sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Quase Secreto Jantar Francês de Jobim

Porque a agenda do Ministro da Defesa era tão imprecisa e vaga naquela tarde-noite francesa?
Foto:  Arquivo
Onde jantou o Ministro Jobim no dia 16 de julho de 2009?
Ministro Nelson Jobim, 63 anos, (PMDB-RS) tem obrigação de ser experiente. Afinal já exerceu funções importantes nos três poderes da república. Foi do poder legislativo, Deputado Federal Constituinte, Ministro da Justiça do Governo Fernando Henrique, Presidente do Supremo Tribunal Federal e no Governo Lula há 02 anos exerce o cargo de Ministro da Defesa.Sempre foi exibido e imagina-se um poço de sabedoria, isso, às vezes, atrapalha, como no recente acidente do avião da Air France quando foi chamado de “Bavard”, falastrão pela imprensa francesa, por ter assumido a responsabilidade de falar sobre o acidente e ter dito uma porção de sandices.
Na semana, de 11 a 19 de julho, o Ministro Jobim passou na França. Cumprindo uma agenda leve mas muito bem tratado, não pelo seu desempenho como porta-voz do acidente aéreo, mas porque ele representa um negócio de bilhões, que nesse momento de crise, cresce de ainda mais em importância, para o governo Frances e a indústria de armas do país.

Estranhamente a viagem de Jobim à Paris foi feita na maior discrição. Mesmo quando abordado se fez mudo e reticente, fugindo as suas características.
Chegou a Paris no sábado e ficou até a segunda sem agenda oficial. Um fim de semana aborrecido em Paris, da mesma maneira que seu chefe Lula, havia feito na semana passada. Na segunda-feira almoçou com M. Hervé Morin – Ministro da Defesa da França (Hotel de Brienne) e uns compromissos com integrantes do Ministério de Sarkozy.

No dia seguinte, da tribuna de honra do Governo Francês, em meio a autoridades de todo o mundo, assistiu o desfile de 14 de julho, dia nacional da França, quando se comemora a Tomada da Bastilha.
No dia 15 Jobim visitou a fábrica dos aviões Rafale e deu um passeio no caça supersônico, em velocidade moderada.
Depois disso, os outros lugares visitados pelo ministro, nos outros dias da semana, constante de sua agenda oficial, foi um tour a vinhedos e recantos turísticos refinados.

Esteve em Cannes-La-Bocca, Toulouse, Mont-de-Marsan e Bordeaux, entre outros.Um item da agenda do Ministro, porém, chamou a atenção, falava de uma ida a Saint Emilion, como se Jobim, tivesse a missão de examinar os refinados vinhedos da região.
O blog do Colunista, da Revista Veja, Antônio Ribeiro, sediado em Paris estranhou e descobriu que o verdadeiro motivo da ida de Jobim a Saint Emilion era um jantar no exuberante Chateau Dassault. O Ministro achou que não ficaria bem que o distinto público soubesse que ele era comensal dos Dassault.Estava certo o Ministro, não é mesmo recomendável, que um funcionário público, que negocia com empresas privadas, tenha relações tão aconchegantes com o fornecedor, em condições tão especiais, fora do ambiente e do clima de negociação oficial.

Foto: Divulgação

O avião de caça francês, que será comprado pela Força Aérea Brasileira

A família Dassault, além de outros negócios, como vinhos finos, é também fabricante do caça Rafale, o avião cuja fabrica o ministro visitou e que ganhou a concorrência para renovar a esquadrilha da Força Aérea Brasileira (FAB).
A agenda disfarçava um momento íntimo, entre o ministro gestor brasileiro e o industrial francês.
Trata-se de um negócio de R$ 4 bilhões, pela compra de 36 aviões. Para se ter uma ideia da importância da transação, o governo brasileiro está adquirindo, através do Ministro, toda a capacidade de produção da indústria aérea militar francesa por um ano e três meses.
A compra tem muita importância também, pois será a primeira vez que um cliente externo adquire as aeronaves, até então vendida apenas para a Força Aérea Francesa.
Por que desconfiaríamos de um simples jantar? Que mal há nisso?
Em outras nações, descoberto o evento, o Ministro estaria dando muitas explicações e teria ameaçada a sua permanência no cargo.
Mais que tudo isso, deve-se levar em conta que o típico peemedebista Nelson Jobim, não merece muita confiança.
Sua trajetória política revela alguém capaz de servir a distintos senhores, desde FHC a Lula. Não foi nada ético nem elegante, sua saída do STF, para um ministério no poder executivo, tendo antes pleiteado a vaga de vice-presidente no lugar de José Alencar, na reeleição de Lula.
Quem garante que gente assim, não pode de repente deixar de defender os interesses do Brasil e favorecer os fabricantes franceses?
O Ministro gostou tanto de sua estada em Paris, que talvez não tenha nem voltado ao Brasil: sua agenda dessa segunda-feira indica que ele estará de férias até o fim do mês.
"Bon repos ministre!”

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