domingo, 11 de novembro de 2012

Novidades do (des)Governo Gaúcho

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Nesta quinta-feira (8/11) de manhã o secretário da Fazenda do RS, Odir Tonnollier, mandou lançar os valores reais da retirada do caixa único de outubro, que foi de R$ 205 milhões, elevando os saques do ano para R$ 821 milhões, o que confirma tudo o que o editor vem postando desde o início de 2012.
Os saques totais a descoberto irão para R$ 5,641 bilhões.
Através de outras fontes, mas sobretudo trabalhando em cima dos dados diários administrados pelo economista Darcy Carvalho dos Santos, é possível manter a previsão de que o déficit deste ano deverá ser R$ 1,3 bilhão e até mais do que isto.
O governo estadual é do PT, que no RS não gosta de conjugar verbos como “poupar”, “economizar” ou “cortar”, mas apenas “gastar” (leia a nota a seguir sobre a segunda estatal que o governador Tarso Genro quer criar), como se o governo gerasse riqueza e não tivesse limitações graves de ingressos de recursos.
O Déficit Zero conquistado em 2008 pela governadora Yeda Crusius acabou transformado neste déficit descomunal de R$ 1,3 bilhões deste ano.
Trabalhar com déficit sobre o total do que entra e do que sai no dia a dia do Tesouro, significa menos obras no Estado, que vive um apagão delas desde o início do atual governo — sem perspectivas de melhora.
Enquanto tudo isto ocorre, o governador afasta-se temerariamente pela terceira vez do Estado desde o início do ano, desta feita por 15 dias, promovendo viagens geralmente pouco úteis, como esta sua segunda ida a Cuba em apenas oito meses. Factoides sobre negociações para a atração de uma fábrica de automóveis movidos a energia elétrica enchem as páginas dos jornais, mas não melhoram o cenário conjuntural desfavorável da economia gaúcha, que este ano registra sua pior recessão em uma década.

2. Desordem ameaça finanças públicas no RS

São cada vez maiores as evidências de que o governo gaúcho está às portas de uma gravíssima crise financeira. O editor tem informado neste espaço que o déficit deste ano chegará a pelo menos R$ 1,3 bilhão, cálculo a que também chegou o economista Darcy Francisco Carvalho dos Santos. O governo atual não soube manter a herança bendita do Déficit Zero e agora convive com o Déficit do Bilhão, voltando às nefastas práticas de má gestão financeira do setor público estadual, o que impede os pagamentos regulares ao funcionalismo e aos fornecedores, como impede sobretudo a melhoria dos serviços públicos (mais e melhores equipamentos) e qualquer forma de investimento.
Os saques no caixa único, que nos últimos três anos do governo Yeda tinham sido congelados, soma neste momento R$ 821 milhões. O valor foi atualizado esta semana por ordem do secretário da Fazenda.
Os saques totais a descoberto irão para R$ 5,641 bilhões.
Aos poucos a opinião pública toma conhecimento de que o administrador do governo estadual, o governador Tarso Genro, prossegue seu périplo interminável e desnecessário entre Havana, Paris e Lisboa. O roteiro permitiu tietagens ideológicas intermináveis aos líderes comunistas e socialistas Fidel Castro, Hollande e Mário Soares.
Já se sabe que não apenas fornecedores passaram a queixar-se de atrasos nos pagamentos, mas até mesmo áreas enormes do setor público não conseguem mais receber em dia. As 2.572 escolas que passaram a contar com autonomia financeira a partir do governo Yeda Crusius, não receberam os R$ 5,8 milhões a que tinham direito no dia 31 de outubro. As explicações da secretária adjunta da Educação, Maria Eulália, são uma gracinha:
 O atraso é uma questão de fluxo de caixa. Não há crise.
O que, na vida, não é uma “questão de fluxo de caixa”? O problema é entender que o fluxo de caixa não percorreu seu cronograma porque não foi provido por má gestão.
E isto que nem chegou a hora da onça beber água, ou seja, nem chegou a hora de pagar o 13º salário. O que se sabe é que não há “fluxo de caixa” capaz de suportar o pagamento.

3. Balanço melancólico de uma missão empresarial sem sentido ao paraíso tropical do atraso, Cuba.

Somente lembranças poéticas infanto-juvenis sobre a revolução cubana e a indisfarçável opção pelo modelo ditatorial imposto aos cubanos pela dinastia comunista castrista, podem justificar a insistência do governador Tarso Genro por meter uma missão de 60 membros na aventura de viajar a Havana para fazer negócios impossíveis.
Neste domingo (4/11), enquanto os sub-representantes do governo estadual e alguns empresários gaúchos do segundo time permaneceram em Cuba para participar da melancólica Feira Internacional de Havana, Tarso Genro pegou o avião mais próximo e resolveu refugiar-se em Paris, onde permaneceu até o dia 9, pelo menos, cumprindo um programa que nem mesmo o Palácio Piratini consegue descrever.
Nem Tarso Genro consegue ficar muito tempo em Cuba, sem depois tomar um banho de civilização em Paris.
Os jornalistas que foram com o governador a Cuba, não foram convidados a acompanhá-lo na programação de Paris. Aliás, os jornalistas que foram a Havana pouco falaram sobre a total falta de liberdade em Cuba, sequer sobre os dissidentes e os prisioneiros políticos — sobre o desrespeito aos direitos humanos. 
Cuba é o 30º parceiro comercial do RS  algo como nada. No ano passado, o comércio bilateral envolveu US$ 180 milhões, algo como três dias da arrecadação estadual do ICMS. O governo gaúcho comemorou como enorme conquista a possibilidade de investimentos cubanos de US$ 30 milhões no Estado. Isto não é dinheiro nem para o novíssimo Badesul, a nova agência de desenvolvimento para os assuntos cubanos no RS.
A economia cubana é toda estatizada: nada se compra e nem se vende sem a intervenção estatal. As famílias só compram artigos de primeira necessidade com libreta. Há fila até para comprar sorvete.
As pessoas não possuem renda em Cuba, são pobres e só comem o que consta das suas libretas de racionamento, existentes há 50 anos. 
Apesar disto, o balanço da viagem reúne duas notícias que precisarão de muita coisa para se materializarem:
1) Após um período de negociações, as minúsculas indústrias de produtos e máquinas agrícolas Agrale e Lavrale, representadas por Alexandre Luis Pedó, assinaram uma carta de intenções com o governo cubano para a instalação de uma fábrica de produtos agrícolas e tratores. As perspectivas da empresa, que tem sede em Caxias do Sul, no país caribenho são positivas.
2) Os acordos assinados na sexta-feira para transferência de baixa tecnologia na agricultura, na cultura e na economia solidária, representam uma mistura que ninguém do governo conseguiu explicar, porque é tudo muito atrasado em Cuba. Isto explica também um dos acordos firmados pelo governo gaúcho, exatamente para transferir experiência na área do microcrédito. O Banco Nacional de Cuba vai emprestar dinheiro para quem quiser abrir pequenos negócios — quando, não se sabe. O grosso da atividade econômica vai continuar nas mãos do Estado, sozinho ou associado a empresas estrangeiras que estão sendo incentivadas a se instalar no país. Talvez o único negócio que poderá ir adiante será o do setor de reciclagem de lixo. O RS vai exportar um programa de reciclagem de garrafas pet por cooperativas de catadores e receber em troca informações sobre a reciclagem de papelão, também em sistema cooperativo. Uma troca de experiência de catadores de lixo estará mais de acordo com as possibilidades de reais negócios entre o RS e Cuba. Algo semelhante foi tentado no início deste ano pelo vice-governador Beto Grill no Uruguai. 
 É tudo muito brega, atrasado, disfuncional e sem sentido  e não tem nada a ver com o ritmo atual da economia brasileira e nem corresponde ao Rio Grande que queremos.
As fotos são de missão comercial a Cuba, apanhadas ao acaso, sem a vigilância dos “acompanhantes” cubanos. O prédio do aeroporto e os equipamentos aeroviários, bem como os carros, a moto e a parede pintada com o slogan Pátria o Muerte, dão bem a ideia da paralisia e pobreza existentes no País. Basta adicionar a isto tudo uma ditadura familiar comunista de 50 anos e teremos o retrato fiel do cenário que tanto agradam o governador Tarso Genro e o PT do RS. 

4. A RBS e o governo Tarso passam dados falsos sobre Cuba e RS

Na edição deste sábado (3/11)  do jornal Zero Hora, a editora de Política da RBS, Rosane Oliveira, passou duas informações completamente erradas sobre a área e o PIB de Cuba, que seriam do mesmo tamanho da área e do PIB do RS, tentando justificar a missão chapa branca organizada pelo governador Tarso Genro. Os dados errados também foram usados pelo próprio governador:
   Área
          Cuba – 110,8 mil km²
          RS    – 282 mil km²
   PIB
          Cuba – US$ 51 bilhões
          RS    – US$ 140 bilhões
As populações são semelhantes — algo como 11 milhões de habitantes para cada lado.
Como Cuba poderia ter um PIB igual do RS, se o PIB é a soma de salários, juros, lucros e aluguéis? Os maiores salários de Cuba somam US$ 25 mensais. Que juros haverá lá, se o capital é reduzido e é público? Que lucros haverá, se muito poucas empresas operam ? E aluguéis ? Não há renda e a maioria dos prédios são do governo.
Fonte:  Políbio Braga
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