.
O General agia de forma casual, portando sua espada de Cavalaria (o que era proibido na presença de Hitler), e havia saudado apaticamente o Führer, deixando de fazer a saudação nazista que era obrigatória a todos os oficiais frente a Hitler, desde o ano anterior.
Von Saucken olhava seu chefe com indisfarçável aversão. Hitler falou de forma calma: "e você vai se reportar ao gauleiter Forster" (gauleiter = o líder nazista local).
Isto não combinava com Von Saucken. Um General Prussiano receber ordens de um chefete partidário?
Von Saucken lançou um olhar fulminante a Hitler. Sua expressão facial parecia dizer: "sai fora, Cabo".  Hitler não percebeu, ele olhava seus mapas sobre a mesa.
Hitler estudando mapas da Russia em Outubro de 1941 - via Bundesarchiv
Dietrich Von Saucken inclinou-se sobre a mesa e bateu fortemente sua mão nela. Isto chamou a atenção de Hitler.
Von Saucken o olhou nos olhos e disse: "Eu não tenho nenhuma intenção, Herr Hitler, de receber ordens de um gauleiter!"
Imagino que se poderia ouvir a queda de um alfinete na sala. Fegelein (General da Waffen-SS e concunhado de Hitler) havia sido morto por muito menos que isto. Von Saucken estava claramente se rebelando - recusando uma ordem direta de Hitler e menosprezando-o ao tratá-lo como Herr Hitler e não como os regulamentos determinavam, "Mein Führer". 
Houve silêncio por algum tempo. Então Hitler falou em voz baixa: "Tudo bem, Saucken, você será o seu Comandante". E acenou para que o General se fosse.
Von Saucken fez um arremedo de continência (e novamente sem fazer a saudação nazista), virou as costas para Hitler e saiu, para nunca mais se verem.
O que mais espanta nesta história é que Hitler, o homem que os homens temiam desobedecer ou desagradar, simplesmente cedeu quando confrontado por um homem melhor que ele. E na frente de sua equipe de assessores. Se houvesse mais homens como Von Saucken, um pirralho preguiçoso, sem talento e choramingão como Hitler poderia ter sido interrompido antes de destruir seu país.
Von Saucken comandou seus homens com correção até o último dia da Guerra. Foi determinado que ele deveria deixar a Prússia em um navio quando começou a evacuação dos alemães, mas ele preferiu continuar lutando e enviou seus subordinados feridos em seu lugar.
Pouco antes do fim, um avião foi enviado para que ele escapasse de ser capturado pelos russos. Ele se recusou a abandonar seus subordinados, e enviou de volta o avião, com soldados feridos em seu lugar.
Em 8 de Maio, quando houve o final oficial da Guerra na Europa, ele recebeu sua última condecoração, e foi o último alemão condecorado na Guerra.
Como era previsível, os russos o trataram cruelmente. Ele já devia imaginar o que aconteceria, quando recusou-se a abandonar seus comandados. As torturas físicas que os russos lhe infligiram o colocaram em cadeira de rodas para o resto de sua vida.
Após dez anos de cativeiro, Dietrich Von Saucken foi repatriado e aposentou-se, indo morar na Baviera onde dedicou-se à pintura.  
Ele foi um conservador, e provavelmente um nacionalista. Ele não fez parte de grupos de resistência e não há registro de seu envolvimento com os conspiradores de Von Stauffenberg (Claus Philipp Schenk, Graf von Stauffenberg foi um coronel alemão da II Guerra Mundial, autor de um dos atentados da resistência alemã contra Adolf Hitler em 1944); assim, sua esfinge nunca ilustrará algum selo alemão.
Mas eu acredito que ele é a melhor representação do tradicional Cavalariano Germânico, e que se o restante das Forças Armadas alemãs fossem compostas por homens como Dietrich Von Saucken, não teriam ocorrido crimes de guerra, nem crimes contra a humanidade, e possivelmente sequer a II Guerra Mundial.
Acredito, ainda, que se o Estado Maior alemão na I Guerra Mundial fosse constituído por homens como ele, meu país - o Reino Unido - seria uma colônia alemã desde 1918.
Originalmente escrito por Nigel Mountford em Quora reproduzido com permissão. 
Bibliografia:
    - Beevor, A. Berlin the Downfall: 1945
   - Boldt, G. Hitler’s Last Days: An Eye-Witness Account

Fonte:  tradução livre de War History Online
COMENTO: esse relato sobre um militar que tinha uma atuação correta e o  singelo fato de não ter aceito uma determinação que reputava indigna, demonstra que mesmo os piores exemplares da humanidade pressentem quando estão frente a homens de honra, e não se animam a enfrentá-los. Fatos como este, aqui relatado, é que fazem a diferença entre Chefia e Liderança!
Cavalaria!
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2 comentários:

Anônimo disse...

A Segunda Guerra começou com a "paz" de Versalhes. Ignorar isso é má fé ou ignorância. E só essa informação mata todo o texto e principalmente a parte que diz "não teriam ocorrido ... sequer a II Guerra Mundial".

A Wehrmacht também tinha seus Lamarca.

"Acredito, ainda, que se o Estado Maior alemão na I Guerra Mundial fosse constituído por homens como ele, meu país - o Reino Unido - seria uma colônia alemã desde 1918." Sabe absolutamente nada, nada, nada. Texto triste, manipulador.

Garivaldino Ferraz - Brasília disse...

Oi comentarista Anônimo. Desculpe-me demorar em te responder. Em primeiro lugar, fico grato por tua leitura de todo o texto. Talvez tenha te passado despercebido que eu somente publiquei uma "tradução livre" de um texto escrito por um britânico. Portanto a opinião sobre a II GM são dele. Não concordo que o texto seja triste e manipulador. Me dei ao trabalho de traduzi-lo e publica-lo somente para retratar a atitude que entendi ser bonita, de um sujeito aparentemente pedante, mas que guardava duas qualidades natas de um Líder: a preocupação para com seus comandados e o orgulho de ser um profissional militar. Virtudes raras nos dias atuais. Só isso. Sem mais, espero que continues a me dar a honra de tua atenção.