quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Parceria OTAN & Al-Qaeda??

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Notícias na imprensa europeia — e árabe — relatam que comandantes rebeldes da Líbia, que estão assumindo o poder no país, têm relação com a Al-Qaeda. É o que o ditador Muammar Kadaffi disse, desde o começo do bombardeio da OTAN em março.
Os países membros dessa força militar gastando bilhões para matar Kadaffi com mísseis aeronavais e agora anunciando a liberação bilhões confiscados do seu regime em vários países, para cair na mão da Al-Qaeda. Pano pra manga.
Entre os mais famosos membros da Al-Qaeda no comando dos rebeldes líbios figura nos jornais Abdelhakim Belhaj, um dos chefes militares dos rebeldes e hoje governador de fato de Trípoli.
Ele foi foi um jihadista. Foi preso pelo serviço secreto americano, há sete anos, por suas atividades terroristas. Na CIA é conhecido como Abou Abdallah al-Sadek, que antes dos ataques de 11 de setembro liderava o Grupo Islamista Combatente Líbio (GICL), que tinha dois campos de treinamento no Afeganistão do Taleban.
O jornal francês Libération, de esquerda, reporta que a inteligência da França atesta que o rebelde foi detido pela CIA, em 2003, na Ásia, e enviado para uma das prisões secretas mantidas pelos EUA na guerra ao terror. Depois, quando Kadafi renunciou ao terrorismo, a CIA entregou Belhaj ao regime líbio, que o manteve preso. Tempo depois, a ditadura na Líbia confirmou que ele e outros jihadistas teriam desistido da guerra santa. E em 2010, Saif al-Islam, filho do coronel Kadaffi, mandou libertá-lo.
Artigo no jornal francês La Croix, questiona se essa renúncia à jihad de fato ocorreu. O autor afirma que foram encontrados líbios do GICL em todas as células da Al-Qaeda. E também o rei saudita, Abdullah bin Abdelaziz al-Saud, num encontro com o presidente do Senegal, Abdoulayé Wade, disse que “Precisamos ter muito cuidado com o Conselho Nacional de Transição da Líbia, ele está infiltrado pela Al-Qaeda."
Quem diria, caças-bombardeiros da OTAN, autorizados pela ONU a jogar bombas na Líbia, dizendo "proteger os civis" do regime de Kadaffi, enquanto os rebeldes apoiados por sua artilharia aeronaval combateram em terra liderados por comandantes da Al-Qaeda. Se for verdade, EUA, França, Inglaterra, Itália, Canadá e outros países ocidentais vão se arrepender de cada tostão que pagaram para a OTAN tentar matar Kadaffi com mísseis. Ainda não conseguiram e o país segue no rumo de implantar tribunais da Al-Qaeda, como os da foto.
Fonte: Trem Azul
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É Proibido Rezar

por Lino Tavares
Muitos dos que, durante o “Regime Militar”, participaram dos movimentos em prol da redemocratização do Brasil jamais poderiam imaginar que, na verdade, estavam ajudando a abrir a porteira larga da politicagem, para que facínoras de todas as correntes ideológicas — e até sem nenhuma ideologia — chegassem ao poder, não para governar, mas para saquear os cofres públicos, como piratas saqueiam um navio à deriva em alto mar.
Hoje, tendo nas mãos as rédeas da nação, os falsos democratas de ontem, não satisfeitos com os dividendos que lhes enchem os bolsos, provenientes da corrupção galopante e ininterrupta que aí está, ditam normas de conduta, limitando direitos líquidos e certos da cidadania, pela prática de uma estranha forma de democracia, que atropela os mais elementares princípios constitucionais.
Apenas para citar um exemplo, abrangente porque se constitui num atentado à religiosidade e ao direito de ir e vir, trago à tona uma deplorável decisão do ministro da Defesa, Celso Amorim, que, segundo foi noticiado, proibiu militares da ativa de participarem de uma missa celebrada recentemente, na Igreja da Cruz dos Militares, no Rio de Janeiro, em intenção às almas de 119 civis e militares que perderam a vida vitimados por atos terroristas perpetrados por grupos de extrema esquerda, que atuavam no Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, objetivando transformar o país numa república comunista atrelada à Cortina de Ferro, liderada por Moscou. Como se rezar pela alma dos que morreram em defesa da liberdade e da soberania da Pátria representasse um ato indigno contra o conceito e a honra das nossas Forças Armadas.
Tal proibição foi um claro atentado à liberdade, configurando mais uma sórdida manifestação de revanchismo contra as nossas instituições armadas, pelos motivos que bem conhecemos, e assemelha-se ao “jeito ‘chavista’ de governar”, numa demonstração inequívoca de que o contestado líder venezuelano, Hugo Chávez, já começa a ser imitado por aqueles que, encastelados no poder, o admiram e o aplaudem, na contramão da opinião pública mundial, que o tem na conta de um déspota travestido de democrata.
Lino Tavares é jornalista, colunista na mídia
gaúcha e catarinense, além de poeta e compositor.
Fonte: GibaNet

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Doleiro Fayed Cobra Fatura de Caixa 2 do Governador Agnelo e Recebe Voz de Prisão

por Mino Pedrosa
A disputa pelo Governo do Distrito Federal nas eleições de 2010 trouxe à tona um processo volumoso de desvio de milhões em verbas públicas na gestão de Agnelo Queiroz no Ministério dos Esportes. O processo, que ainda tramita na Justiça, começou com exploração sexual de crianças e adolescentes, queima de arquivo com assassinato e fechou com um grande escândalo de ONGs fantasmas e está recheado de provas contra o atual governador do DF. Se fosse um filme, poderia se chamar Guerra entre Gangsters.
Agnelo e 
Filipelli
O processo, um dos mais rumorosos dos últimos anos envolvendo autoridades e empresários, teve um agente da Polícia Civil infiltrado na chamada Operação Shaolin, que foi assassinado, segundo a perícia, por alguém com o domínio das artes marciais.
Na campanha de 2010, Agnelo contou com a ajuda de Tadeu Filipelli, vice na chapa que hoje dirige o GDF. O argumento desse filme partiu de um vídeo onde Michael Vieira da Silva, um faz tudo da ONG Instituto Novo Horizonte, aparece no programa eleitoral do adversário Joaquim Roriz reiterando denuncias contra Agnelo e sua turma no Esporte.
Michael explicava, em horário nobre, como eram feitos os repasses de dinheiro desviado dos cofres do Ministério do Esporte e como Agnelo recebia a sua parte do leão.
Abatido, Agnelo contou com a ajuda de Filipelli para montar estratégia para desqualificar Michael, e dar a volta por cima na campanha. Mas, o plano custava dinheiro.
A esta altura do roteiro, só quem tinha dinheiro em espécie, capaz de resolver tamanho problema, era o doleiro Fayed Antoine Traboulsi, muito conhecido nos meandros da política na Capital da República.
Miguel Lucena 
(Codepan)
Rafael Barbosa
(secretário de Saúde)
Naquele momento os responsáveis pela arrecadação de dinheiro para a campanha de Agnelo e Filipelli, através de caixa 2, eram o delegado e ex-chefe da Inteligência da Polícia Civil, Miguel Lucena, e o hoje secretário de Saúde Rafael Barbosa. A mando de Agnelo e Filipelli, os “malas” procuraram Marcelo Toledo e Fayed, a fim de levantar a verba para comprar o depoimento de Marlene Vieira da Silva Santos, tia de Michael, e desqualificar o depoimento do rapaz.
Aí o roteiro do filme passa a esquentar. O doleiro, então, financiou a estratégia de Filipelli e Agnelo através de seu amigo Marcelo Toledo. Na mesa de negociações, ficou acertado que com a vitória de Agnelo e Filipelli a autarquia DF Trans –Transporte Urbano do Distrito Federal e a Corretora de Seguros do BRB, ficariam sob o comando de Toledo, que nomearia as diretorias, enquanto Lucena ficaria com a Secretaria de Segurança Pública.
 Marcelo Toledo
Lucena e Rafael receberam das mãos do doleiro R$ 500 mil na hora, como uma parcela para engordar o Caixa 2 da campanha. O delegado saiu do primeiro encontro e convocou um amigo para testemunhar o pagamento de Marlene. João Dias, o homem que tem o domínio das artes marciais em Brasília, preside a Federação Brasiliense de Karatê e é o suspeito número um na morte do agente da Polícia Civil infiltrado na Operação Shaolin, que desvendou o esquema das ONGs no Ministério dos Esportes.
Dos R$ 500 mil repassados pelo doleiro, Marlene ficou com R$ 200 mil e a promessa de um cargo no novo governo. O vídeo já estava gravado e foi ao ar no programa eleitoral de Agnelo e Filipeli, como contra ataque ao depoimento de Michael.
A operação foi um sucesso. A campanha de Agnelo conseguiu estancar uma série de denuncias que seriam feitas por Michael.
Agnelo e Filipelli, vitoriosos, teriam que cumprir com os compromissos assumidos durante a campanha. O que não aconteceu. Lucena viajou para o exterior para descansar e se preparar para assumir a Secretaria de Segurança. Mas no retorno encontrou outro no seu lugar.
Lucena procurou Toledo e Fayed para chorar as mágoas. Entre uma lamentação e outra desabafou e revelou todo o esquema do Caixa 2 da campanha minuciosamente explicado como operava junto com o já nomeado secretário de Saúde Rafael Barbosa. O assunto era dinheiro. E Fayed e Toledo, experientes, gravaram toda a conversa.
No primeiro encontro, a gravação tem o tempo de 46 minutos. Depois, Toledo e Fayed tiveram mais três encontros com Lucena, todos devidamente registrados.
Lucena então cobrou de Agnelo e Filipelli uma solução. Imediatamente foi nomeado presidente da Codeplan. Aí, o filme mudaria de nome: De volta ao Passado. Lucena passou a ocupar o mesmo cargo de Durval Barbosa, no Governo Arruda. Lembrando também que Durval foi o arrecadador de dinheiro do caixa 2 de Arruda.
Começa o jogo perigoso. Entra em campo outro personagem: Paulo Tadeu, secretário de Governo e responsável pela distribuição dos cargos no GDF. Com Filipelli e Agnelo, Paulo Tadeu resolveu enfrentar Marcelo Toledo e não cumpriu o acordo firmado na campanha, descartou o doleiro e o amigo. Toledo e Fayed procuraram Lucena, o avalista da operação. E começaram a cobrar: os cargos ou o dinheiro com juros e correção. Já não eram mais R$500 mil. Passavam de R$ 3 milhões.
Lucena, Filipelli e Agnelo resolveram montar um flagrante de extorsão e levar Toledo e Fayed pra cadeia. Encontro marcado, Fayed revelou a Lucena que o esquema para montagem do caixa 2 de Agnelo e Filipelli contado pelo delegado estava todo documentado.
Aí, Lucena convocou como testemunha novamente o policial militar e professor de artes marciais João Dias, e sua turma de caratecas para garantir a prisão de Toledo e Fayed no flagrante de extorsão. Mas o que Lucena e João não contavam é que do outro lado havia uma turma de policiais civis para “garantir” a conversa.
João Dias
O bate papo aconteceu no Sudoeste, bairro classe "A" de Brasília, no Café Pães e Vinhos. Ali, Toledo e Fayed cobraram a fatura combinada. Sentados, a conversa começou a esquentar, e Toledo, percebendo que não sairia nem cargo nem dinheiro, com voz alterada ameaçou colocar na rua as gravações que tinha em seu poder. Lucena, com João preparado para o flagrante de extorsão, deu voz de prisão a dupla de cobradores. A confusão estava armada.
Turma de Toledo. ... Turma de João. Policiais e caratecas. ... Começam os empurrões e ... chegam rapidamente as viaturas da PM, como que aguardassem a voz de prisão a qualquer momento. Todos para o 3º Distrito Policial. Na chegada da Delegacia, procuraram Lucena e ele havia fugido.
Toledo e Fayed estavam detidos. João Dias fazia escândalo na Delegacia. No corre-corre, Fayed ainda dentro do carro, uma BMW vermelha, gritava, com sotaque árabe, “estou sendo preso por tentar recuperar meu dinheiro roubado por vocês! Quem tem que ir pra cadeia são vocês!”  Um dos policiais que fazia a escolta de Fayed e Marcelo sacou uma arma e deu fuga para o doleiro.
Dentro da Delegacia, João Dias, vestido de colete de proteção de luta e jeans, gritava e dava ordens para os agentes exigindo a prisão de Toledo e Fayed, e ameaçava telefonar para o secretário de Segurança, Sandro Avelar. O delegado titular, Onofre de Moraes, foi acordado à 1h15 da madrugada para tentar resolver o problema. Onofre disse a João que não poderia fazer a ocorrência policial porque Lucena e Fayed haviam fugido da Delegacia. João Dias revoltado disse ao Delegado que levaria o caso para o Ministério Público e abriria o verbo.
Na manhã seguinte, o delegado Onofre de Moraes se dirigiu ao local onde a voz de prisão foi dada a Fayed e Toledo, em busca de imagens que comprovassem a discussão. Onofre tentou juntar provas para guardar na gaveta, porque sabia que o desenrolar dessa história pode gerar um processo de prevaricação. Portanto, na gaveta do delegado pode estar um Boletim de Ocorrência contando toda a história.
Toda esta cena já tinha se passado no filme do Governo de José Roberto Arruda:  Durval era o arrecadador e caixa 2 da campanha, assumiu a Codeplan, filmou e denunciou todo o esquema do Governo e se escorou numa delação premiada.
Agora Lucena, no mesmo papel, foi o caixa 2 e arrecadador da campanha de Agnelo e Filipelli, assumiu a Codeplan, foi parar na delegacia e também existem gravações de todos os lados que revelam as mazelas do Governo Agnelo e Filipeli. Só que Lucena tentou mudar a história colocando de imediato Toledo e Fayed na cadeia como chantagistas. Mas o plano falhou. Por enquanto.
Aliás, nessa história a única pessoa que teve o prometido foi a tia de Michael, a 2º sargento da QPPMC Marlene Vieira da Silva Santos, matrícula 154.175-7, que foi nomeada conforme publicação na página 35 do Diário Oficial do DF, do dia 31 de março de 2011, “para exercer o Cargo em Comissão, Símbolo DFG-14, de Diretor, da Diretoria de Integração e Articulação Comunitária, da Subsecretaria de Programas Comunitários, da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Distrito Federal, no lugar do major da PMPM Hélio de Almeida Jardim, matrícula 190.732-8.
Agnelo e Filipelli, na tentativa de abafar escândalos, além pagar os serviços sujos, estão acomodando, aqueles que chamam chantagistas, em cargos no Governo.
Fonte:  Quid Novi
COMENTO:  o relato é pesado! Infelizmente, faltam dados que poderiam melhorar a credibilidade sobre os fatos relatados, como a especificação de datas, mas é mais um fato que, certamente, não constará nas notícias divulgadas pela "grande imprensa", nem terá uma apuração promovida por algum "procurador justiceiro"!
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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Parlamentares com Alma de Bicheiro

Parece que, atualmente, não é mais assim. Mas houve uma época em que os donos dos pontos de jogo do bicho, para demonstrar e curtir o prazer de sua condição financeira, costumavam andar enfeitados com pulseira ou colar bem grossos de ouro, enquanto deixavam a camisa aberta para exibir sua fartura financeira. Aparentemente não se envergonhavam de sua imagem estar diretamente ligada à contravenção. Desfrutavam de uma fartura e um poder diretamente proporcionais à forma inescrupulosa como os alcançavam. É o poder discutível.
Pois é desse mesmo tipo de poder — muito discutível — que se fartam os políticos nacionais. Da mesma forma que se aproveitam da situação financeira que alcançaram lesando os cofres públicos, não sentem constrangimento algum em demonstrar sua bandidagem ou saber que são vistos como ladrões. A roubalheira lhes oferece conforto, da mesma forma que o jogo oferece aos bicheiros e as drogas aos traficantes. Ainda que se vejam como seres grandiosos, continuam a serem vistos por nós da mesma maneira que os outros tipos de marginais. Afinal, marginal é marginal. Ao menos nesse ponto somos obrigados a concordar com L.I. quando, ao sair em sua defesa, afirmou que Sarney não é um homem comum.
Após comparar a vida dos parlamentares brasileiros e de outros países culturalmente menos favorecidos com a vida dos parlamentares da Inglaterra ou Suécia, por exemplo, dá para perceber a que nível pertencem esses deslumbrados de Brasília, que não têm a menor noção do cargo que ocupam e não enxergam seu minúsculo tamanho. Mantendo as devidas proporções, passear num helicóptero público é o mesmo que usar cordão de ouro pendurado no pescoço com a camisa aberta.
Ao justificar a conduta vergonhosa de José Ribamar (Sarney), como vemos na reportagem abaixo, Magno Bacelar-PV nos passou um atestado de gente miúda que só poderia, mesmo, chegar ao cargo que chegou, num país como o nosso, onde a tiriricagem é bem-vinda.
A reportagem completa, escrita por Ricardo Melo, saiu, hoje, na Folha de São Paulo:
Mesmo num país com costumes políticos tão degradados, certos comportamentos anda espantam. A atitude da família Sarney no Maranhão, ao usar um helicóptero público em convescotes privados, é um escárnio não apenas pelo fato em si mas também pela reação que se seguiu.
Não basta que o passeio tenha sido feito em prejuízo do socorro a doentes. Tampouco que o companheiro de patuscada da família do presidente do Senado e de sua filha tenha sido um empresário de ficha duvidosa. É preciso mais, como que para convencer o povo de que as coisas são assim, e pronto.
"Queria que o presidente [do Senado] fosse andar em jumento? Queria o quê? Enfrentar um engarrafamento? Esse helicóptero, é claro, tem que servir os doentes, mas tem que servir as autoridades, esta é a realidade."
Foi assim, com essa naturalidade e desfaçatez, que o vice-líder da governadora Roseana na Assembleia do Maranhão defendeu a família Sarney. Magno Bacelar, do Partido Verde, também reverberou as infames palavras do então presidente Lula sobre o senador: "Ele não é uma pessoa qualquer".
Ao colocar em plano semelhante "doentes e autoridades", Bacelar fez duas coisas. Primeiro, refrescou na memória de todos por que o Maranhão está na lanterna de qualquer ranking de bem-estar, conforme destacou, com o talento habitual, Fernando de Barros e Silva neste mesmo espaço.
Segundo, não falou toda a verdade. O povo local já estaria satisfeito caso tivesse direitos ao menos parecidos aos dos coronéis do sarneysismo, num Estado onde a "realidade" é ostentar certos sobrenomes (sobrenomes incluídos quando já adultos em sua certidão de nascimento, como no caso de José Ribamar e L.I.).
O parlamentar que nos desculpe, mas o Maranhão precisa de tratamento de choque. Para tomar emprestada sua própria imagem, só vai dar certo no dia em que os enfermos tiverem preferência e os políticos, montados em jumentos, enfrentarem engarrafamentos quando quiserem se refestelar na praia. COMENTO: parodiando o texto da Folha, "o parlamentar que não me desculpe" mas uma opinião como a que ele expressou é coisa típica de bandido. Somente um canalha que já tenha perdido toda e qualquer noção do que é público e o que é privado poderia se expressar dessa forma. Por outro lado, com "representantes eleitos" como os que tem, o povo do Maranhão, como no resto dessa terra que teimam em denominar como "país" não merece coisa melhor do que esses calhordas para os representar.

domingo, 28 de agosto de 2011

A Gauchada Anda me Trincando os Ovos!!

Mal começou (sic) o governo de Tarso Genro e ele já teve que encarar uma série de pepinos. Vamos ficar apenas neste mês.
Rejane Chapinha, a chefona dos "trabalhadores em educação", está torrando a paciência de TF com o tal do piso nacional do magistério. E promete uma guerra contra o governo se não receberem o piso. É aquela velha tese: ou dá ou desce. Não querem conversinha, querem grana. Se não é greve.
O pessoal da PROCERGS está parado — claro, quer aumento e outras vantagens. Inúmeros serviços públicos dependem da Companhia de Processamento de Dados.
E a Brigada Militar está a milhão. São mais de dez os protestos por melhores salários, apenas neste mês. Hoje, foram quatro. O primeiro foi em Gravataí, próximo à entrada para o Campus da Ulbra, com pneus queimados na pista. Mais pneus queimados em frente à Prefeitura de Alvorada. A terceira barricada aconteceu na BR 392, em Rio Grande, na zona Sul do Estado. Houve bloqueio total da pista por uma hora. O mesmo tipo de protesto foi feito em Palmeira das Missões.
Não é mole.
Hoje dei uma passeada pelo site da Assembleia gaúcha. Não encontrei nenhuma manifestação dos deputados do PT sobre os movimentos que acontecem no Estado. Engraçado, as bancadas de deputados estaduais do PT sempre apoiaram as greves. Sempre, desde 1987, quando começaram a trabalhar os primeiros quatro deputados. O comandante Raul Jorge, então, ficava ainda mais vermelho e mais rouco ao defender os trabalhadores grevistas.
É, mesmo, muito engraçado. A cumpanheirada está, assim, fingindo que não existe nenhuma greve.
Onde estão aqueles furiosos do passado, os intransigentes defensores dos trabalhadores?
Só falta, na semana que vem, os comandante Raul Jorge e seus liderados apoiarem a greve dos funcionários da Saúde de Porto Alegre. Não duvide!!
Por que Tarso Fernando deve se cuidar?
Imagine se o comandante Raul, "enquanto" presidente estadual do PT, decide convocar a cumpanheirada para alinhar-se, por exemplo, ao pessoal da Brigada Militar? Mais: se o comandante Raul, com toda a sua liderança junto aos "movimentos sociais", convoca todos os maluquetes do Estado, como o MST, para agirem junto com os brigadianos?
Bah, Tarso Fernando, aí vai ser um inferno!! Tem que acalmar o comandante Raul!!
Sugestão: Promete uma vaga no Tribunal de Contas do Estado para o comandante Raul Jorge. Aí ele vai ficar calminho, calminho.
O nosso governador está tiririca. Quer cabeças!!
Hoje ele está na Expointer e, por isso, está mais calmo. Mas ontem TF estava furibundo!!
Não suportou os protestos dos brigadianos, que estão queimando pneus em estradas e avenidas pelo Rio Grande.
Disse que isso é um "delito" e que vai ter "pulso firme".
Os brigadianos querem salários dignos e acreditam que tem que haver pressão.
Das polícias militares brasileiras, a Brigada Militar é a que recebe piores salários. Repito: é o pior salário de TODAS as PMs brasileiras. Olha só o que TF disse, também:
— Esses delitos serão investigados pela Polícia Federal, e as pessoas vão responder. Não sei se tem conexão com o movimento dos brigadianos, tomara que não, porque se tiver é grave. É algo que não pode ser colocado como pressão para negociação.
Em resumo: São atos criminosos que serão investigados.
Tudo bem, fecho com o nosso governador. Os protestos não podem atrapalhar a vida das pessoas.
Mas os brigadianos devem ficar furiosos quando sabem que um auxiliar de serviços gerais do Tribunal de Contas do Estado ganha em torno de 4 mil reais.
 
O engraçado é que ontem mesmo vi um "protesto" de agricultores, no interior do Estado. E, acreditem, eles fecharam uma estrada. E, INCRÍVEL!!, não vi nem ouvi ninguém do Governo furioso com os tais agricultores!!
Não tem uma semana que os tais "agricultores" não façam uma baderna em estradas ou na frente de bancos. Fora aquelas ridículas invasões do INCRA.
Da mesma forma, não vi nenhuma indignação quando "campesinas" depredaram um laboratório de pesquisas de uma empresa no interior do RS.
E quem é que não se lembra daquele deputado petista que foi fotografado comendo um picolé "expropriado" de uma distribuidora de alimentos na Grande Porto Alegre?
Ah, governador Tarso Fernando, o senhor sabe o respeito e admiração que tenho pelo senhor.
Mas não pode ter dois pesos e duas medidas!!
Sabe de uma coisa? Dá logo uma grana legal para os brigadianos. ................................
Tarso Genro, nesta sexta, em Rio Grande:
— Os bloqueios de pneus em chamas é crime. A Polícia Federal investigará e punirá. Isto é uma mancha na história da Brigada.
Leonel Lucas, Presidente da Associação dos Cabos e Sargentos da Brigada:
— Depois das negociações desta sexta na Casa Civil, os protestos pararão até quarta. Depois disto, se não houver avanço, 50 bloqueios serão desfechados.
É uma perigosa queda de braço no RS.
O brigadiano (soldado PM) gaúcho, é o pior pago do Brasil. Seu salário mensal é de R$ 1.170,00.
O piso nacional proposto é de R$ 3.200,00.
Depois de atear fogo em barreiras de sete trechos de rodovias federais, os brigadianos decidiram somar-se aos seus colegas policiais civis na atual campanha por aumentos salariais e programaram manifestações não-violentas na abertura da Expointer, neste sábado de manhã, 9h, em Esteio.
O governo parece estar perdendo o controle da situação, já que não consegue conter as ações embrionárias de revolta armada nas estradas federais do Estado. No Piratini, o temor é de que isto seja apenas o começo de uma revolta de maiores proporções.
Ao estabelecerem um pacto com o governo para suspender as ações violentas até quarta-feira, os líderes dos praças admitiram que o movimento é orquestrado e tem condução política corporativa. O governador Tarso Genro classifica como criminosas todas as ações violentas nas estradas, mas não consegue exercer sua autoridade de maneira tão eficaz quanto a que demonstrou por ocasião das Operações Cartola, Rodin ou Solidária.
Os Partidos não se metem nas discussões, nem mesmo a oposição. O governo tem discurso, mas não consegue entrar em ação.
Soldados, cabos, sargentos e tenentes da Brigada estão em plena campanha salarial. Os soldados são os mais mal pagos do País, já que recebem apenas R$ 1.200,00 por mês. Eles querem R$ 3.200,00 imediatamente, mas o governo só quer chegar ao valor no último ano do seu governo, 2014, propondo 4% para já. A proposta foi feita nesta sexta aos brigadianos. No mesmo dia, os policiais civis também se reuniram no Piratini e repeliram reajuste de 3% para outubro, mais 3% em março.
Os dois aumentos representariam elevação de R$ 60,00.
 Enquanto acena com 60 reais para um policial civil, as negociações do governo com procuradores do Estado já superam 8%. São os maiores salários do Poder Executivo e tal índice significa, na prática, mais de 1,5 mil reais de reajuste para quem já se encontra no topo da pirâmide.
A Unimed do RS não soube explicar por que razão o Deputado gaúcho Marco Maia, presidente da Câmara, vem usando sem pagar o avião e o helicóptero da Uniair. Maia usou os aparelhos para ir a Erechim e Gramado na semana passada.
Planos de Saúde, como se sabe, dependem de regulamentações que o governo e os parlamentares mudam a toda hora.
A frota da Uniair foi montada para atender pacientes da Unimed.
Soou como provocação o boné do MST que o Ministro da Agricultura, o gaúcho Mendes Filho, resolveu usar no seu segundo dia de trabalho em Brasília.
No dia 2, quando visitar a feira de Esteio, o Ministro será convidado a vestir o chapéu da FARSUL.
COMENTO: o "peremptório" governador da gauchada está sentindo na pele o que é "ser vidraça". Por outro lado, a cada dia que passa fica mais claro que a velha estória de que os políticos oriundos do RS eram diferentes do resto da canalha nacional não passava de conversa pra boi dormir.

Gaúchos Erguem Monumento a Assassino a Soldo de Moscou

por Janer Cristaldo
dois dias, eu comentava a reedição pela Companhia das Letras de Vida de Luís Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança ode da maior prostituta das letras nacionais, Jorge Amado, ao mais estúpido dos gaúchos. De Porto Alegre, Marco Aurélio Antunes me envia esta alvissareira notícia
Desenhado e doado por Oscar Niemeyer em 2008, o projeto do Memorial Luís Carlos Prestes receberá nesta quinta-feira, 25, às 17h, a assinatura final do arquiteto. Com o ato, a prefeitura estará autorizada a liberar o início de construção do prédio que eterniza a memória desse ícone da história porto-alegrense e brasileira. O prefeito José Fortunati, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Francisco Noveletto, o arquiteto responsável pela execução da obra, Hermes Teixeira da Rosa, representantes da Corrente Prestista e familiares de Prestes participam do encontro com o arquiteto no Rio de Janeiro. 
A construção do Memorial Luís Carlos Prestes será feita pela FGF como contrapartida pela cessão de uso do terreno para a nova a sede da entidade, que servirá como base administrativa e de operações voltadas à Copa do Mundo de 2014. A área, de 10 mil m², está localizada na Av. Edvaldo Pereira Paiva esquina com a Av. Ipiranga e abrigará os dois prédios. 
Para o prefeito Fortunati o memorial representa dois marcos fundamentais para a cidade. "A iniciativa ergue espaço de um resgate histórico necessário e será o primeiro projeto de Niemeyer a ser executado na Capital". A obra deve iniciar até o final do ano e ficará pronta em prazo de 18 meses. 
Obviamente, deve ter dedo do capitão-de-mato Tarso Genro nesta homenagem ao celerado. Tarso sempre manifestou seu fascínio por Prestes e o tem como um de seus ídolos. Também é normal que Niemeyer, o fóssil comunossauro, seja o autor do projeto. O Muro caiu há mais de duas décadas em Berlim. No Brasil, continua em pé. Resgate histórico necessário é o nome novo dado pelo prefeito para mentira histórica colossal. 
Porto Alegre não tem memorial algum dedicado a gaúchos que, bem ou mal, tiveram sua importância, como Getúlio Vargas, Erico Verissimo ou Mário Quintana. Existe a casa Mário Quintana, é verdade, cabide de empregos instalado no hotel em que vivia, pobremente, o Quintana. O poeta morreu na miséria. Mas seu nome serviu como pretexto a gordos salários a um monte de vagabundos. 
Em Santa Catarina, há mais de dez anos, foi armado outro destes embustes. Em dezembro de 2000, foi lançado o filme Zé Perri no Campeche, que pretende que Saint-Exupéry tenha feito escala naquela praia, em seus vôos pelo Correio Sul. O filme, que se pretendia um documentário, tem até o Pequeno Príncipe como personagem. Ora, não há documentação alguma sobre a passagem do escritor francês em Santa Catarina. O que há são histórias de um pescador, que o teria conhecido. E é óbvio que as histórias não são dele. Que noção teria um pescador do Campeche das dimensões de Saint-Exupéry? A ficção é criação certamente de universitários, que querem dar à ilha uma projeção que não tem. 
Os ilhéus adoram dar-se importância. Já fizeram de uma vivandeira, a Anita, uma heroína. Falei em Campeche não por acaso. Foi por lá que entraram Luís Carlos Prestes e Olga Benario no Brasil, pagos por Moscou para instalar no país uma republiqueta soviética. Mais um pouco de audácia, catarinas: por que não erguer um monumento ao Cavaleiro da Esperança? Seria bem mais verossímil que a lenda de Saint-Exupéry. 
Ou melhor: para que intermediários? Por que não um monumento a Stalin? Tarso Genro, que um dia escreveu no caderno Mais da Folha de São Paulo sobre a “ventura stalinista”, nem precisaria chamar o Niemeyer. Bastaria importar uma daquelas estátuas colossais que foram dedicadas ao tirano e hoje jazem abandonadas em um parque em Moscou. 
Que velhos comunistas ergam monumentos a assassinos, isto se entende. Eles precisam justificar suas biografias. O que não se entende é como os gaúchos não reajam ante tais embustes. 
Pelo jeito, não há mais vida inteligente no Rio Grande do Sul.
Fonte:  Janer Cristaldo
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sábado, 27 de agosto de 2011

Atenção, Dilma, Ele Assina em Teu Nome

por Demétrio Magnoli
O ditador Bashar Assad encontrou nos enviados do IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) os bonecos de ventríloquo ideais para transmitir ao mundo a sua versão dos eventos sangrentos em curso na Síria. O comunicado final da delegação, um dos documentos mais abjetos jamais firmados pelo Brasil, pinta o cenário de um regime engajado na sua reinvenção democrática, mas assediado pela violência de grupos armados opositores. A assinatura brasileira converte Antônio Patriota em cúmplice de um Estado policial que se dedica à matança de sua população. Patriota, contudo, é funcionário de Dilma Rousseff. A assinatura dele é a dela.
O Itamaraty difunde a narrativa oficial síria, segundo a qual o derramamento de sangue se deve à violência de setores da oposição. Há nisso uma nota sinistra, só audível por quem conhece o passado recente da Síria. Refiro-me a Hama e a fevereiro de 1982. Nessa cidade sunita operavam guerrilheiros islâmicos que combatiam o regime de Hafez Assad, pai de Bashar. Após uma emboscada dos rebeldes contra forças militares, o ditador ordenou o bombardeio de toda a cidade, por terra e ar. Num tempo anterior à internet e aos celulares, há escassas, mas pungentes, imagens do resultado. No fim, Hama parecia as cidades alemãs extensivamente bombardeadas na guerra mundial.
Um dos filhos do ditador supervisionou o ataque e se gabou de matar quase 40 mil pessoas, uma cifra confirmada pelas estimativas independentes. Quando os escombros ainda ardiam, o governo vazou para a imprensa libanesa a notícia das dimensões da carnificina, enviando uma mensagem ao povo sírio. A mensagem foi decodificada, em muitos sentidos. Até há pouco, aos murmúrios, os sírios se referiam ao massacre por meio de um sombrio eufemismo: “os incidentes de Hama”. Agora, enfrentando munição real, os manifestantes voltam às ruas num ânimo quase suicida, pois sabem que só têm a alternativa de derrubar o regime. Patriota deveria ter a decência de pensar duas vezes antes de colar o selo do Itamaraty sobre a versão de Damasco: na linguagem dos Assad, a expressão “gangues terroristas” é a senha para aplicar a “lei de Hama”.
Além de tudo, a versão é falsa. Em 17 de julho, uma conferência nacional de 450 líderes opositores, laicos e religiosos, conclamou à desobediência civil pacífica. O regime respondeu armando 30 mil milicianos da minoria alauita, a fim de reconfigurar o cenário como um conflito sectário. Artilharia, tanques e navios alvejam Hama, Homs, Deir ez-Zor e Latakia. O saldo provisório já atinge 2 mil mortos. Líderes da tribo baqqara, de Deir ez-Zor, autorizaram o uso de armas contra incursões assassinas do Exército, de casa em casa, que não poupam crianças. Vergonha: o gesto desesperado de pessoas acuadas serve como o pretexto para Patriota reverberar a senha de uma ditadura inclemente.
Pretexto é a palavra certa. O Itamaraty não se importa com os fatos: segue uma agenda ideológica. A Constituição prescreve, no artigo 4º, que o Brasil “rege-se, nas suas relações internacionais” pelo princípio da “prevalência dos direitos humanos”. Dilma prometeu respeitar o artigo constitucional. O compromisso, expresso num voto contra o Irã, não resistiu a um outono. Em março, a abstenção na resolução da ONU de intervenção na Líbia evidenciou uma oscilação. Em junho, a recusa da presidente em receber a dissidente iraniana Shirin Ebadi, Nobel da Paz, sinalizou o recuo. Em 3 de agosto, a rejeição a uma condenação da Síria no Conselho de Segurança da ONU concluiu a restauração da política de Lula, Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia. No seu desprezo inigualável pelo mandamento constitucional, o comunicado do IBAS equivale a uma celebração orgiástica da velha ordem.
Num Roda Viva, da TV Cultura, indaguei a Celso Amorim sobre os motivos do governo para ignorar sistematicamente o artigo 4º da Constituição. O então ministro do Exterior retrucou invocando o princípio da autodeterminação dos povos e da não intervenção, contemplados no mesmo artigo, mas em posição inferior. A resposta vale tanto quanto as promessas reformistas de Assad. Na verdade, como fica explícito num livro do ex-secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, a linha do governo deriva de uma curiosa tradução do objetivo de promover a “multipolaridade” nas relações internacionais. Multipolaridade”, no idioma de nossa atual cúpula diplomática, exige a redução da influência global dos EUA  o que solicitaria o apoio brasileiro aos regimes antiamericanos, sejam eles quais forem.
A Turquia perdeu a paciência com a Síria e exigiu uma imediata retirada militar das cidades assediadas. Sob pressão popular, governos árabes condenam, sem meias palavras, a selvagem repressão. O Egito alertou Damasco sobre a ultrapassagem de um “ponto de não retorno”. Nas ruas do Cairo e de Beirute, manifestações pedem o isolamento de Assad. Longe da região, irresponsável, alheio às obrigações assumidas pela comunidade internacional, o governo brasileiro converte-se num dos últimos bastiões de um Estado policial sanguinário. Desse modo, numa única tacada, viola um elevado princípio constitucional da nossa democracia e agride o interesse nacional, afastando-nos da meta legítima de uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Não há muito a fazer. A Comissão de Relações Exteriores do Senado é presidida por um neolulista chamado Fernando Collor. A oposição renunciou ao confronto político de ideias, limitando-se à pescaria de ocasião na lagoa pútrida da corrupção nos ministérios. Os intelectuais de esquerda, sempre prontos a fulminar com os raios de sua fúria santa os desvios retóricos do editorial de um grande jornal, não produzem manifestos de contestação aos atos do lulopetismo  ainda mais se justificados pela doutrina do antiamericanismo. Resta escrever: atenção, Dilma, Patriota assina em teu nome!
Demétrio Magnoli é Sociólogo e Doutor em Geografia Humana pela USP.

A Voz do Chefe. Ou ... De Onde Menos se Espera ...

por Jorge Alberto Forrer Garcia
Escrevo na 1ª Pessoa por entender que essa é apenas a “minha opinião”, ou seja, aquilo que se passa nessa minha cabeça desaforada. Tenho amigos que acham que exagero, que carrego nas tintas, ou que sou um provocador. Como posso ser “provocador” se apenas uns poucos recebem o que escrevo e menos ainda são os que leem? De qualquer forma, sou inteiramente responsável pelo que escrevo.
Desde os tempos de tenente do Exército, assim como tantos outros companheiros meus, comandei, por dever de ofício, grupos de homens de diferentes efetivos e pude constatar, em inúmeras oportunidades, a importância de ser para eles “o chefe”. Aquele para quem todos olhavam nos momentos de decisão. Para o bem ou para o mal. Para o erro ou para o acerto.
Por isso tenho na mente, marcadas, algumas daquelas fisionomias inquisitivas que sobre mim convergiam, como que perguntando: “... e agora, chefe?” Daí, a importância que julgo deva ser atribuída às expectativas dos ditos “comandados” para com o comportamento de seus chefes.
Como me ensinaram desde cedo na velha Cavalaria ... a nenhum comandante é dado o direito de surpreender seus homens. Aos que com orgulho comandei, eu lhes devia a confiança de saberem com quem estavam lidando e o que de mim podiam esperar, em qualquer tipo de situação. Era como se do mútuo conhecimento resultasse que eles me conhecessem pela voz e eu a eles por uma simples expressão facial. Dessa interação, resultou que, em mais de uma vez, minha tropa ajudou-me a sair de alguma enrascada no serviço, assim como eu ajudei a alguns deles.
Mas, para isso, era necessário que eu lhes falasse e eles me encarassem.
Passando pelos diversos postos da carreira militar também aprendi um adágio engraçado, mas de todo verdadeiro, que diz o seguinte: de onde menos se espera ... daí mesmo é que não vem coisa alguma”.
Associando as ideias expostas, quero dizer que, do meu ponto de vista, do chefe de quem nada se espera, não se espere alguma coisa.
Isto vem a propósito de mais uma temporada de boatos pela Internet sobre reajustes dos soldos dos militares, com discussões virtuais que beiram a deselegância e certamente estremecem relacionamentos firmados há anos. Somem-se a isso declarações recentes de pessoas importantes politicamente que se esmeraram em ofender o Exército e os militares.
Realmente, como alguns comentaram, essas “reportagens” não tem como fontes órgãos ou autoridades oficiais e sim ... simplesmente surgem, com detalhes. Dizem alguns que pela boca de pretensos líderes de classe. Quanto às declarações, alguns se mostram céticos, exigindo a gravação da fala ... para terem certeza. Acho correto. Afinal, o declarante é pessoa digna de todo o respeito, pelos princípios éticos de que é dotado.
Outros, mais radicais, cobram dos atuais chefes militares uma ação no sentido de esclarecerem se os citados boatos e as supostas declarações encontram fundamento na realidade. Mas os chefes nada falam, nem determinam que seus centros de comunicação social o façam, liberando o caminho para os boatos.
Permitam que transcreva um pequeno trecho do Manual de Campanha C 44-1 Comunicação Social, 1ª Ed., 2009, aprovado pelo Estado-Maior do Exército:
4-10. RELACIONAMENTO COM O PÚBLICO INTERNO
A comunicação é imprescindível para a chefia e liderança de uma tropa, mesmo em situação de paz. A falta de comunicação do comandante, em qualquer nível, cria oportunidade para o surgimento de boatos ou desinformações.
Então, volto ao adágio que citei: de onde menos se espera ... daí mesmo é que não vem coisa alguma”.
PS.: o adágio está traduzido da linguagem da caserna para o Português. Todos sabem que no meio militar ele é expresso de outra forma.
Jorge Alberto Forrer Garcia é Cel Ref
Fonte:  recebido por correio eletrônico do meu amigo Áureo
COMENTO:   a origem mais remota que conheço do ditado provém de Aparício Torelly, jornalista também conhecido como "Apporelly" ou  "Barão de Itararé", cuja atuação na primeira metade do século passado, marcada pela oposição aos governantes, o tornaram famoso. Me permito, ainda, citar os cinco Princípios de Liderança (palavra em desuso nos dias atuais), que me foram ensinados no início de minha carreira militar:
Repito:
1 - Conhecer e interessar-se pela sua profissão;
2 - Aperfeiçoar-se em sua profissão;
3 - Conhecer seus subordinados;
4 - Manter seus subordinados informados; e
5 - Interessar-se pelo bem estar de seus subordinados.
E isto me foi ensinado em um simples Curso de Formação de Cabo — a primeira graduação que se segue ao Soldado.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Carta de um Sargento ao Comandante do Exército

por Sarides Ferreira de Freitas
Militar age, executa ou produz seus deveres, sob ORDEM. Livre do jugo da subordinação, se esquiva, se omite; seja por comodismo, descaso ou medo. Há honrosas exceções. Nenhuma idéia, nenhum movimento, é bom suficiente para sensibilizar e mobilizar adeptos. Em número que realmente possa fazer diferença, nem pensar! Aqui nunca vingou nada que se plantou. A mente dos militares são terras inférteis.
A Esquiva, a Omissão, o Comodismo, o Descaso e o Medo, não fazem parte da rotina da Caserna. Porque então esta dubiedade no agir. Todos os militares sabem que a Esquiva, a Omissão, o Comodismo, o Descaso e o Medo praticados fora da Caserna, permitiram a degradação da Nação, das FFAA e da Família Militar.
Não temos representantes no Congresso Nacional, a Presidente nos despreza, não há lobby pelas FFAA. Ou articulamos ou breve estaremos iguais ao Povo Cubano!
Enviei uma carta ao Comandante do Exército; isto em si, não significa nada! É só uma carta. E se milhares de cópias forem enviadas? Com certeza surtirá o efeito desejado. A atual conjuntura exige Atitude singular dos militares.
Faça valer seu “juramento” ... Ou então desonre–o com: A Esquiva, a Omissão, o Comodismo, o Descaso e o Medo e deixe para seus filhos o pesadelo do Totalitarismo.
As FFAA só atuam em defesa da Pátria por aclamação popular; como em 1964.
O povo está entorpecido. Façamos a vez do povo.

A Carta
Excelência!
É com extremada contrariedade, robusto constrangimento, exacerbada revolta e imensurável insatisfação que me dirijo a Vossa Excelência, dado o pressuposto, de que meu apelo cairá na vala comum das tergiversações que tem norteado as ações dos Guardiões da Nação e da Constituição Federal, peço vênia!
Nos últimos tempos todas as autoridades, mesmo aquelas sob o compromisso do Sagrado Juramento, estão violentando nossa Lei Maior, estão tratando a Constituição Federal, como uma indigna prostituta.
O Supremo Tribunal e o Congresso Nacional estão a serviço do Executivo e ambos denegam o dever maior, qual seja o de “Guardiões da Constituição Federal”. Vão além: são useiros e vezeiros em estuprá-la. O Procurador Geral da República e o Ministério Público, omissos.
General!
Há muito, os Três Poderes não são independentes! Só não vê o cego, o mal intencionado ou aqueles que se locupletam neste mar de lama.
Creio piamente que Vossa Excelência não está enquadrada na cegueira, na má intenção ou no locupletar. Destarte, ouso indagar: o que vos impede de agir em defesa da nossa Pátria, como preceitua os vossos deveres, incluso o “Sagrado Juramento.” Se eu, simplório, sei que as vossas atribuições não se restringem a defender a Nação somente de inimigos externos, sendo os internos mais execráveis, por serem apátridas traidores e com maior rigor devem ser expurgados. Com infinita propriedade Vossa Excelência detém a extensão da fidelidade que Vosso Cargo imputa.
Se factível, rogo justifique a prolongada tergiversação.
Ainda há tempo de remissão.
A Lei prevê revisão anual dos nossos soldos em janeiro.
LEI nº 10.331, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2001.
Regulamenta o inciso X do art. 37 da Constituição.
Art. 1º As remunerações e os subsídios dos servidores públicos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União, das autarquias e fundações públicas federais, serão revistos, na forma do inciso X do art. 37 da Constituição, no mês de janeiro, sem distinção de índices, extensivos aos proventos da inatividade e às pensões.
Ferindo o preceito constitucional, o governo tem distribuído esmolas, com índices fajutos, em datas aleatórias, sem nunca nos contemplar com a revisão constitucional.
Por dez janeiros, com a vossa cumplicidade, esta regra constitucional não foi cumprida. Gerando uma defasagem de 135%. Creio ser redundante enunciar: “o presidente da república não pode deixar de cumprir a constituição,” sem arcar com as consequências. Com STF e Congresso Nacional a soldo do Executivo, recai sobre vossos ombros restabelecer a normalidade democrática. Não sabemos em nome do que, não o faz.
Senhor!
A Tropa não espera que um governo comunista a remunere bem. A Tropa quer que o seu Comandante cumpra o papel precípuo de Comando: ser responsável pelo destino dos subordinados. Ser responsável pelo sustento da Tropa é responsabilidade intransferível. A Tropa não é formada por bandoleiros, mercenários, a Tropa serve ao País. Existem Leis que a amparam. Estão à espera de quem as façam valer. Este é o meu apelo; o apelo da Tropa.
A Defesa da Pátria não pode se subordinar à vontade política  de indivíduos, autoridades ou partidos  e nem aos interesses econômicos, nacionais ou transnacionais. Na defesa da Pátria e dos Poderes Constitucionais, a “iniciativa” (prevista no Artigo 142 da CF), deve ser dos comandantes das Forças Armadas, em cumprimento do dever de ofício. Agir de forma contrária significa incorrer em crime de responsabilidade ou até de prevaricação, dependendo do caso.
Nada mais perigoso do que se fazer Constituição sem o propósito de cumpri-la. Ou de só se cumprir nos princípios de que se precisa, ou se entende devam ser cumpridos  o que é pior (...). No momento, sob a Constituição que, bem ou mal, está feita, o que nos incumbe, a nós, dirigentes, juízes e intérpretes, é cumpri-la. Só assim saberemos a que serviu e a que não serviu, nem serve. Se a nada serviu em alguns pontos, que se emende, se reveja. Se em algum ponto a nada serve  que se corte nesse pedaço inútil. Se a algum bem público desserve, que pronto se elimine. Mas, sem a cumprir, nada saberemos. Nada sabendo, nada poderemos fazer que mereça crédito. Não a cumprir é estrangulá-la ao nascer'”. Pontes de Miranda, em magistério revestido de permanente atualidade.
General!
Não há dignidade em uma Nação quando os direitos Constitucionais são violados sob o olhar complacente de quem, por dever de ofício, deve coibir tal prática.
Não há segurança nacional, quando propriedades são destruídas por vândalos, financiados pelo governo federal com verbas públicas.
Não há segurança nacional, quando por opção ideológica, o Comandante em Chefe das Forças Armadas, nega recursos financeiros para manter os poderes dissuasórios, compatíveis à grandeza territorial e as incalculáveis riquezas
Descumprir uma vírgula da Constituição Federal é crime! Neste desgoverno, todos estão descumprindo-a.
Por isso, na hora de decidir se age ou não na defesa da pátria e da soberania, o comandante militar não precisa ficar com a dúvida. Quando tiver a obrigação de cumprir o que define a Constituição, não corre risco de ser acusado de “golpista”  como é o temor geral pós-64, que apavora as legiões.
O servidor público militar que tiver medo de cumprir a Lei Maior, deve mudar de profissão ou passar para o lado do crime organizado, cuja lei é a barbárie. Não serve para “servir” às Forças Armadas.”
Vossa Excelência sabe que por vossa omissão, os melhores quadros das FFAA estão renunciando à sua vocação primeira, para não passarem pelo constrangimento de na ativa, virar CAMELÔS!
Contando com a vossa aquiescência, nós, os deserdados dos reajustes salariais, que os políticos concedem a si mesmos, esperamos ansiosos que nos próximos janeiros Vossa Excelência nos agracie com a revisão anual insculpida na Lei Maior. Por ver a Constituição ser tratada como uma hetera, lesado pela queda do poder aquisitivo dos meus vencimentos, ignizado, extravasei! Dê um basta nesta inconstitucionalidade. “Ultima ratio”.
“Sol lucet omnibus”.
Reivindicar um direito não é crime. Não somos litigantes desonestos, queremos apenas o que a inflação tomou. Só não temos quem advogue por nós. Estamos ÓRFÃOS. Sem ARRIMO.
Se não houver pressão da base, a cúpula permanecerá estática, somente uma ação provoca reação, ou lutamos por nossos diretos ou pereceremos (na mendicância).
Tergiversação, conduta permanente dos descompromissados com a honra!
Todo brasileiro que tenha recursos para isso está autorizado e solicitado desde já a reproduzir este aviso e fazê-lo publicar no órgão de mídia de sua preferência, assim como a divulgá-lo por quaisquer outros meios ao seu alcance. Preservado o Teor e a Fonte.
Sarides Ferreira de Freitas é 2º Sargento Reformado do EB.
Fonte:  Alerta Total

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A Empulhação da Legalidade

A campanha da legalidade serviu muito mais para assegurar o plano da esquerda de tomar o poder de assalto do que especificamente manter a ordem institucional brasileira.
por Lenilton Morato
Neste mês de agosto, comemora-se a famigerada campanha da legalidade. Em 1961, Brizola organizou uma resistência armada no Palácio Piratini contra a oposição existente à assunção de João Goulart como Presidente da República, no momento em que o Brasil passava por grande agitação política, sindical e militar. Os que escrevem versando sobre este tema, geralmente colocam a culpa nos militares e na elite, sendo aqueles os mais criticados. Esta campanha é vista hoje com nuances de heroísmo e de orgulho especialmente por parte dos gaúchos. Mas não deveria sê-lo.
Os analistas da história brasileira vêm praticando, (salvo raras exceções) invariavelmente o mesmo erro: sacar um fato isolado das circunstâncias políticas, ideológicas e históricas da época. Assim, acabam por distorcer a realidade dos acontecimentos em prol de suas próprias ideologias, moldadas desde o ensino médio e potencializadas nos bancos universitários.
Naqueles dias, o país passava por um processo de transformação que, se não fosse detido, acabaria por transformar-nos em uma república popular, com todas as mazelas que o regime socialista carrega consigo: fome, perseguições, censura (censura mesmo), e a formação de uma elite partidária que engordaria suas contas bancárias à custa da miséria da população. Foi assim na ex-URSS, em Cuba, na China, no Camboja, na Coreia do Norte, no Vietnã, e no Laos, por exemplo.
A partir do final da década de 1920, o país sofreu grande influência do Partido Comunista Russo e de correntes do Partido Comunista Chinês e Cubano. Lideranças foram recrutadas e levadas ao exterior com o propósito de serem doutrinados e transformados em agentes infiltrados cuja missão era desestabilizar a nação para que o regime socialista fosse vitorioso em sua revolução. Os resultados foram: constantes greves, paralisação nos serviços públicos, agitações na zona rural, atentados, e a quebra na disciplina e hierarquia dentro das Forças Armadas.
Ao colocarem os militares como principais opositores à posse de João Goulart, os historiadores parecem sofrer de uma espécie de amnésia contraditória: o Marechal Henrique Teixeira Lott era favorável à posse de Jango. Não obstante, o próprio Exército possuía setores que lhe eram favoráveis. Não fosse por este fato, Leonel Brizola não obteria o apoio do III Exército para resistir a um suposto golpe. As Forças Armadas, degradadas pela infiltração comunista dentro dos quartéis estavam, até certo ponto, divididas. A situação se agrava com a visita de João Goulart à China, país comunista que já matara de fome, àquela época, mais de uma dezena de milhão de pessoas. Não eram somente os militares que estavam apreensivos com o retorno de Jango: na política, na sociedade e na Igreja, havia grande preocupação. Sobre isto, os analistas parecem se esquecer de que estes setores são também parte da sociedade brasileira, razão pela qual não podem ser considerados dissociados do povo brasileiro, em virtude de serem as classes mais esclarecidas e detentoras de uma capacidade crítica e de observação consideravelmente maior.
A ameaça à ordem institucional era clara, e a posse de Jango, sem as limitações impostas pela adoção do regime parlamentarista, traria sério risco à segurança do país, podendo levá-lo à guerra civil. As reformas propostas em seu plano continham viés flagrantemente socialista, e deveriam ser realizadas "na lei ou na marra", como diria Brizola. 
A campanha da legalidade serviu muito mais para assegurar o plano da esquerda de tomar o poder de assalto do que especificamente manter a ordem institucional brasileira. Não se pode confiar somente ao povo os destinos do país, pois este é ignorante e facilmente influenciável pela promessa de justiça e prosperidade tão falada pelos adeptos dos regimes socialistas. Fosse assim, o comunismo não teria deixado em seu rastro mais de uma centena de milhão de mortes, sendo a imensa maioria delas por fome. 
Os entusiastas desta campanha, assim como de toda a "luta da esquerda por um mundo melhor" acusam a CIA, de maneira recorrente, de influenciar os destinos do Brasil. Diante do quadro geopolítico da época este tipo de afirmação não pode ser desconsiderado. No entanto, ignoram que a KGB atuou e ainda atua em apoio a esses movimentos. Parece que os americanos são sempre os bad guys, enquanto os russos são o mais cândido exemplo de democracia e luta pela liberdade. Os militares, segundo contam, apoiaram o golpe contra Jango, mas os militares também apoiaram Brizola na sua aventura. Isto parece que os historiadores se esquecem de considerar.
O fato é que o país estava mergulhado em uma grave situação, onde ideologias antagônicas quase levaram o Brasil a um conflito civil. Não eram apenas os militares que viam as potenciais ameaças com Jango no poder dentro do sistema presidencialista. Eles apenas alertaram a classe política acerca do perigo que se aproximava. Assim, foi possível a adoção de um regime parlamentarista que limitou os poderes do Presidente da República e garantiu a posse de Jango como representante do Estado, não de governo. Os temores se confirmariam nos próximos anos, com a anarquia generalizada nos serviços públicos, a promoção de atos de vandalismo nas cidades e de grupos armados no campo e com o aprofundamento da quebra na hierarquia e disciplina dentro das Forças Armadas, levando Luís Carlos Prestes a dizer em Moscou que a revolução comunista estava pronta a ser desencadeada no Brasil. Não contava, porém, com a organização da sociedade civil e a liderança dos comandantes das Forças Armadas que culminaria, três anos depois, frustrando a revolução comunista.
A posse de João Goulart era prevista na constituição e, portanto, legal. Mas a ameaça que esta representava falou mais alto aos ouvidos das lideranças nacionais. Se Jango fosse nazista, por exemplo, sua posse também estaria garantida. Mas deveria acontecer? A resposta é não, assim como sua proposta socialista foi rejeitada por se entender que colocaria o Brasil em um caminho sombrio e sem volta, não fosse pela eclosão de uma guerra civil. 
Não tenho orgulho nenhum da Campanha da Legalidade. Tenho vergonha de como o povo gaúcho é tão facilmente manipulado pela construção fantasiosa de anti-heróis que são colocados em um pedestal pelo simples fato de serem gaúchos.

A Herança Maldita do Golbery

por Mauricio Grillo Jr 
Todas às vezes, nos últimos nove anos, que um novo governo assume, transfere-se para o que sai, a responsabilidade pela má gestão econômica. Foi assim com Lula logo em seus primeiros meses em 2002. Diante da realidade encontrada e dos problemas que os lulistas teriam que enfrentar, imprimiu-se a lógica menos trabalhosa. Culpou-se o governo anterior pelas mazelas. Na ocasião a frase que mais se lia e se ouvia era de que o Lula havia herdado de FHC uma herança maldita. 
A questão é que entre o fim do governo de um e o começo do governo do outro houve uma fase de transição em que ambos os lados dividiram a responsabilidade pelos números econômicos e pela agenda política dos contratos a serem cumpridos. Portanto, não poderia haver surpresa alguma para a equipe do Lula quanto ao futuro que iriam viver dali em diante. Sabiam de tudo e assinaram em baixo. Não denunciaram as mazelas e são por isso, co-responsáveis por elas. A tal herança maldita não era uma desconhecida.
Já com a Dilma foi diferente. Porque fazer equipe de transição de um governo que sucedia a si mesmo? Bastou uma troca de gentilezas para se cumprir o ritual “democrático” de troca de governo. Não podemos esquecer que Dilma era integrante do governo Lula e também sabia o que teria que enfrentar pela frente já que conhecia intimamente os bastidores do governo que acabava de deixar o planalto. 
Passados os seis primeiros meses, tudo indica que a realidade econômica e política têm mantido o seu ciclo de ilusões. Se em 2002 a esperança deveria vencer o medo, nove anos depois o medo parece ter derrotado definitivamente a esperança. Com a inflação descontrolada e a corrupção desenfreada, a síndrome de poder que assolava o governo Lula parece não querer recuar impedindo que Dilma imprima sua própria marca. Essa parece ser uma situação que tem incomodado o atual governo. As demissões em série de aliados de primeira hora do Lula, provocadas pelos escândalos no Ministério dos Transportes, pareceu querer acenar com a independência necessária para que se consiga governar sem a interferência descarada imposta por um apadrinhamento sem freios, mesmo que seja para governar com o comprometimento de manter a política econômica dos governos FHC e Lula. A questão, portanto, não é o receio de um rompimento com o modelo econômico e político. A questão é de controle do poder.
Se for essa a questão então podemos esperar mais para frente um acirramento na luta política interna no governo. Os dois grupos que governam começam a se desentender quanto o rumo a ser seguido. Não será surpresa se o grupo lulista ganhar força ao longo do embate já que conta com o apoio de figuras tradicionais da política brasileira com forte influência nos bastidores. Quanto ao grupo da Dilma, o horizonte não parece iluminar claramente o futuro. 
De José Dirceu a Collor passando por Sarney e Temer parece que essa contenda já está decidida. Como aliados de Lula mais do que de Dilma, essa tropa de choque comandada por um chefe disposto a expor até as fragilidades do governo ao julgamento público sem receio de maiores conseqüências, como já o fez outras vezes, para garantir o controle do poder, deixa claro que o Brasil não é mais nosso. Somos hoje, meros expectadores de uma nova elite política que assumiu o poder em 2002, mas que na verdade foi criada pelas tramas de um mago que comandou a ditadura dos anos 60 e 70.
Como bem dizia Brizola, o PT é filho do Golbery.
Mauricio Grillo Jr. é Professor de História 
da rede particular em Nova Friburgo.
Fonte:  Alerta Total
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