quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Argentina: "São Chamados Baixas de Combate" — Cronologia de Uma Traição

Com relação à vergonhosa atuação da grande maioria dos Generais (é preciso diferenciar claramente os poucos que se manifestaram com a dignidade própria de um Soldado, como os Generais Pritz, Terrado, Aparício, Gomes e Anshutz) no tratamento das Promoções dos Oficiais denominados "Portadores de Sobrenomes" — generais temerosos e cem por cento dedicados aos interesses do Ministério da Defesa em sua ânsia de vingança e subjugação das Forças Armadas , é necessário analisar as desculpas que tentam apresentar alguns desses personagens para justificar a imoralidade cometida.
Alegam que a esse pessoal ("Portadores de Sobrenomes") não restava outro remédio que considerá-los "Baixas de Combate", que é o mesmo que dizer que "nada mais se podia fazer por eles", "esqueçamo-nos deles" ou o que é pior, que "foram abandonados para preservar certos interesses da Força".  Quais serão esses interesses?  Qual será o bem que fazem à Instituição com atos de injustiça tão manifesta?  Qual será a promessa que lhes efetuará o Ministério da Defesa para que o Comando da Força traia seus homens?
A resposta, lamentavelmente não encontraremos em promessas de melhora da Situação da Instituição, porque o orçamento diminui cada vez mais, os cursos, exercícios e comissões se reduzem, o equipamento se deteriora e não se antevê substituição, os estoques de munição se esgotam, os imóveis são alienados para alimentar sabe-se lá quais cofres, a educação nos Institutos se sovietiza, tentam modificar os valores Institucionais permanentes pela política de delação e de denúncias anônimas, etc, etc, etc.
Isto só nos deixa a possibilidade de que as promessas recebidas por entregar os seus soldados não são voltadas a possíveis benefícios para a Força mas sim na espúria direção do bem-estar pessoal dos Generais. Manter seus postos e privilégios por mais um ano! Gozar as prebendas de suas casas de campo, seus automóveis e camareiros! Continuar com os vencimentos de militar da ativa (recebendo 'por fora' mais 75% dos mesmos) e não passar pela situação humilhante em matéria de situação financeira em que vivem seus camaradas inativos! E, sabe-se lá, que outras promessas!
Baixas de combate abandonadas, soldados deixados à própria sorte, sem a responsabilidade latente do Superior de velar por eles!  É oportuno neste momento, contrastar essas atitudes com um só exemplo, para perceber a crise moral que envolve a esses personagens.
O exemplo vêm da Guerra das Malvinas e para compreendê-lo é só ler a Condecoração concedida pelo Congresso da Nação a um jovem Oficial da Força, por uma ação desenvolvida naquela contenda: "Ao Tenente José Gómez Centurión: A Nação Argentina ao Heroico Valor em Combate — por executar em 28 de maio, durante os combates em Darwin, um contra ataque à frente de sua seção, enfrentando intensa oposição inimiga. Quando foi intimado a render-se, continuou combatendo, ocasionando importantes baixas aos ingleses. Ao retirar-se, evacuou um soldado seriamente ferido com risco para sua própria vida. À noite, junto a dois voluntários, se infiltrou nas fileiras inimigas para resgatar um suboficial ferido, o que felizmente conseguiu." O então Subtenente Gómez Centurión evidentemente não pensou em seu subalterno como uma "Baixa de Combate" ou "na conveniência de deixá-lo abandonado em função de interesses para a organização".  Cumpriu com seu dever de Superior velando pelo seu subalterno, pondo em real perigo sua própria vida (e perder a vida não se iguala à possibilidade de ter que deixar uma casa de campo, o automóvel funcional e alguma outra prebenda).
Evidentemente aquele Oficial, como muitos outros, se educou com valores (muito diferentes das atitudes assumidas pelos atuais Generais da Força) como valor, camaradagem, sentido do dever, lealdade mútua entre superior e subalterno, sentido de justiça, obrigação de velar pela vida de seus homens, exemplo pessoal, hombridade, e tantos valores mais, avassalados impunemente por esses homens.
Porém, nem tudo está perdido, ainda se pode reverter esse contraste, desde que cada um dos homens da Força eleja o lado no qual queira estar, e que cada um com firmeza se pronuncie e decida, tal qual nos conta a história, fizeram os Espartanos de Leônidas nas Termópilas:
"... Por isso, quando vimos a Xerxes na colina, vestido de seda engastada com pedras preciosas, o desprezamos. Não obstante, naquela mesma tarde ele nos ofereceu um carro carregado com ouro em troca de deixar livre a passagem, e nós sentimos de novo o verme da cobiça no nosso interior, e creio que ninguém se viu livre de desejar essas riquezas, abandonar o desfiladeiro e viver, porém Leônidas se pôs à nossa frente e falou: 'Talvez algum de nós deseja ir viver em Corinto', disse, 'o que quiser, pode pegar a sua parte e abandonar-me. Ao que assim faça, recomendo que carregue muito ouro para esquecer o rosto dos amigos que deixa para trás, e lhe fará falta ainda mais para esquecer o sangue dos que morrerão por sua traição mais além do desfiladeiro'. Disse isto e ficou em silêncio, e ninguém se moveu, e nenhum só de nós baixou as armas, e por um momento, só por um momento, nos regozijamos por estar ali junto ao nosso rei".
A intenção de difundir estes fatos não é a de injuriar, nem humilhar, nem prejudicar a ninguém, por que isto realmente aconteceu, tendo cada um que arcar com seus atos, sabendo aqueles que agem por fora dos valores imutáveis da Instituição que suas ações não passarão daqui em diante de forma desapercebida, arrastando consigo a vergonha de seus procederes, ante seus pares, seus subordinados e sua Pátria.
Fonte:  tradução livre de AFyAPPA
COMENTO:  os denominados "Portadores de Sobrenome" (Portadores de Apellido) são os atuais militares que foram excluídos ou rebaixados nas listas de promoção por serem descendentes (filhos ou netos) de militares que combateram os terroristas argentinos na segunda metade do século passado. Não contentes com os cerca de 400 antigos militares presos "aguardando julgamento por delitos contra os direitos dusmanos" (dos quais mais de uma centena pereceu no cárcere), os remanescentes dos grupos terroristas argentinos alçados ao poder estendem sua vingança contra os descendentes daqueles que os derrotaram pelas armas. Para uma melhor compreensão do fato, leia, em espanhol, este outro artigo de AFyAPPA. Repito aqui que a Argentina de hoje tem tudo para ser o Brasil de amanhã. Eis aí uma ideia que espero não seja copiada por nossas Comissões de Promoções das Forças Singulares.

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