segunda-feira, 17 de outubro de 2011

País Maluco

por Alexandre Garcia
Vocês lembram da desastrosa reserva de mercado de informática, do governo militar? Pois está de volta, com o protecionismo às montadoras "nacionais", que estavam saudosas do protecionismo de que desfrutaram do fim dos anos 50 até o fim dos anos 80. As carroças daquela época continuam desatualizadas em décadas.
Em 1952, a gente já tinha carro com câmbio automático. Depois, sumiram por aqui. Agora anunciam como novidade. O ABS, que já tem 33 anos de uso, e o air-bag, usado há 26 anos, só protegem a vida de brasileiros que compram carros estrangeiros. Como me disse Silvano Valentino, quando era presidente da Anfavea, há 15 anos, falando sobre o cinto de segurança sem regulagem nos carros populares: é uma vergonha que a indústria automobilística brasileira não proteja a vida de quem a sustenta.
Pressionado pelas montadoras locais e pelo sindicato dos Metalúrgicos de Lula, o governo, que foi contra o protecionismo na reunião do G20, implantou um IPI francamente protecionista. E o comprador brasileiro que se dane. É para comprar carros que anunciam "direção hidráulica, trio elétrico e ar condicionado" como li na propaganda dos jornais de ontem. Tudo isso se encontra em modelos americanos de 1952, que estão no Museu do Automóvel na estrada entre Gramado e Canela, RS. É para se livrarem do Picanto, entre outros. E o brasileiro vai pagar mais também pelos nacionais, quando as marcas daqui se sentirem protegidas da concorrência.
Imagem do Coturno Noturno
E por ai vai a maluquice. O Ministro da Educação ainda acredita que o futuro do mundo é o socialismo, mesmo sabendo o que o socialismo fez com a Grécia, Portugal e Espanha. A manifestante chilena vai a Brasília e prega escola privada sem lucro e nós achamos que isso é possível. Das 20 escolas privadas do Rio, 19 ficaram com os primeiros lugares no ENEM. E em mil, mais de 900 das piores, são públicas. Uma injustiça social. Quem sabe fecham as escolas privadas e resolvem? Para passar no vestibular, vale a cor da pele e ninguém reclama do racismo e do enterro do mérito.
Para capitalizar empreendimentos, vai-se ao pendura do BNDES. O Eike Batista virou o oitavo rico do planeta oferecendo ações e usando a Bolsa. Nomeia-se Ministro do Turismo o homem que recém havia cobrado do contribuinte uma festa num motel; depois, nomeia-se outro porque é do PMDB e do Maranhão; não por que seja um expert em turismo. Na capital do país, gasta-se um milhão e meio de reais para fazer festa dos mil dias da Copa que, na verdade, vai ter apenas 30 dias. Enquanto isso, em escola de Brasília morre aluno eletrocutado e criança morre por falta de médico em hospital público. E a Copa é meta para o novo ministro do Turismo. Não precisamos de mais automóveis. Precisamos de mobilidade urbana. A Ministra do Planejamento disse que se houver problema de transporte urbano e trânsito em dias de jogos da Copa, decreta-se feriado. País rico pode deixar de trabalhar. Precisa ser internado e com camisa-de-força.
Alexandre Garcia é jornalista em Brasília 
Fonte:  Guia São José
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