segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Área Ianomami e o "Genocídio" de Haximu — O Massacre que Nunca Existiu

Izidro Simões (*)
Esta narrativa é necessariamente longa, para que os brasileiros tomem conhecimento de pelo menos alguma coisa que já aconteceu e de outras que ainda estão acontecendo em Roraima e Norte do Amazonas.
Passo-a-passo:
Collor foi eleito e embarcou quase em seguida num avião da VASP (já era do Canhedo) e viajou pelo mundo, para encontros com os poderosos do G7 e retornou. A imprensa brasileira noticiou de longe, pois nenhum jornalista fez parte da comitiva.
Tomou posse em março de 1990. Quase em seguida, viajou de Brasília para Boa Vista, capital de Roraima. Desembarcou “fantasiado” de militar, com uniforme de campanha e pose de Marechal.
No palanque improvisado na pracinha defronte à estação de passageiros do aeroporto, coalhada de gente, garimpeiros, pilotos de garimpo, funcionários públicos autoridades civis e gente do povo, disse brevíssimas palavras e concluiu: “vim resolver o problema dos garimpos de Roraima”.
Recebeu muitos aplausos, pois para a gente de Roraima, “resolver o problema dos garimpos”, foi entendida como aceitar a proposta que fora feita, de ampliação das três áreas garimpeiras, demarcadas por Sarney, o Presidente anterior que, cumprindo a Constituição Federal, no art. 21 – XXV, havia assinado Decreto criando as áreas do Catrimani, do Urariquera e do Santa Rosa, mas cujos limites eram diminutos para algo entre 45 e 50 mil garimpeiros.
No aeroporto, Collor, PC Farias e mais uns quatro ou cinco de sua intimidade, embarcaram num avião Búfalo, da Força Aérea, e voaram para o 4º PEF (Pelotão de Fronteira) localizado em Surucucu, uma serra em forma de cone com chapada no topo (tipo meseta) lá no Oeste de Roraima, 300 Km distante de Boa Vista. Afora os íntimos de Collor, ninguém mais, nem mesmo o Comandante Militar da Amazônia ou o Comandante do 7º BIS em Roraima, tiveram permissão para ir no avião.
Foi engraçado ver os repórteres da TV Globo, desesperados correndo pelo aeroporto, tentando obter autorização militar para ir no mesmo avião em que Collor foi, ou pelo menos, para voar num táxi aéreo até Surucucu, o que não conseguiram, aliás, nenhum jornalista conseguiu.
Dias depois, pela imprensa venezuelana é que se soube em Roraima, que Carlos Andrés Pérez, então Presidente da Venezuela, num voo direto de Caracas para Surucucu, tinha ido encontrar-se com Collor e os representantes do G7 que lá estavam.
E o que toda essa gente fez por lá? Porque foram encontrar-se às escondidas lá no meio da selva e, não, em Brasília ou Caracas, sob os holofotes e com a presença da imprensa nacional e internacional? Lembremos que antes da posse, Collor tinha feito um périplo por todos aqueles países do G7.
Será que era um loteamento da nossa fronteira, entrega pura e simples? Em troca do que? O que já sabemos hoje do passado de PC Farias como caixa de Collor e achacador de empresários, parece indicar a direção para as coisas que lá aconteceram. Em benefício de quem?
De Surucucu, Collor voou para Manaus e de lá, para Brasília. Pérez voltou para Caracas.
Na semana seguinte, soube-se o que Collor quis dizer com aquela frase: “vim resolver o problema dos garimpos de Roraima”. Revogou os Decretos assinados por Sarney demarcando áreas garimpeiras, ordenando o envio de 200 policiais federais para Boa Vista, fortemente armados com grosso calibre e granadas, os quais, em diversos aviões e helicópteros, partiram para a área ianomâmi, à fim de “limpar” a área de qualquer maneira, seja qual for o significado que se possa dar para o verbo “limpar”.
Para quem estava lá dentro da selva, sem contato com Boa Vista, certo de que tudo havia sido legalizado, foi uma monstruosa traição que Collor fez. O mesmo sentimento de punhalada pelas costas, foi sentida pela população roraimense.
De diversas maneiras, pacíficas umas, “no pau” outras, os garimpeiros foram sendo retirados na marra, para passarem fome na capital, junto com suas famílias. Seus maquinários foram quebrados ou explodidos, as balsas afundadas nos rios, as grandes e grossas mangueiras cortadas, as pistas explodidas com dinamite.
É preciso relembrar que eram entre 45 e 50 mil garimpeiros, afora outros trabalhadores agregados diretos ou transversais na atividade garimpeira como cozinheiras, mecânicos, soldadores e ferramenteiros (para construção de balsas), mergulhadores, cantineiros, gerentes de serviço, comerciantes, donos de aviões (cerca de 400), helicópteros (cerca de 30), donos de balsas, de canoas de alumínio, piloteiros e canoeiros, pilotos de avião (cerca de 500), e todo o comércio da capital, sendo que no extinto Território e já novo Estado da Federação, havia sido aumentada a arrecadação de impostos em mais de 310%.
Os reflexos da ação de Collor repercutiram desde Roraima passando pelo Amazonas, até São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, onde se fabricavam máquinas e peças usadas nas máquinas do garimpo, além de alimentos, que inclusive chegavam num Boeing lotado de carga, dia sim, dia não, do CEASA de São Paulo.
Para ter-se um parâmetro do movimento do garimpo, os aviões fizeram o aeroporto (internacional) ser durante dois meses no auge do tempo do garimpo, o mais movimentado do Brasil, com mais de 600 pousos e decolagens diários. Uma coisa simplesmente espantosa, por qualquer estatística!
Eram cerca de 400 aviões de pequeno porte, que incluíam quatro DC3, um Curtiss Commander, três Beech bimotores, um Mitsubish e um Xingu, que só iam para pista maiores, de onde a carga era distribuída para aviões menores ou para cerca de 30 helicópteros que voavam para a infinidade de clareiras onde existiam garimpeiros.
A BR (Petrobras) vendia ao redor de 40 mil litros de AVGAS (gasolina de aviação) por dia, e a SHELL outros 50/55 mil litros também diários. A BR também vendia cerca de 8 mil litros diários de QAV querosene de aviação para helicópteros (e também para o avião Mitsubishi e o Xingu) entre os quais havia um enorme helicóptero Sikorski biturbina, do Rio de Janeiro, com capacidade para 2 toneladas de carga, e que tinha sido da TV Record de São Paulo, no tempo do Paulo Machado, a primeira no Brasil a possuir uma aeronave.
O movimento aviatório era tanto, que alguns poucos militares de férias da Força Aérea, também chegavam à Boa Vista para se engajarem nos vôos de garimpo, que sempre era pago em ouro, o único valor que circulava nessa atividade.
Para os profissionais da aviação, era de dar gosto ver um DC3 pousar lotado e sair com até meia carga, de pistas de pouco mais de 600 metros, como na Pista do Jeremias, hoje chamada Homoxi, ou na Pista do Lauro, hoje chamada Xitei e lá pelos 3.000 pés (990 metros de altitude), numa proeza que só mesmo pilotos com “braço” ou de muito “pé-e-mão” conseguem fazer. Vários já eram famosos nos vôos pela Amazônia, como o Rogério Maconha, que até deu entrevista no programa do Jô Soares.
Se para o Brasil foi terrível Collor trancar as contas bancárias, em Roraima foi quase o fim do mundo, pois até o ouro despencou de preço até quase o fundo do poço. Foi uma tragédia, ver os aviões parados no pátio do aeroporto, com vigilância da Polícia Federal e gente lá dentro da área passando fome e sem saber o que estava acontecendo. Na cidade foi uma quebradeira geral no comércio e arrecadação de tributos para o novo Estado, despencando à quase nada.
Aquele voo de Collor, junto com PC Farias e uns poucos íntimos, até Surucu, para encontro com o Presidente da Venezuela e os representantes do G7, está intimamente ligado com todo o plano de apossamento da Amazônia e suas conseqüências, passando pela Raposa/Serra do Sol e pela Cuê-Cuê Marabitanas já em início de demarcação agora em janeiro de 2009, nas nossas fronteiras do Amazonas com a Venezuela.
Para melhor entender o quanto foi um danoso episódio para o Brasil é preciso saber que Carlos Andrés Pérez, na mesma época também demarcou na Venezuela, em frente da área do “povo ianomâmi” no Brasil, e para os mesmos índios, uma área de oito milhões de hectares, na prática apagando a fronteira que ficou virtual, existente só no mapa, pois que tanto os “ianomâmi” quantos os estrangeiros que “cuidam” deles, vão e vem livremente através da fronteira e fica por isso mesmo.
Os brasileiros, para entrarem na área ianomâmi, tem de possuir um documento chamado AVOAR – Autorização de Voo em Área Restrita. Para ser conseguido, as empresas de táxi aéreo tem de solicitar com muita antecedência, através de requerimento, que deve ser assinado pela Funai, Ibama e Polícia Federal. Com todas essas assinaturas, esse documento deve ser enviado ao COMAR — Comando Aéreo, em Manaus. Lá, o coronel assinará o tal AVOAR, que será remetido via fax ou internet, para o órgão da Aeronáutica, em Boa Vista.
Esse documento detalha que a autorização só é válida para tal empresa de táxi aéreo, entre os dias tais e tais, com o piloto tal, no avião tal. Se quaisquer dos itens for mudado, ainda que por motivo de força maior, o voo não poderá ser realizado. Entretanto, estrangeiros estão absolutamente, leves, soltos e livres dessas exigências, e por isso, uma vez ou outra, o Exército descobre casualmente que algum estrangeiro está lá dentro da área ianomâmi, com o visto do seu passaporte vencido até mesmo há um ano!
Afora todo esse controle documental sobre os brasileiros, o voo também será vigiado por radar. Como se vê, as próprias autoridade brasileiras é que manietam os brasileiros e colaboram abertamente com as ONGs estrangeiras.
Certa vez, durante os tempos em que a Polícia Federal estava dando “uma dura” contra os garimpeiros, numa revista no aeroporto de Boa Vista, feita em um dos aviões da Sociedade Asas de Socorro que atende a MEVA — Missão Evangélica da Amazônia (grupo americano), NTB (Novas Tribos do Brasil) e o Summer of Linguistic, foi apreendida uma carabina automática de vários tiros. Dois dias depois (nada mais que isso), a arma foi devolvida por ordem direta de Brasília.
Acontece que aos pilotos brasileiros não era e ainda não é permitido levar nenhum tipo de arma a bordo, mesmo que para sobrevivência na selva, em caso de acidente. Já dava prisão antes e continua dando agora, com a nova lei, mas com os “missionários”, não acontece nada. Eles tem o privilégio, por serem “religiosos”.
Uma alemã arrogante, chamada Christina Haverkamp até mesmo hasteou e mantém hasteada a bandeira da Comunidade Européia, dentro da área ianomâmi, na maloca Paa-piu Novo, margem direita do médio rio Mucajaí.
Tendo isso sido descoberto por um major de helicópteros da Força Aérea, a germânica “peitou” o major, ao qual declarou que não tinha de lhe dar satisfações. Ele mandou derrubar o mastro, confiscou a bandeira e relatou o fato aos seus superiores. Ela foi retirada da área pela Polícia Federal, iniciou-se um processo de expulsão do país mas, ela voltou e continua lá até hoje, no sobradão que construiu ao lado do final da pista de pouso.
No decorrer dos meses da ação de retirada dos garimpeiros, determinada por Collor, as coisas foram afrouxando aos poucos. Muitos garimpeiros e alguns pilotos retornaram clandestinamente às mesmas tarefas de antes, e até auxiliados por alguns Delegados Federais, que faziam vistas grossas para as decolagens e pousos com carga e garimpeiros, tanto do aeroporto em Boa Vista, quanto da pista Cariri, na margem da BR 174, entre a capital e a cidade de Mucajaí.
Isso acontecia porque esses Delegados aceitaram convites de pilotos, para conhecerem a região, os garimpos e os garimpeiros in loco e também para ver o quanto de estrangeiros (americanos na maioria) estavam na região, impunemente, aliás, como ainda acontece, havendo hoje, além dos americanos, também os italianos, os franceses, canadenses e alemães, alguns como “missionários” de ONGs, afora os brasileiros que representam essas entidades internacionais, todos labutando muito e intencionados apenas na “salvação” ou “preservação” dos índios, é claro e, apenas por puro “diletantismo”, no ouro, no diamante, na cassiterita, no nióbio, na incomensurável jazida de urânio situada numa serra quase colada na Serra de Surucucu, onde está o 4º PEF — Pelotão de Fronteira, afora todas as águas, das nascentes à foz, as madeiras de lei, a bio-diversidade e a própria e portentosa floresta.
O grande golpe, são as ÁGUAS com que ficaram — repetindo — das nascentes até a foz de uma infinidade de rios, “pertencendo” às ONGs.
No sopé dessa serra de urânio, existia uma pista (hoje só restam vestígios — a floresta invadiu) que os americanos já tinham feito e tiveram de abandonar, porque o Exército os tirou de lá, afora mais outras duas pistas em cima do platô de Surucucu, que já existiam antes da instalação do 4º PEF, de onde os americanos tiravam minério e onde havia um avião Cessna 180 monomotor deles, acidentado, tendo eles deixado abandonados, um trator de esteira e máquinas resumidoras utilizadas em mineração de diamantes e que ainda estão lá. Só o avião foi retirado posteriormente.
Como é que um trator de esteira foi parar lá no meio da floresta sem estradas? Para quem nunca viu, parece difícil, talvez impossível mas, não é. Fizeram da mesma forma que os pilotos de garimpo fazem e também transportam burros, bois, carneiros, etc.
Os jipes, carretas e tratores são todos desmontados. O que é grande demais, é cortado no maçarico, em partes que cabem dentro do avião e depois, lá no local para onde foram transportados, totalmente soldados e remontados! Por isso é que a Polícia Federal encontrou até mesmo uma PATROL (para terraplanagem) nos garimpos de Roraima, na Pista do Lauro, hoje chamada Xitei e utilizada pela Diocese de Roraima que lá tem um grupo de freiras da Congregação da Consolata (Itália) e da Conference de GAP (França), de onde saiu a falsa notícia da “chacina”, “massacre”, “genocídio” dos índios, supostamente acontecido ali nas suas vizinhanças.
Na tentativa de forçarem a saída definitiva e total dos poucos garimpeiros que ainda permaneciam ou voltavam clandestinamente para a área ianomâmi, “atrapalhando” as ONGs internacionais que queriam toda a área livre de empecilhos e de “olheiros” que denunciassem as suas atividades, urdiram então um plano monumental, perverso, mentiroso, injurioso, sem escrúpulos. Era preciso algo grande, dantesco o suficiente para criar uma comoção e granjear as simpatias mundiais.
Os garimpeiros são tal como os antigos bandeirantes, grandes abridores de sertão bruto. Fazem “varação” a pé, em grupos de 20/30 homens ou às vezes em apenas quatro ou cinco. Caminham pela floresta imensa, por um mês ou mais, até o lugar onde pretendem explorar o ouro. Tem um sentido de orientação tão extraordinário dentro daquela selva, que isso sempre foi motivo de assombro até para os pilotos de avião, pois aqueles homens rudes orientam-se apenas pela fraca claridade que vara a copa das árvores. Seguem sempre guiados pela posição do sol, durante o dia.
De repente, à partir do dia 15 de agosto de 1993, os hotéis de Boa Vista começaram a encherem-se de jornalistas brasileiros e estrangeiros e gente de TV. Muitos estranharam a novidade e perguntava-se o que estaria acontecendo, mas os visitantes não abriam-se para dar informações.
Não demorou e, no dia 17 estourou a bomba: Suami Percílio Santos Filho, Administrador Regional da Funai, trombeteava para o mundo todo que tinha havido um “massacre”, um “genocídio” de índios ianomâmi, promovidos por garimpeiros, através denúncia de uma freira, em Roraima!
O circo estava armado, entretanto uma pergunta continuava sendo feita: como é que tantos jornalistas estrangeiros vieram para Boa Vista por antecipação, sem supostamente, saberem de nada? Uma coisa que teria acontecido escondido, lá nos confins da floresta e que ninguém, nem os garimpeiros na cidade sabiam, só seria oficialmente trombeteada aos quatro ventos alguns dias mais tarde, mas o mundo já estava antecipadamente de olho em Roraima.
Isso tem ou não tem cheiro, cor, jeito de coisa “armada”?
Tem cara de jacaré, olho de jacaré, boca de jacaré, couro de jacaré, rabo de jacaré, e não é jacaré?
Quem quiser relembrar os fatos e saber mais, pode pesquisar no Google, digitando a palavra “IANOBLEFE” e vai encontrar diversas matérias do jornalista Janer Cristaldo do jornal Folha de São Paulo que, juntamente com o jornal Estado de São Paulo, puseram não só em dúvida a tal “chacina”, “massacre” ou “genocídio”, como esmiuçaram o assunto em detalhes. O restante da imprensa nacional simplesmente embarcou na mentira, de propósito ou por irresponsabilidade, pela não averiguação dos fatos.
No correr dos dias, o número dos “mortos” foi aumentando, e chegou até 120, quando Suami Percílio Santos Filho, o Administrador Regional da Funai de Roraima disse pela TV, para o Brasil e o mundo ouvirem estarrecidos, que os garimpeiros haviam aberto o ventre de índias grávidas e retalhado os fetos, afirmando haver fotos de tudo isso, coisa que, entretanto, jamais apareceu em parte alguma.
Convém saber também que o Ministro da Justiça, Maurício Corrêa e Aristides Junqueira, Procurador-Geral da República, estiveram em Boa Vista, e, muito pressurosos, logo após o desembarque já davam entrevistas afirmando a existência do massacre que não tinham visto e que nunca viram, simplesmente porque nunca existiu nada disso.
O jatinho em que chegaram teve de ser rigorosamente limpo, porque estava todo emporcalhado com o vômito do Ministro que, conforme os comentários da época, tinha mêdo de voar e que por isso, havia bebido muito.
Nessa essa altura da agitação, com todo mundo querendo ver as fotos prometidas pela Funai, da mais de uma centena de cadáveres que o Administrador Regional da Funai, Suami Percílo Santos Filho afirmava existirem, o crime mudou de endereço: não era mais em Haximu, mas, sim, em Haximu-teri, na Venezuela, logo depois da fronteira, onde não se poderia ir para conferir. Mas, e as tais fotos que Suami Percílio afirmou na TV que existiam e que estavam em seus poder?
Ninguém nunca viu.
A história mudou mais vezes depois, e acabou ficando na alegação de que os cadáveres tinham sido cremados, nada restando deles e que as cinzas dos ilustres parentes estavam em cabaças, consideradas “sagradas” pelos índios. Não era possível nem mesmo obter-se um pouquinho para exame de DNA, mas teria havido dois sobreviventes do “genocídio”, dois índios chamados João e outro, Japão, sendo um bem jovem e o outro, um adolescente. As famílias de ambos teriam sido massacradas mas controlando a terrível emoção, apenas os dois, sozinhos, haviam transportado meticulosamente, mais de uma centena desses retalhos humanos e sem deixar no local nem mesmo um pedacinho das tripas, um braço, uma mão ou uma ponta de dedo. Fizeram limpeza completa dos restos mortais. Fantástico mesmo, não é?
Teriam feito tudo tudo isso, em apenas uma semana, em caminhos ínvios pela floresta bruta e fechadíssima, subindo descendo serras, indo e vindo infinitamente ao local da “chacina”, “massacre” ou “genocídio”, com espantoso e sempre absoluto controle emocional.
Terminada essa terrível tarefa, teriam os dois juntado muita lenha e feito uma fogueira onde cremariam todos os restos mortais, cujas cinzas foram juntadas e distribuídas para outros indios “parentes”.
O extraordinário, milagroso mesmo, é que além de os dois jovens poderem ser considerados super-índios, por resistência física e emocional, ainda realizaram a espetacular proeza de conseguirem juntar uma montanha de lenha seca em pleno “inverno” amazônico (período das chuvas intensas), a fogueira não apagou e tudo queimou muito bem, só restando mesmo as cinzas, não tendo ficado intacto nem mesmo um ínfimo ossinho que fosse, dessa mais de centena de cadáveres.
Mesmos nos modernos fornos crematório da atualidade, sempre restam ossos, alguns cabelos e até pele, algo entre 100 e 300 gramas. Os primitivos ianomâmi conseguiram fazer um fogueirão debaixo de chuvas intensas do inverno amazônico e não sobrou nada e tudo, absolutamente tudo, virou cinzas.
Pior ainda fez a Justiça Federal, que mesmo sem nenhum cadáver ou o mais mínimo indício do suposto crime, condenou alguns garimpeiros à 20 anos de cadeia.
A razão óbvia, depois de uma análise percuciente dos fatos, é que as ONGs e seus senhores “caem de pau” em cima de quem se atreve a perturbar o andamento de seus interesses, tal como agora acontece com o agricultor gaúcho Paulo César Quartiero, que tem 30 anos em Roraima e, vindo bem de baixo, com trabalho árduo e sério, tornou-se um grande arrozeiro, em terras legalizadas pelo governo federal, lá no início do século 20.
Agora ele, outros nove arrozeiros e mais de 59 fazendeiros, são chamados de “invasores” da RAPOSA /SERRA DO SOL, terras que a Funai declarou por escrito, há décadas passadas, não terem índios e nem serem de seu interesse demarcatório.
Repete-se com certa constância que Charles De Gaulle, o presidente da França no pós 2ª. Guerra Mundial, veio visitar o Brasil e assinou acordos que nosso país não cumpriu. Decorrente disso, teria dito: “Le Brésil nest pas un pays serieux” — O Brasil não é um país sério.
Temos o direito de também achar que não é mesmo, especialmente com um Presidente como Lula, que nunca sabe de nada, e um STF absolutamente míope, pois oito de seus Ministros não conseguiram ver as clamorosas irregularidades e ilegalidades na demarcação da Raposa/Serra do Sol.
Para completar, agora em janeiro/2009, Nicolas Sarkosy, o atual Presidente francês, assinou um acordo com Lula, para que a França possa “pesquisar” na nossa floresta amazônica.
Precisamos dizer mais alguma coisa sobre Lula, as ONGs e os interesses internacionais?
Tem um ditado mais que secular que diz: para quem sabe ler, pingo é letra.
(*) Izidro Simões, jornalista MTb nº 157/10 DRT/RR,
aeronauta aposentado em 2005, 42 anos de aviação,
sendo 31 por TODA a Amazônia, dos quais 20 em Roraima.
Leia, também, do mesmo autor:
História Secreta da Invasão de Roraima;
Raposa Serra do Sol; 
Ainda sobre Raposa.

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