sábado, 8 de agosto de 2009

Esmolas ou Oportunidades

Mauri Adriano Panitz*
Pois é, acabaram com a democracia, acabaram com a liberdade de imprensa e converteram safadezas em segredo de justiça. Ninguém mais pode discordar. “São uns imbecis, os que discordam do assistencialismo” disse o defensor do decano do senado.
Não resta dúvida de que a política assistencialista do governo federal ao ser implementada visava o bem-estar social do povo. Afigurava-se como uma boa idéia dos idealizadores desses programas, que destinado a ações sociais de causar inveja, não só a caridosa Irmã Dulce, mas também ao generoso Robin Hood, o fora-da-lei que roubava dos ricos para dar aos pobres. Seria, teoricamente, uma boa política de justiça social, não fossem os interesses subalternos, clientelistas, eleitoreiro-cabresteiros em que, na prática, ela se transformou.
O objetivo desses programas seria o de reduzir a pobreza a curto e longo prazo para acabar com a miséria e a fome endêmica nas próximas gerações, mas nunca foram realmente seguidos pelos seus gestores. Tais programas nada mais seriam do que mecanismos condicionais de transferência de recursos dos cofres públicos para a multidão de desempregados e famintos existente em nosso país.
Mas, pelo visto, eles nada mais são do que uma sacada de marketing político-eleitoreiro, que caiu nas graças da mídia internacional, como o jornal Le Monde que, por desconhecer quão iníqua é a política brasileira, elogiou a ideia referindo que "o programa Bolsa Família amplia, sobretudo, o acesso à educação, a qual representa a melhor arma, no Brasil ou em qualquer lugar do planeta, contra a pobreza.” O mesmo não ocorreu com parte da mídia nacional, talvez mais investigativa, como é o caso da Folha de S. Paulo que questionou o baixo índice de aprovação escolar das crianças pertencentes a famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família, que é bem menor do que nas famílias pobres não-beneficiadas pelos messiânicos programas que, anualmente, custam aos cofres públicos cerca de 12 bilhões de reais.
No Brasil, menos do que 70% das crianças concluem o ensino fundamental e somente 22% dos jovens concluem o ensino médio. São 15 milhões de analfabetos e cerca de 30 milhões de analfabetos funcionais. Já no Maranhão e outros estados do norte e nordeste brasileiro, onde boa parte da população é beneficiada por programas assistencialistas, tem um “PIB per capita” tão baixo que é insuficiente para sustentar sequer uma família. Em contrapartida, têm políticos mais ricos e poderosos do país. São todos plutocratas patrimonialistas envolvidos em inquéritos, por corrupção ou concussão, evasão e lavagem de dinheiro no exterior etc. Conclui-se daí que, se uma parte dos políticos é fisiológica e misantrópica, outra parte é pusilânime. Portanto, não é com esmolas, mas com oportunidades que o governo fará reverter esses números sombrios.
Dar o peixe ou ensinar a pescar, eis a questão? A solução dessa questão dificilmente ficará distante da recomendação do milenar provérbio chinês: “dê um peixe a um homem e o alimentará por um dia. Ensine um homem a pescar e o alimentará pela vida toda”. Análoga referência faz a Bíblia, em Gênesis 3:14. Deus, ao expulsar Adão e Eva do paraíso disse: "no suor do teu rosto comerás o teu pão”
Portanto, para vencer o desafio de viver, o homem precisa ser qualificado para desfrutar as oportunidades de emprego a serem criadas pelo governo, para viver dignamente do suor do seu rosto e não à custa de esmolas eleitoreiras. Este país não pode se converter num paraíso de ociosos, massa de manobra de espertalhões.
*Engenheiro e professor Universitário aposentado.

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