quinta-feira, 4 de março de 2010

Torceram Para Que Fosse Atentado, Mas Está Comprovado o Latrocínio

por José Luiz Prévidi
Agora vão deixar o Eliseu Santos descansar em paz. Se depois de morto a alma — ou seja lá o nome certo — acompanha por um tempo o que está acontecendo entre os vivos, em todos os sentidos, ele deve estar dando muita risada. Principalmente, deve estar debochando muito daqueles opinadores que nos aporrinham há quase uma semana com a história do “atentado”.
Os “semeadores de verdades” estavam a mil. Alguns gênios da RBS, integrantes de partidos chamados de esquerdistas, como do PSol, PT e PDT, entendidos em investigação e alguns jornalistas que adoram repetir o que é dito ou escrito pelos veículos da RBS babavam! Rigorosamente todos cheios de razão — “foi atentado”.
Ontem, os delegados da Polícia Civil anunciaram que os assassinos de Eliseu Santos queriam o seu carro. Não queriam sequestrá-lo ou matá-lo. Através do sangue, colhido no asfalto, de um dos bandidos que ficou ferido, se chegou a um xará do ex-secretário da Saúde de Porto Alegre. Um bandido comunzinho, ladrão de carros. E já sabem quem são os outros dois.
Depois de assistir a entrevista dos delegados da Polícia Civil, fiquei pensando no triste papel dessas pessoas que queriam que fosse um atentado. Para completar, o superintendente da Polícia Federal diz que Eliseu Santos confessou que já tinha matado um sujeito. O que ele pretendia com esta “revelação”?
A RBS TV desmontou a afirmativa do chefe da Federal, ao entrevistar o sujeito que foi ferido por Eliseu Santos — não passou de uma discussão de trânsito.
À noite, fui reler um texto publicado na Zero Hora de sábado, escrevinhado por um dos luminares do jornalismo guasca — “Os semeadores de tempestades”.
Lá pelas tantas diz o aspirante a detetive: “...convicção generalizada de que o secretário havia sido executado por algum de seus tantos desafetos”.
Em outro parágrafo, definitivo como todo dono da verdade, escrevinha: “O elo entre os dois casos (Eliseu e José Antônio Daudt) é inevitável. Semeadores de tempestades, impulsivos, irascíveis diante de microfones, mas cordiais e amáveis no trato pessoal, Eliseu e Daudt eram políticos assentados na controvérsia. Suas mortes guardam no primeiro momento a mesma aura de mistério. Por que morreram? Quem são os executores? Quem mandou matar?”.
Cá entre nós, comparar o ex-secretário Eliseu Santos com o jornalista/deputado estadual José Daudt é uma das coisas mais absurdas e ridículas que li nos últimos tempos.
Encerra sua brilhatura, aconselhando: “Mais de duas décadas depois, a polícia gaúcha tem a chance de se redimir, e não cometer os mesmos erros e omissões de primeira hora que deixaram o Caso Daudt sem um condenado até hoje”.
Vou te contar, hein?
O Eliseu Santos, no novo “plano espiritual”, deve ter pensado:
— A gente morre e não vê tudo!

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