sexta-feira, 19 de março de 2010

Imprensa Canoniza Santo Bispo Glauco

.
Ao que tudo indica, o assassinato do cartunista da Folha elevou o Santo Daime a um status de nobreza. Enquanto os jornais conferem uma condição de vigaristas a criadores de igrejas como Edir Macedo, R. R. Soares, Silas Malafaia, Estevam Hernandes, Glauco é tratado como líder religioso. Diz Chico Caruso, colega de tirinhas: “Conheci o Glauco no Salão de Humor de Piracicaba. Tinha um espírito anárquico, suas charges eram muito engraçadas e jovens. Era surpreendente que fosse tão iconoclasta e ao mesmo tempo bispo de uma igreja”.
A revelação é de Caruso. A imprensa jamais nos contou que o cartunista era bispo. Talvez porque ser bispo seja um tanto incompatível com ser irreverente? Ou quem sabe se porque ser bispo hoje em dia não recomenda ninguém? A Folha de São Paulo costumava pôr a palavra bispo entre aspas, quando se referia a Edir Macedo. Para Glauco, aspas nenhuma. Diz o portal Terra:
Na casa de Glauco, eram realizados cultos da Igreja Céu de Maria, que segue a filosofia do Santo Daime, prática religiosa cristã, ecumênica, que repudia todas as formas de intolerância religiosa. Os seguidores tomam o chá conhecido por esse nome. Para eles, a bebida amplia a capacidade perceptiva, criativa, cognitiva e de discernimento, elevando a consciência do ser humano”.
De repente, não mais que de repente, o Santo Daime, um culto estúpido criado por um seringueiro analfabeto, vira prática religiosa cristã. E a ayahuasca vira bebida que amplia a capacidade perceptiva, criativa, cognitiva e de discernimento, elevando a consciência do ser humano. Só o que faltava uma lavagem emética ampliar qualquer capacidade perceptiva. Capacidades intelectuais só se ampliam com uma coisa chamada leitura. Não com chás de cipó ou ervas outras, como pensa certa intelectuália.
Isso sem falar que bispo Glauco deu o nome de Raoni a seu filho, também assassinado. Ora, nos anos 80 o homenageado Raoni, cacique txucarramãe, exibia orgulhosamente aos jornais a borduna com que matou onze peões de uma fazenda. Não só permaneceu impune, totalmente alheio à legislação brasileira, como foi recebido com honras de chefe de Estado na Europa. O papa João Paulo II, François Mitterrand e os reis da Espanha, entre outros, o receberam como líder indígena. Raoni, com seus belfos, se deu inclusive ao luxo de expor sua pintura em Paris. Um dos quadros do assassino atingiu US$ 1.600 em uma lista de preços que começava a partir de mil dólares. No final do ano passado, Raoni recebeu o título de Dr. Honoris Causa pela UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso). Enfim, isso de universidades homenagear assassinos está virando praxe acadêmica. Fidel Ruz Castro é Dr. Honoris Causa pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Pai que faz reverências a um assassino, boa gente não pode ser.
Há pessoas que atraem sua própria morte. Ora é a mulher que casa com um marido ciumento, a menina que opta por um macho possessivo, a mãe que dá apoio a um filho drogado. Ou o bispo que cria um fiel mais fanático — ou mais vigarista — do que ele mesmo. Parece ter sido o caso de bispo Glauco. Em vídeo gravado para a Bandeirantes, declarou o criminoso: Vão me foder com a vida. Aí, eu peguei e falei: você fodeu com a minha. Demorou, vou foder com a sua também. Aí, atirei nele. Aí, o filho dele veio para cima de mim. Atirei no filho dele também.

Ou seja, há mais coisas neste crime do que a nossa vã imprensa presume. Ou omite. Mas a mentira tem pernas curtas. Mais dia menos dia virá à tona o que aconteceu no templo do cartunista. Todo criador de religiões é um vigarista, vide Paulo de Tarso. A Folha está canonizando bispo Glauco. Será porque Otávio Frias Filho um dia degustou o cipó místico? Ou porque os redatores da Folha são simpáticos a certas ervas?
Difícil saber. O fato é que a imprensa está absolvendo um vigarista, só porque além de pertencer a seus quadros, foi assassinado. Acontece que ser assassinado não é critério de santidade.
Muito menos de honestidade, que é algo muito diferente.

Um comentário:

Arlindo Montenegro disse...

Então Tuaregue, religião sem droga é censurada, cassada, perseguida e proclamada "ópio do povo" pelos in-volucionários. Mas reunião com droga cujo efeito é semelhante à heroína, é para esta gente a "nova religião", com "bispo" e tudo. Se é bom para idiotizar é bom para o PT. Toda involução é boa para a revoluçaõ.