segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Do Grito dos Excluídos ao Protesto Contra a Corrupção

por Marcos Pontes
Não só a esquerda, também os famigerados incolores minimizam os atos de protesto que ocorreram em todo o país contra a corrupção que grassa em todos os poderes. Os primeiros por motivos óbvios, os segundos por terem medo de assumir qualquer postura e, para isso, arrumam as mais estapafúrdias e insustentáveis desculpas.
Tirando o PSOL, mais conhecido como o PT-de-ontem, toda a esquerda está apoiando a presidente e sua pseudo-faxina, inclusive parte da que deveria ser oposição, o PSDB. Por estar alinhada com a presidente, participar dos protestos significaria que não está satisfeita com a maquiagem que o governo federal está fazendo enquanto finge que combate os corruptos. Seria o equivalente a dizer que quase nada foi feito. Antes ficar bem com os corruptos do que indispor-se com a falsa faxineira.
O PSOL até tentou, em Brasília, desfraldar suas bandeiras vermelhas, intento frustrado pelos demais participantes. O movimento nasceu suprapartidário e assim deverá manter-se, demonstrando que era um movimento deveras popular e não manipulado por siglas. Os vermelhinhos fizeram beicinho e não desfilaram.
Há nove anos a UNE desfilaria, mas a pensão milionária que recebe dos cofres públicos não desapontaria sua comandante-em-chefe. Fingiu-se de morta e até torceu os dedos para que sua ausência não fosse notada. Não deu certo a reza, se é que comunista reza. Quem tem mais de 30 anos tinha certeza que veria os barbudos e cabeludas, de camisetas fantasiadas com a cara do assassino platino-cubano Che ou batinhas indianas, as indefectíveis bolsas a tiracolo e as sandalhinhas de couro de bode empunhando faixas e esgoelando-se em palavras de ordem. Pouparam-nos desse espetáculo démodé.
As desculpas dos incolores: ah, isso vai dar em nada (pode ser, mas só as pitonisas podem adivinhar); isso é coisa de políticos (e é mesmo, políticos com as melhores intenções, pelo menos até o momento. A melhor espécie de políticos que pode existir, aquele que faz política civil, sem o uniforme maculado dos partidos); eu vou lá deixar de curtir meu feriado pra pegar sol na moleira? (A vida é feita de prioridades. Se sua prioridade é chocar jacaré em casa ou encher o rabo de cerveja à beira d’água enquanto os ratos saqueiam o erário, problema seu, mas não chore mais tarde); isso é coisa de reacionários de direita (esta é dos incolores que fingem-se de vermelhos ou que acreditam que toda a direita é conservadora ou vice-versa. Costumam ser emprenhados pelos ouvidos com uma tendência fortíssima, se não já comprovada, de politicamente corretos). E la nave va...
E já que foi mencionada a direita, parte dela recusou-se a comparecer. A mais bem explicada razão que li foi o artigo do Felipe Moura Brasil, no Mídia Sem Máscara. Alega o nobilíssimo autor que afirmou que ficaria em casa, embora refira-se à manifestação marcada para o dia 20 de setembro, no Rio (imagino que tenha ficado em casa no dia 7).
Para Felipe, o movimento popular, para ser mais incisivo, deveria ter alvos nominados, do tipo Jaqueline Roriz, Renan Calheiros, José Sarney, José Dirceu, ou mais amplo como o PT, o governo federal, toda a classe política... Me permito discordar. Desejando apontar seus petardos para alvos específicos cairia a marcha justamente no erro que ele aponta ter sido cometido: acertar uns, deixando outros bandidos de fora.
Para se começar a tal “primavera brasileira” (anotem aí, se ela vier a ocorrer, a imprensa cunhará este epíteto), primeiro tem que se levar o problema diante dos olhos do populacho desinformado para, só então, combater seus agentes. A verdadeira faxina é paulatina, não esse arroubo presidencial de faz de conta que limpou a Esplanada dos Ministérios, populista e de boa imagem para a mídia genuflexa.

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