quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Honra, a Quem Honra Merece!

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O resgate quase milagroso dos 33 mineiros chilenos enterrados vivos na mina San José encheu de justo orgulho toda a nação sob a liderança de seu presidente Santiago Piñera que permaneceu dia e noite junto a sua esposa junto à abertura por onde foram saindo um a um, como em um prolongado parto da mãe terra, os 33 mineiros depois de 70 dias encerrados a 2000 pés de profundidade [aproximadamente 600 metros] nas entranhas da terra.
Foi um dia de ação de graças e de um júbilo indescritível onde repicaram os sinos das igrejas do Chile ao sair de sua prisão o primeiro e o último dos 33 mineiros. Não era para menos, esses mineiros honraram sua estirpe mantendo-se unidos e com uma moral e integridade tão alta que até se negaram a tomar remédios para controlar o estresse e a depressão que acarreta o encontrar-se ante uma situação tão extrema como é a de estar praticamente enterrado vivo.
O mundo inteiro se uniu e acompanhou o povo chileno em suas vicissitudes e regozijos, e mais pessoas viram o resgate dos mineiros que a chegada do primeiro cosmonauta americano à lua.
Sem dúvida, ainda que seu chanceler Alfredo Moreno já havia elogiado ao país norte-americano por haver “respondido ao pedido de ajuda de maneira imediata” frente ao acidente na mina San José, correspondia ao presidente Piñera expressar seu agradecimento aos americanos ao consumar-se com êxito a operação de resgate e reconhecer ante o mundo que foram companhias e técnicos dos Estados Unidos os que fizeram possível, com a ajuda de Deus, que se consumasse o miraculoso resgate.
Foram companhias privadas americanas que junto a engenheiros da NASA efetuaram com êxito o resgate dos mineiros chilenos, algumas das quais o fizeram generosamente pro-bono (*) apesar que o presidente Piñera, com uma fortuna de mais de dois bilhões de dólares, podia ter coberto com seu próprio dinheiro e sem grande esforço os US$ 10 milhões que custou a operação de resgate.
As companhias da Pennsylvania, Schramm e Center Rock construíram os equipamentos e as brocas usadas para chegar onde se encontravam os mineiros.
Por outro lado, a companhia UPS levou da Pennsylvania ao Chile 13 toneladas de equipamentos para perfuradoras em menos de 48 horas e sem cobrar ao governo chileno um só centavo. Outra companhia americana doou aos 33 mineiros os óculos espelhados especiais a um custo de US$ 400 cada um para evitar danos a suas retinas ao saírem à luz do dia.
Especialistas americanos das companhias Layne Christensen de Wichita/Kansas e sua subsidiária, Geotec Boyles Bros. manejaram as maquinas e brocas que aumentaram o diâmetro do túnel que chegaria ao lugar onde estavam os mineiros fazendo possível seu resgate. Para esse trabalho trouxeram Jeff Hafrt de Denver Colorado, que se encontrava no Afeganistão, contratado pelo Exército americano, perfurando poços em busca de água.
A companhia Atlas Copco Construction Mining de Milwauke/Wisconsin, coordenou o uso dos distintos equipamentos que operavam com especificações diferentes.
A Companhia Aries Central Califórnia Vídeo de Fresno, Califórnia, desenhou as câmaras especiais que foram baixadas uma milha até onde se encontravam os mineiros, enviando imagens televisivas à superfície.
Zephyr Technologies de Annapolis/Maryland, enviou monitores que enviavam relatórios dos sinais vitais dos mineiros que foram usados durante sua subida à superfície.
Foram os engenheiros da NASA de Houston os que desenharam a cápsula Fénix que foi construída pelos engenheiros navais do Chile e que conduziu os mineiros à superfície. A NASA também deu assessoramento médico, inclusive o psicológico, e  de dietas especiais, assim como os trajes especiais usados para manter estável a pressão sanguínea dos mineiros durante seu ascenso à superfície.
Também de Houston tiveram papel central uma companhia especializada em equipamentos “gyros(**) para medidas de precisão e a companhia Drillers Supply International cujo dono tinha laços íntimos com o Chile onde havia trabalhado por 25 anos. Sua companhia serviu de contratista geral para o Plano B de perfuração que possibilitou chegar até os mineiros.
E como um exemplo ao mundo, depois de trabalhar arduamente no resgate durante mais de 30 dias e coroá-lo exitosamente, assim como chegaram, se foram os americanos caladamente para não roubar a cena e para que os chilenos desfrutem na plenitude a glória desse resgate histórico.
Há que reconhecer que Piñera mostrou ser um grande líder, que não teve  obstáculo em pedir ajuda imediata dos Estados Unidos, já que antes de tudo, o mais importante era resgatar com vida os mineiros presos a  mais de dois mil pés de profundidade.
Mas Piñera se esqueceu de honrar os que fizeram possível um milagre que o colocou nos anais da historia universal.
Fonte: tradução livre de  Red Democratica
(*) trata-se de uma atividade exercida por profissionais competentes, os quais a praticam de forma voluntária e sem serem pagos pelo serviço prestado. (Wikipédia)
(**)  abreviatura para giroscópio, um dispositivo de estabilização da orientação (Wikipédia).
COMENTO:  já escrevi aqui que é inegável a capacidade dos militares norte-americanos de gerar antipatia nas regiões onde atuam. Por outro lado, não se pode fechar os olhos ao uso que os "yankees" fazem da tecnologia a seu alcance. Como bem lembrou um leitor do Claudio Humberto, em 17 Fev 2010 (Tecnologia dos USA na tragédia do Haiti), enquanto muitos países doaram milhares de garrafões de água a serem transportados por aviões, a utilização da tecnologia de dois gigantescos navios atracados em Porto Príncipe permitiu que fossem dessalinizados rapidamente pelo porta aviões USS Carl Vinson cerca de 200 mil galões diários de água para os haitianos, que somados aos 300 mil galões diários produzidos pelo navio-hospital USNS Comfort, amenizaram o problema da sede daquele sofrido povo. Podemos não gostar deles, mas temos que reconhecer sua capacidade de trabalho fundamentada na tecnologia, tanto dos militares quanto dos civis. E sua atuação no Chile vem ratificar isso. Eles tem motivo para ser, se não arrogantes, pelo menos vaidosos. E nós não podemos deixar que o antiamericanismo nos deixe só com inveja. São exemplo a ser seguido.
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