quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Me Arrependi

O texto abaixo é um artigo de 28 de dezembro de 2009 do Coronel da reserva do Exército Argentino, Emilio Guillermo Nani, outrora um herói nacional e hoje caluniado como “violador dos direitos humanos” dos terroristas, traduzido e publicado por Graça Salgueiro.
O artigo retrata uma verdade tão amarga e cruel que vale como reflexão, não só para os militares como para os civis, que tanto se beneficiaram com o excelente serviço prestado pelos “Velhos Soldados” e que hoje estão sendo ameaçados de ter o mesmo destino dos militares argentinos.
Obviamente que o Cel Nani faz um desabafo irônico, pois ele não é capaz de se acovardar e renegar seu passado glorioso num momento tão grave. Entretanto, observem que, se trocarmos os nomes dos personagens, todas as denúncias que ele faz se encaixam como uma luva no Brasil. Os terroristas posando de anjos amantes da liberdade e democracia, as mortes políticas, as falcatruas, o enriquecimento ilícito dos que se adonaram do poder, tudo, absolutamente tudo o que ele fala estamos vivendo igualmente!
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. "Hoje é o Dia dos Inocentes, por isso que o elegi para escrever estas linhas, porque, embora tarde, me dei conta de que fui um estúpido inocente.
O amor à Pátria me impulsionou a seguir a carreira militar, a combater o terrorismo subversivo e a participar na recuperação das Ilhas Malvinas.
Em ambas as guerras fui gravemente ferido e por ambas as guerras terminei convertido em genocida violador dos direitos humanos, sendo merecedor do repúdio por parte da mesma sociedade que me pedia aos gritos que fizesse algo para erradicar o perigo das bombas, dos seqüestros, dos assassinatos e me alentava a lutar contra o usurpador inglês. Desaparecido o perigo terrorista e tendo sido derrotado nas Malvinas, apareceu o repúdio social. Aqueles aos quais nada lhes importou, conquanto lhes devolvêssemos sua tranqüilidade e a glória, foram os primeiros a pedir as cabeças dos que deram tudo de si para consegui-lo somando-se à chusma rancorosa. E hoje esperam que algum juiz decida montar uma causa para privá-los de sua liberdade, tal como sucedeu e sucede com quase 700 camaradas que se encontram ilegal e ilegitimamente privados das suas, por decisões de um poder político corrupto e violento e de juízes federais que, renegando o sagrado cumprimento do dever, cometem nada menos que 31 aberrações jurídicas para mantê-los nas masmorras do regime.
Outros 88 morreram em cativeiro como conseqüência do abandono, da indiferença e da ausência absoluta de um sistema de saúde adequado.
Depois de esperar em vão algum tipo de apoio ou reação por parte desta sociedade apática e hipócrita que, graças ao sacrifício de milhares de argentinos, hoje goza de uma imerecida liberdade, cheguei ao triste momento do arrependimento.
Depois de ver sistematicamente cerceado o direito à liberdade daqueles que combateram o terrorismo em defesa da Nação e do seu povo, enquanto os que os atacaram, como os reconhecidos criminosos terroristas Rodolfo Walsh, Juan Gelman, Carlos Bettini, Luis Eduardo Duhalde, Rodolfo Matarollo, Esteban Righi, Horacio Verbitsky, Eduardo Anguita, Hernán Invernizzi, Mario Kestelboim, Luis Mattini, Gustavo Plis Steremberg, Jorge Taiana e tantíssimos outros, gozam de adocicados tratamentos, ao arrependimento lhe somei o asco.
Me arrependo de tudo o que fiz em defesa de minha Pátria.
Me arrependo do pouco ou muito que fiz para impedir que o projeto castro-comunista, que as organizações terroristas tentaram nos impor por meio da violência, imperasse em nossa Pátria.
Me arrependo de ter contribuído para que os argentinos hoje desfrutem de uma liberdade que não merecem, porquanto muitos deles, assumindo uma atitude canalhescamente miserável, desde essa liberdade ganhada à custa de sangue, se façam de distraídos ante os sucessivos ataques às Forças Armadas, de Segurança e Policiais que tiveram a responsabilidade de nos libertar do flagelo do terrorismo.
Com muitíssima tristeza cheguei à conclusão que esta sociedade não merece uma só gota de sangue derramado para conquistar esta liberdade, impedindo que o projeto montonero-erpiano-emetepista[1] se adonasse de nossa Pátria; não merece uma só lágrima dos familiares e amigos daqueles que deram sua vida em sua defesa; não merece um só segundo da angústia dos seres queridos daqueles que hoje padecem injusta privação da liberdade.
É por isso que, sendo consciente de que é pouco menos que impossível a instauração em nosso país de um regime estilo Cuba, Nicarágua ou do Leste Europeu, que afundaram seus povos no atraso, na miséria e na desesperança, enquanto seus hierarcas se enriqueciam à custa de seu sofrimento, decidi apoiar qualquer projeto que, embora de longe, se lhes pareça.
Por todo o exposto, desejo que o atual governo consiga “aprofundar seu modelo”, para que:
— Possa acabar de arrasar com a propriedade privada;
O sistema de saúde continue levando à morte segura a milhares de argentinos;
— A insegurança continue se desenvolvendo até seu máximo esplendor;
A droga, o desenfreio e o álcool continuem descerebrando crianças e adolescentes;
— Os empresários amigos do poder, com os Eskenazi, os Lázaro Báez, os Cristóbal López, os Wertheim, os Ferreyra, os Sergio Tasselli, os Aldo Ducler, os Rudy Ulloa Igor, os Albistur, etc., e os integrantes dos poderes do Estado, possam continuar se enriquecendo à custa da fome, do desespero e da morte do povo argentino;
O narcotráfico continue financiando as campanhas políticas do oficialismo;
De uma vez por todas desapareçam as liberdades de imprensa e de expressão;
— Os acidente de trânsito continuem cobrando milhares de vítimas;
— Centenas de idiotas escondidos detrás de seus computadores e “nicks” possam continuar insultando, sabendo que dificilmente os destinatários de seus agravos se inteiram disso, e continuar conduzindo seus “gloriosos” combates virtuais, exigindo dos outros o que não são capazes de fazer;
— O jogo de Cristóbal López continue levando à pobreza àqueles que, em sua desesperança, busquem uma “salvação” econômica que nunca chegará;
O sistema educacional siga embrutecendo nossas crianças e jovens;
— As constantes violações à Constituição Nacional continuem o longo crescimento dos perjúrios que, ano após ano, declamam defendê-la e nada fazem para consegui-lo;
— Os medicamentos falsos matem os sobreviventes da insegurança, dos acidentes de trânsito e das drogas;
Os sindicalistas possam comprar campos e empresas à custa da desocupação, indigência e pobreza dos representados;
— Os De Vido, Jaime, Uberti e seus empresários amigos continuem fazendo copiosos negócios à custa da pilhagem e desperdício dos recursos da ANSESS;
— Os desaparecidos fundos de Santa Cruz continuem em poder do casal K;
Acabem de destruir o Sistema de Defesa Nacional e as Forças Armadas;
— Possam conseguir a obrigatoriedade de todas as mulheres a abortar e o casamento entre homossexuais;
— A violência continue assassinando àqueles que, com seu trabalho fecundo, têm contribuído para que a Argentina subsista, apesar dos esforços da corporação política mais corrupta de nossa história;
Os organismos públicos continuem sendo povoados com familiares, amigos e amantes dos detentores do poder, enquanto que se negue a milhões de argentinos o acesso a um trabalho digno;
Os funcionários possam continuar utilizando os bens do Estado em benefício próprio;
— Os terrenos que restam em El Calafate continuem sendo vendidos a preço vil;
— Os subsídios, os fideicomissos e os fundos fiduciários continuem sendo dilapidados e indo parar nos bolsos de funcionários corruptos;
— As bolsas com dinheiro que apareçam nos banheiros ministeriais deixem de preocupar os ministros[2];
Os dinheiros mal havidos e as faturas falsas possam ser lavados definitivamente;
As mortes políticas, como a de Cacho Espinosa, Julio López e Vittorio Gotti caiam no esquecimento;
— Os órgãos de controle continuem descontrolados;
— Os Claudio Uberti possam conseguir mais valises com dólares;
— Assim como usaram os vôos de Southern Winds para traficar drogas, agora possam fazer o mesmo com a nossa “recuperada” linha de bandeira;
— Possam continuar fazendo desaparecer pessoas caídas nas redes de prostituição ou no tráfico de órgãos;
— Todo o povo argentino fique excluído de toda a possibilidade de paz social, tranqüilidade e prosperidade;
Continuem anunciando obras públicas que nunca serão concluídas e se paguem por elas preços super-faturados que continuem engordando as arcas dos detentores do poder;
— Os juízes possam acabar de suspender os ladrões enriquecidos ilicitamente;
Que se consolidem nossos vínculos bolivariano-indigenistas com Chávez, Morales, Correa, Zelaya e Castro, de modo tal que se possa ficar definitivamente fora do mundo desenvolvido;
— Os juízes possam continuar utilizando o delito do prevaricato como metodologia para negar a Justiça;
— Conseguir que a Argentina ocupe o lugar mais elevado em corrupção;
— A juventude K possa continuar voando grátis por Aerolíneas Argentinas para ver eventos desportivos, enquanto o povo continue morrendo de fome;
— Continuem destruindo o aparato produtivo e continuem se adonando de empresas como YPF, Aerolíneas Argentinas, Papel Prensa, Massuh, Banco de Santa Cruz, etc.;
O ódio, a vingança e a confrontação permanente continuem se assenhoreando em nosso país;
— Enfim, para que a união nacional, o afiançamento da justiça, a consolidação da paz interior, a provisão da defesa comum, a promoção do bem-estar geral e a segurança dos benefícios da liberdade estabelecidos no Preâmbulo de nossa Constituição Nacional e na própria Constituição Nacional, fiquem definitivamente convertidos em letra morta.
Talvez não cheguemos a ser como Cuba, Romênia ou Alemanha Oriental, porém ao menos nos pareceremos.
Talvez seja nesse momento que esta sociedade desperte e tome consciência — embora tarde — do que pudemos ter sido e, por sua hipocrisia, cinismo e indolência, não pudemos ser.

Emilio Guillermo Nani"
[1] Aqui o autor refere-se a três bandos terroristas que praticaram incontáveis atos criminosos nos anos 60-80 na Argentina, financiados e mantidos ideológica e logisticamente por Cuba: “Montoneros”, “ERP” (Ejército Revolucionario del Pueblo) e “MTP” (Movimiento Todos por la Pátria). Poderíamos fazer um paralelo entre esses bandos criminosos e os que imperavam no Brasil, na mesma época e condições: ALN, VPR, MR-8, etc., dos quais foram protagonistas Carlos Marighela, Dilma Rousseff, Franklin Martins, dentre outros hoje aboletados no poder.
[2] Este caso refere-se à uma ministra, que depois entregou o cargo, por terem encontrado no banheiro de seu gabinete ministerial uma bolsa de sua propriedade abarrotada de dólares, a qual ela não soube explicar “como fora parar ali” nem sua procedência. Foi um escândalo monumental mas, como nos tantos casos daqui, não deu em absolutamente nada!
Tradução e comentários: G. Salgueiro
Fonte: Notalatina
COMENTO: destaquei em cores algumas das previsões do Cel Guillermo Nani para o futuro da Argentina. Algo parecido com o Brasil? É claro que não é mera coincidência!! Povinho Inútil!!

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