quarta-feira, 23 de março de 2011

A Fome Batendo na Porta dos Militares!

por José Geraldo Pimentel
Quem tem fome, tem pressa, dizia o Betinho. Eu começo a acreditar que a fome primeiro ataca o estômago, depois a mente e por último a vergonha. Não é à toa que algumas mulheres, levadas pelo desespero, caem na prostituição; uma opção de vida nada dignificante. A maioria das mulheres, mesmo nas condições mais miseráveis, vão à luta, trabalham e conseguem administrar a família. E como têm mulheres desempenhando o papel de provedoras do lar! A minha ex-diarista é uma dessas mulheres que sustentam a família. É casada e vive com o marido. Em seu caso o esposo faz biscates, mal conseguindo levar uns trocados para casa no final do dia. Mas a Margareth consegue todos os dias o suficiente para garantir as despesas com o alimento, fecha o mês pagando rigorosamente as contas de luz, água e gás. E ainda compra as ‘coisas’ que vê nas casas de suas patroas. Se põe na cabeça que tem que adquirir um rádio de cabeceira, pode anotar que em poucas semanas o aparelho estará entrando pela porta da frente de sua casa. Sem comprar à prestação, ‘deixando’ o lucro com as financeiras! Como diz orgulhosa.
Eu tenho muita admiração por esta mulher valente.
Minha preocupação é descobrir que a esposa de um militar — independente de posto ou graduação — seja flagrada no calçadão de Copacabana, rodando bolsinha. A tentação é enorme. Se as mulheres dos militares aceitarem a sugestão do ilustre ministro da Fazenda, Guido Mantega, que no cargo de ministro do Planejamento, recomendou que as mulheres dos oficiais fossem ‘à luta’, para ajudar no orçamento familiar, não vai ser nada bom para o conceito dos militares, que já anda caidinho com tanta humilhação patrocinada por Paulos Vannuchi, Tarsos Genro, Lulas da Silva, promotores estaduais chinfrins de São Paulo, presidentes da OAB, e uma trupe de canalhas que não se emendam, achando que podem tudo! A má fama é tamanha que se escreveu uma novela que irá ao ar no próximo dia 31, contando “as barbaridades praticadas pelos militares, contra jovens indefesos que lutavam pela liberdade de seu país!” Atualmente é moda reescrever-se a história, malhando os militares.
Na época, que eu saiba, nenhuma mulher atendeu ao apelo do ministro Mantega. O que se viu foram as mulheres arregaçarem as mangas e partirem para as ruas, batendo com colheres e paus em panelas, fazendo a maior arruaça em Brasília. Acamparam em praça pública e mantiveram o protesto até sair um reajuste salarial. Pequeno e parcelado em suaves prestações, mas saiu. As autoridades militares não aprovaram a ideia, mas se beneficiaram da atitude das ‘guerreiras’, como passaram a ser chamadas essas bravas mulheres. O dia escolhido para as manifestações mais acaloradas era quase sempre na troca da Bandeira Nacional, na Praça dos Três Poderes.
O silêncio se abateu sobre as ‘guerreiras’ depois que foram obrigadas a desmontar o seu acampamento. Quase não se houve mais falar nessas senhoras.
Que diferença que existe entre a mulher de um político, de um dirigente sindical, de um diretor de estatal, de um empresário, de um empreiteiro, que vivem mamando nas tetas do governo; e uma mulher de um militar. As mulheres dos militares contentam-se com a mesada que os maridos lhes dão no final do mês. Elas correm felizes para as lojas de departamentos onde se anunciam promoções. Sabem de todos os preços dos gêneros alimentícios. Compram sempre onde há promoção. E não reclamam da vida. Chegam em casa com enormes sacolas pesadas, com o feijão, o arroz, a carne moída, o pedaço de frango, o peixe e os legumes e frutas que conseguiram por ‘preços mais em conta’. Dificilmente vão ao cabeleireiro. Tingem o cabelo em casa. Fazer as sobrancelhas e unhas, o fazem em casa. Depilar o corpo, nem pensar. Muitas evitam freqüentar a piscina de seus condomínios, por razões óbvias. Queixam-se, mas são felizes! Nunca aceitaria de seu esposo um presente que fosse conseguido de forma não convencional. Seus maridos não compactuam com os processos de licitações fraudulentos. Não sabem o que seja o benefício de um tráfico de influência, tão em moda nos bastidores da agiotagem política do submundo das administrações municipais, governamentais e federais. A Casa Civil da Presidência da República na gestão da atual presidente da república (presidenta como gosta de ser chamada), tornou-se referência neste método de ação criminosa. Que o diga o filho do presidente Lula, que se beneficiou com este tipo de operação, quando a companhia de telefonia, devedora dos cofres públicos, passou a ser credora de um empréstimo acima de 7 bilhões de reais. E o primogênito do presidente, sócio da Oi, encheu as burras com tanto dinheiro! Os gastos com os chamados cartões corporativos da presidência da república, transformados em ‘segredo de Estado’ por um general de Exército muito zeloso das maracutaias presidenciais, chegaram só no ano passado, 2010, ao valor astronômico de 80 milhões de reais. O ex-presidente Lula e sua consorte gastadeira, e inútil como primeira dama, sabe como gastar, sem fazer cerimônia. Tão esperto que baixou um decreto estabelecendo as mordomias que os ex-presidentes têm direito. Auto beneficiou-se de maneira despudorada. Ele é dos que dão um tostão para o miserável, e embolsa dez tostões. Com a Bolsa Família tornou-se o "Robin Hood" tupiniquim. Mas não ajuda só os desempregados, que não veem espaço para ganhar um emprego — emprego garantido só para a malta de comuno-petistas e assemelhados que poluem em torno do Palácio do Planalto. Não se tem notícia de um deputado que tenha perdido uma eleição  um ex-sindicalista, ou amigo do rei  que não tenha arranjado uma boquinha’ no governo. A demanda é tamanha que a cada dia se cria um novo ministério, ou secretaria especial. E tão especial que os detentores desses cargos se nivelam em valores remuneratórios aos comandantes militares, a subespécie da carreira de Estado. Oficias das Forças Armadas recebem salários inferiores aos pagos aos agentes federais, sejam da Polícia Federal, Policias Militar e Civil de Brasília, e Policia Rodoviária. Tem ascensorista do Congresso Nacional que tem salário superior aos proventos de um coronel do Exército.
Militar ganha pouco, mesmo sendo de carreira de Estado, porque o contingente das FFAA é grande, alegou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, quando se discutia o reajuste salarial há três anos atrás.
Militar é assim mesmo. Acredita em Papai Noel.
Promete-se reequipar as FFAA, construindo submarinos, até um movido a energia nuclear, aviões de caça de última geração, e material ultramoderno de uso terrestre. Só promessas. Mas não se fala em reajuste salarial, porque esta promessa costuma ser cobrada. Não tocando no assunto, não se assanha as abelhas!
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Leia o restante do texto em Pequenas Histórias

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