domingo, 11 de janeiro de 2009

Audiência Publica — Comissão da Anistia na Câmara dos Deputados

Motivo da Audiência: Entrevista dada pelo Tenente Vargas a revista Isto É em 12 de Novembro de 2008.
Expositor: Tenente José Vargas Jiménez (Chico Dólar)
— Deputado Federal do PCdoB/BA, Daniel Almeida, Presidente da Câmara Especial da Anistia: Sr. José Vargas Jiménez o senhor foi convidado por esta comissão especial de anistia para ver se tem informações, documentos que estariam em poder de vossa Senhoria que a Comissão considerou, que estas informações, que estes documentos, podem ser úteis no sentido da aplicação da Lei da Anistia. Existem dúvidas a respeito de pessoas, provas e fatos que ocorreram na conhecida guerrilha do Araguaia. Vossa senhoria foi convidado e gostaria que vossa senhoria pudesse fazer sua exposição, principalmente se é possível trazer elementos no sentido de criar condições para quitação da Lei de Anistia que é objeto desta Comissão Especial que tem como objetivo acompanhar a aplicação da Legislação. Vossa Senhoria esta com a palavra.
— Tenente José Vargas Jiménez: Senhor Presidente, deputado Daniel Almeida, senhores deputados boa tarde! Eu fui convidado pela comissão de anistia da câmara dos deputados encima da hora pela entrevista que dei a Revista ISTO É.
Há um ano lancei um livro chamado BACABA - Memórias de um Guerreiro de Selva da Guerrilha do Araguaia, onde relato todos os acontecimentos em que eu participei, desde a preparação até a minha evacuação. Neste documento, neste livro, muitas perguntas que os senhores farão, as respostas estão aqui no livro, com provas documentais.
O livro não é ficção, o livro é uma realidade do período em que estive atuando na guerrilha. Eu era 3º Sargento e comandava dez homens. Trabalhei com Curió e naquela época morreram 32 guerrilheiros. Alguns camponeses que apoiavam a guerrilha também foram presos, no meu livro tem tudo isso aí com fotos.
Iniciando, eu recebi o requerimento onde o Deputado Daniel Almeida do PCdoB da Bahia, solicita a Câmara dos Deputados esta audiência pública para me convidar, como expositor e vou me basear nesta ultima parte do requerimento que diz:
"Esta convocação se justifica em dois aspectos distintos:
— Primeiro: Pelos direitos que os familiares das vitimas tem de conhecerem o paradeiro dos seus entes queridos e para reunir provas com intuito de identificar formalmente os trabalhadores rurais vitimas dos arbítrios da ditadura e com isso, conceder aos seus familiares os direitos a que lhes confere.
— Segundo: Pela necessidade de reescrevermos a nossa história e deixarmos às futuras gerações, um exemplo de compromisso com a verdade e com a liberdade, respaldados no valor à Democracia. Sala das Sessões, em 18 de novembro de 2008.
Assinado: Deputado Daniel Almeida do PCdoB/BA.
Bem senhores, o que eu tenho a dizer realmente esta no meu livro, no Plano de Busca e Apreensão e no Plano de Captura e Destruição. No Plano de Busca e Apreensão constam os nomes dos camponeses que foram feitos prisioneiros. Aqui tem alguns que eu posso afirmar e confirmar. Os povoados onde se encontravam os camponeses a serem presos e outros, estão assim relacionados:
— No povoado de Bom Jesus, José Salim (Salu), Leonel Severino, Oneide, João Mearim e Luiz, todos com prioridade um para sua captura. E Luizinho, Leonda e Salomão, com prioridade três.
— Em Santa Rita : Manoel Cícero com prioridade três.
— Em Itapemirim: André e Zé de tal, com prioridade um.
— Em Brejo Grande : Bernardino, com prioridade um e Vicente com prioridade dois.
— Em Cristalândia: João Murada, com prioridade quatro
— Em Centro de Osorinho: Mulher e filho de 18 anos, com prioridade três.
Esses são os que eu tenho escrito e com provas. No entanto quando estive lá na primeira missão, eu, Curió e mais dois grupos de combate, cada grupo era integrado por 10 homens, éramos 30 na primeira missão. No dia 03 de outubro de 1973, no povoado de Bom Jesus, nós chegamos e prendemos quase todos os camponeses, além dos que estão relacionados e aqueles que tinham condições de ajudar na guerrilha e os seus filhos que poderiam ajudar os guerrilheiros.
Então, o que aconteceu, só deixamos as esposas e as crianças e continuamos na selva. Prendemos Mané das duas mulheres, um camponês que era amigado com duas irmãs e assim fomos. Nesse primeiro dia nos prendemos uns 40 camponeses e mais 30 que constituíam nossos grupos de combate, era difícil se deslocar na selva. Curió então designou dois grupos de combate, comandados por dois Sargentos com curso em Guerra na Selva, igual ao que eu tenho, para que levassem os 40 camponeses para BACABA, nós não conhecíamos a base ainda. Eu fiquei com Curió na selva fazendo emboscadas e capturando mais camponeses.
Em relação aos camponeses, isso eu posso afirmar, outros grupos de combate atuaram nas regiões de São Domingos das Latas, Chega com Jeito, vários lugares. E, na região de Xambioá os guerreiros pára-quedistas, também fizeram este trabalho. Agora, a relação deles, eu só tenho estes que eu falei aqui que constam no meu livro.
Se alguém quiser fazer alguma pergunta sobre o primeiro tema aqui, por favor, pode fazer.
— Deputado Daniel Almeida: Não, vamos lhe dar todo o tempo previsto, depois passaremos a fazer perguntas sobre a exposição.
— Tenente Vargas: Bem senhores, em relação a este primeiro item, para as famílias dos camponeses é isto que eu posso falar.
Agora eu vou. Hoje em dia a mídia fica falando, divulgando e as pessoas que estão no poder que, nós os militares na época do regime militar, fomos os vilões e que eles (os Comunistas) lutaram contra o regime militar, para ter esta Democracia que temos agora.
É uma mentira enorme, é uma grande mentira, eu tenho documentos aqui provando que um dos partidos de esquerda o PCdoB queria impor o Comunismo no Brasil, através da luta armada, o documento é: “O estudo do PCdoB para implantação da Guerrilha Rural no Araguaia (1968-1972) - A Guerra Popular no Araguaia”.
Este documento esta comigo há 35 anos, ele foi pego no dia em que foram mortos os oito guerrilheiros do comando da guerrilha. Entre eles Mauricio Grabois, comandante das Forças Guerrilheiras do Araguaia — FOGUERA. Este documento estava com eles, esta aqui. Vou entregar ao Presidente da mesa. Onde eu provo o que eles queriam, o PCdoB queria impor o Comunismo no Brasil. Fez o estudo, treinou muitos guerrilheiros do PCdoB na China e em Cuba para lutarem contra nós. Se eles estavam lutando contra o regime militar para impor a Democracia, deveriam ter treinados seus homens em países onde existia a Democracia e não nos países Comunistas. Então, eles estavam preparados e o documento está aqui. Vou ler algumas coisas que constam nele:
Porque a região foi escolhida? A escolha da região não foi espontânea e nem realizada empiricamente. Resultou de um profundo trabalho de pesquisas e estudo minucioso, objetivando a determinar uma área em que a luta armada pudesse ser iniciada e em que fosse assegurada a sobrevivência dos núcleos combatentes.
A região satisfaz plenamente as exigências para o inicio e o desenvolvimento da guerra popular, particularmente da guerra de guerrilha.
Outros povos utilizam com sucesso a Selva, florestas, como palco de suas ações guerrilheiras, a exemplo do que aconteceram no Vietnã, Malásia, Angola e outros países.
Por outro lado apresenta certas vantagens para os ataques de surpresa ao longo de uma extensa rodovia localizada dentro da selva.
O grosso da população é constituído de camponeses do Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Goiás e de Estados do Nordeste.
Os habitantes da região não têm outra saída para solucionar os seus problemas a não ser a Revolução.
O objetivo das Forças Armadas Revolucionaria na região, a FOGUERA ou Forças Guerrilheiras do Araguaia do PCdoB é assegurar a sua sobrevivência e garantir um crescimento constante para formar um Exercito regular.
Mesmo que o inimigo se coloque em muitos pontos fixos desta área e realize o patrulhamento, não conseguirão impedir que os guerrilheiros ali vivam, combatam, organizem a massa e se fortaleçam continuamente..
A luta de guerrilheiros tem possibilidade de crescer na região devido ao fato da população ser pobre e sofrida. Dependendo das circunstancias da luta, afluirão para a região, revolucionários de todas as partes do país a fim de ingressar nas Forças Guerrilheiras do Araguaia (FOGUERA).
A guerrilha poderá acumular forçar, realizar intenso trabalho político, engrossar suas forças combatentes, mantendo-se com os recursos locais.
Para o inimigo a região é hostil e desconhecida. Suas tropas serão trazidas de fora. A selva, embora generosa com os guerrilheiros, adaptados a região e que a conhecem bem, será madrasta para os soldados da reação, acostumados com a placidez dos quartéis, desconhecedor dos segredos da selva. A vida na selva apresenta dificuldades para enfrentar às doenças, os mosquitos e as intempéries. É necessária elevada consciência e espírito de abnegação que somente os guerrilheiros do PCdoB possuem.
As Forças Armadas ficarão isoladas e cercadas pelo ódio do povo”.
Este documento foi preparado pelo PCdoB, durante quatro anos e realmente eu que estive lá, tudo o que eles previram deu certo, na primeira fase da guerrilha, quando o Exército colocou militares despreparados, recrutas vindos de Goiás e Brasília, como eles escreveram aqui no documento: Então na primeira fase da guerrilha, os guerrilheiros ganharam a primeira batalha.
Aí o Exército retirou todo o efetivo e iniciou a Operação Sucuri, colocou o pessoal do serviço de inteligência para fazer o levantamento da área. Mas só descobriu os nomes, as bases e o efetivo dos guerrilheiros, porque na primeira fase, prendeu o deputado Genoino, cujo codinome era Geraldo. E, graças a ele se conseguiu fazer o levantamento de quantos guerrilheiros atuavam na área, as armas e tudo. Foi Genoino que passou essas informações para o Exército.
— Platéia: Vaias “Porque foi torturado!
Então, vou repetir na mídia, que as Forças Armadas lutavam contra o Comunismo e pela Democracia. Agora, os partidos de esquerda dizem que estavam lutando contra a ditadura militar para implantar a Democracia, o que é uma grande mentira. Tanto é que eu tenho o documento elaborado pelo PCdoB provando isso.
Na Guerrilha Rural, eu mesmo capturei dois guerrilheiros vivos. Eu capturei o guerrilheiro Piauí, tenho prova, aqui no meu livro tem documentos provando que também capturei um camponês chamado Zezinho. Hoje eles constam como desaparecidos.
Só para os senhores saberem o que aconteceu na guerrilha urbana, nas cidades, onde os Partidos de esquerda também lutavam para impor a Ditadura Comunista no Brasil, aqui eu tenho os nomes de alguns terroristas que recorreram à luta armada e envolveram-se em atentados, assaltos e assassinatos na tentativa de derrubar o governo militar.
Beneficiados pela lei da anistia de 79 se reintegraram na vida política, foram transformados de criminosos em heróis e hoje estão nas altas esferas, onde militam pelas mesmas idéias na esperança de colocar o País sob um regime idêntico a aquele que malogrou o leste europeu.
Sabem qual o objetivo da luta armada dos que combateram o regime militar?
Quem responde a esta pergunta é Daniel Aarão Reis, um ex-terrorista do MR-8, atualmente professor de história contemporânea na universidade federal fluminense, ele diz:
As ações armadas da esquerda brasileira não deve ser mitigadas. Nem para um lado nem para outro. Não compartilho a lenda de que, no fim dos anos 1960 e no inicio de 1970 (inclusive eu), fomos o braço armado de uma resistência democrática. Acho isso um mito sugerido durante a campanha da anistia. Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial, pretendia-se implantar uma ditadura revolucionaria. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentam como instrumento da resistência democrática.
As esquerdas radicais se lançaram na luta contra a ditadura, não porque a gente queria uma democracia, mas para instaurar um socialismo no país, por meio de uma ditadura revolucionaria como existia na China e em Cuba. Mas , evidentemente, elas falaram em resistência, palavra muito mais simpática, mobilizadora e aglutinadora. Isso é um ensinamento que vem dos clássicos sobre guerra”.
Então vejam que foi Daniel Aarão Reis, um ex-terrorista do MR-8 que disse.
Entre esses terroristas/comunistas que lutaram na época dos anos 60 e 70 eu trouxe os dossiês de alguns Ministros que estão aí no poder:
— Ministro Tarso Genro, na clandestinidade usava os codinomes de “CARLOS” e “RUI”, era um dos terroristas da época, filiado ao PCdoB; aqui tenho dossiê de outro terrorista:
— Paulo Vannuchi foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), onde se familiarizou com ações terroristas, seqüestros políticos, assaltos a bancos e quartéis.
— Outro terrorista, Carlos Minc, era conhecido pelos codinomes “JAIR”, “JOSÉ” e “ORLANDO”, da Vanguarda Armada Revolucionaria - Palmares,
— tem também a terrorista que na clandestinidade usava os codinomes de “ESTELA”, “LUIZA”, “PATRICIA” e “VANDA”, a ministra Dilma Rousseff, ela participou de vários eventos terroristas,
— tenho também o de José Genoino, que foi preso e cujo codinome era GERALDO,
— e de José Dirceu, cujo codinome era DANIEL, que filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), quando universitário e acompanhou Carlos Maringhella, líder do PCB, na “corrente revolucionaria”, criada para promover a luta armada.
Eu não vou ler todos os dossiês, mas vou entregar eles ao presidente da mesa, deputado Daniel Almeida, para que esta Comissão Especial de Anistia e o povo Brasileiro tomem conhecimento de quem eram estes Ministros que hoje estão no poder.
Então senhores, são só alguns nomes, esses eu trouxe para mostrar a verdade, tendo em vista eu ser militar e arrisquei minha vida para ter esta Democracia, eu era 3º Sargento, não era politizado, mas eu defendi à Pátria, tanto é que consta no meu livro, documento do Exército me elogiando por eu ter defendido à Pátria.
— Platéia: Vaias, UHHH...!
Hoje em dia sou politizado, sou bacharel em ciências jurídicas, trabalhei no serviço de inteligência do Exército, então hoje eu vejo que nós temos que contar a história verdadeira para o povo brasileiro. Não essas falsas histórias que os comunistas e jornalistas estão contando, que lutaram para impôr a Democracia no Brasil queriam sim, era impor o Comunismo.
Aqui eu tenho o Jornal do Brasil, um depoimento do Curió, com quem trabalhei: Ninguém gostou o que eu coloquei no meu livro: “Onde estão os mortos e desaparecidos da guerrilha do Araguaia que foram exterminados, ninguém gostou”.
O Exército até abriu uma sindicância e me chamou para depor por causa do livro que lancei, mas não me prendeu.
No seu depoimento ao Jornal do Brasil Curió diz: “tenho respeito pelos guerrilheiros que tombaram em confronto e não gosto da palavra extermínio com o qual o um de meus ex-subordinados, o Tenente José Vargas Jiménez se refere à ofensiva final das Forças Armadas”.
Aí ele diz que não gosta, mas continuando a sua entrevista ao Jornal do Brasil ele diz: “Segundo ele, a ordem para que nenhum guerrilheiro saísse vivo a partir de 1973, partiu do ex-presidente Emílio Garrastazu Médici”.
Vejam o contraste, eu falo em extermínio e o Curió fala que houve ordem para matar. Matar e exterminar não são a mesma coisa?
Curió também diz: “Tem respeito pelos guerrilheiros que tombaram em confronto”. Eu também tenho respeito, porque nós lutamos, era uma guerra, cada um lutava pelo seu ideal. Eles lutavam pelo ideal comunista e nós militares lutávamos pela democracia. Depois que os Comunistas foram derrotados os militares passaram o governo para o povo brasileiro.
— Deputado Arnaldo Faria de Sá do PTB/SP - Relator da audiência: Sr Presidente acho que o tempo do orador já terminou, já falou bobagens demais e ninguém tomou parte em nada ainda.
— Presidente Daniel Almeida: Deputado Arnaldo, realmente estamos com vinte minutos de exposição e, gostaria saber se o orador, nosso convidado tiver mais alguma coisa a complementar, que faça, para que nós façamos perguntas. Vamos retornar a palavra ao Tenente José Vargas.
— Tenente José Vargas: Foi me dado vinte minutos, eu teria mais coisas para falar, mas é melhor os senhores fazerem perguntas e dentro do possível responderei. Muito obrigado!
— Presidente Daniel Almeida: Passo a palavra ao relator, deputado Arnaldo Faria de Sá.
— Deputado Arnaldo Faria de Sá (relator): Sr Presidente, demais autoridades, eu queria saber do Sr. José Vargas, qual o objetivo dele fazer essas denuncias?
— Tenente José Vargas: Eu estou seguindo o que foi pedido no requerimento, são dois itens. Isso não é denuncia.
— Deputado Arnaldo: Na revista ISTOÉ, qual foi o objetivo de fazer a denuncia?
— Tenente Vargas: Falar a verdade, tanto é que falei a verdade.
- Deputado Arnaldo: O que disse no seu livro “Lei da Selva”?
— Tenente Vargas: Não é meu livro. Tanto é que nem cita meu nome nesse livro.
— Deputado Arnaldo: Você disse que a ordem que tinha era para exterminar? Confirma isso?
— Tenente Vargas: Confirmo. Está no meu livro, com provas, no meu livro tem documentos provando.
 Deputado Arnaldo: As provas estão no livro ou você tem em apartado?
— Tenente Vargas: Eu tirei cópias, tenho as originais.
Deputado Arnaldo: Sr Presidente, eu queria requerer que esses documentos originais existentes sejam apresentados à Comissão Especial de Anistia.
— Tenente Vargas: Eu não trouxe.
— Deputado Arnaldo:  O Senhor tem cópias desses documentos que possa disponibilizar para esta comissão?
— Tenente Vargas: Esse é um caso que vou pensar.
— Platéia: UUUUUUHHH!!! (Vaias)
— Deputado Arnaldo: Você disse que participou do grupo de 120 guerrilheiros de selva, vossa senhoria confirma isso?
 Tenente Vargas: Sim, e tínhamos mais cem pára-quedistas, éramos 220, eles atuavam em Xambioá e nós em Bacaba..
— Deputado Arnaldo: Além desses cem pára-quedistas, tinha mais 30 do grupo de informações?
— Tenente Vargas: Eu não sei. Sei que havia gente do CIE, mas não sei quantos eram.
— Deputado Arnaldo: Tem uma frase na revista ISTOÉ, onde diz: “Recebemos ordem para matar todos e matamos. Se algum guerrilheiro sobreviveu à terceira fase, foi porque colaborou com a gente e ganhou uma nova identidade”. Vossa Senhoria confirma isso?
— Tenente Vargas: Confirmo pelo seguinte, eu não tinha conhecimento de que algum guerrilheiro saiu vivo, só soube quando o Coronel Lício Maciel (Dr. Asdrubal) entrou em contato comigo por e-mail. Eu o trouxe aqui e vou ler para os senhores. O Coronel Lício Maciel diz assim: Chico Dólar, você entregou o prisioneiro Piauí e não sabe mais o que lhe sucedeu. Será que os cinco guerrilheiros arrependidos que o general Bandeira conseguiu empregar no serviço publico, em Brasília, por intermédio do Ministro Jarbas Passarinho, o Piauí não é um deles? Foram declarados mortos para não serem justiçados, vivem hoje sob nova identidade e ai deles se se revelam. Serão assassinados como Celso Daniel, as oito testemunhas e mais o Toninho do PT. Infelizmente o atual desgoverno é de bandidos, existe muita coisa acima de nosso conhecimento. Muito tem sido inventado sobre as ações do Exército. Agora, eles tentam financiar empresários sem escrúpulos em filmes completamente fora da realidade, com objetivo único de desmoralizar o nosso Exército”.
Estou entregando este documento (e-mail) ao presidente da mesa.
— Deputado Arnaldo: Vossa senhoria tem a lista de todos os guerrilheiros que foram presos e exterminados?
 Tenente Vargas: Sim, estão no meu livro. Estes documentos me foram entregues antes de eu entrar na selva para combater os terroristas/comunistas.
— Deputado Arnaldo: Os prisioneiros eram colocados em pé, descalços em cima de latas sendo torturados. É verdade?
— Tenente Vargas: Eu vi isso.
— Platéia: Vaias ... UUUUUHHH!!!
— Tenente Vargas: Esta começando a ficar bagunçado aqui. Eu vou embora.
— Deputado Arnaldo: Vossa senhoria diz que prendeu mais de trinta camponeses e um deles colocou nu, num formigueiro. É verdade?
— Tenente Vargas: É verdade.
— Deputado Fernando Ferro do PT/PE: Acho importante seu depoimento Sr. José Vargas, discordando de suas idéias políticas e conceitos..
— Deputado Fernando: Vossa senhoria prendeu dois guerrilheiros, para onde foram levados?
— Tenente Vargas: Escrevi no meu livro que o guerrilheiro Piauí que capturei vivo, que era o chefe do grupo de André Grabois (Zé Carlos), depois que ele foi morto, cuja prioridade para captura e destruição era “UM”, tive oportunidade de matá-lo, porém resolvi prende-lo, entrei em combate “corpo a corpo” com ele por ver que ele estava fraco e desnutrido, eu sabia que tinha condições de prendê-lo e assim fiz com ele e com outro guerrilheiro camponês chamado Zezinho. Nós éramos combatentes, nossa base era em Bacaba, o pessoal do serviço de inteligência ficava na Casa Azul em Marabá-PA, nós entregamos os prisioneiros vivos a eles.
— Deputado Fernando: O Sr viu outros serem capturados vivos?
— Tenente Vargas: Não, somente posso falar dos que eu capturei vivos, Piauí e Zezinho.
— Deputado Fernando: Dos 32 guerrilheiros que morreram quantos você matou?
— Tenente Vargas: Nenhum.
— Platéia: Vaias UUUUUHHH!
— Deputado Fernando: Qual o paradeiro dos guerrilheiros Piauí e Zezinho que o senhor capturou?
— Tenente Vargas: Não sei, consta que Piauí desapareceu em março de 1974, eu sai da guerrilha em 27 de fevereiro de 1974. Ele foi entregue à Casa Azul, sede de nosso comando. Em Bacaba e Xambioá só ficavam os combatentes.
— Deputado Fernando: O senhor era subordinado de Curió?
— Tenente Vargas: Sim.
— Deputado Fernando: Qual o papel de Curió nessas operações?
— Tenente Vargas: Combatente. Às vezes ele saia com meu grupo de combate para emboscar, combater e destruir bases dos guerrilheiros. Isso era nosso trabalho.
— Deputado Fernando: Mas, era ele quem comandava todo o contingente?
— Tenente Vargas: Não. Ele comandava meu grupo e outros dois que comandou na primeira missão, o do Sargento Brito e Sargento Elizeu, ambos já mortos. Nós três fizemos o Curso de Guerra na Selva juntos, no Centro de Instruções de Guerra na Selva (CIGS). O Sargento Brito morreu na guerrilha e o Sargento Elizeu faleceu dia 28 de agosto de 2008 de ataque cardíaco em Belém-PA. E Curió foi ferido a bala no braço pela guerrilheira Sônia
— Deputado Fernando: O Senhor disse que prendeu em Bom Jesus vários camponeses. Quantos eram e para onde foram levados?
— Tenente Vargas: Eram mais ou menos uns 40 e foram levados para Bacaba pelos grupos de combate do Sargento Brito e Elizeu. Os suspeitos de apoiar os guerrilheiros eram mandados para a Casa Azul, os outros ficaram alojados em Bacaba em barracões, onde todos os dias eram politizados com ensinamentos de Hino Nacional, Bandeira Nacional e o que era Democracia, Comunismo e Terrorismo.
— Deputado Fernando: Pode informar se alguns camponeses foram mortos?
— Tenente Vargas: Sim, na minha relação tem o Alfredo.
— Deputado Fernando: Mas, os que o senhor prendeu?
— Tenente Vargas: Acredito que todos foram soltos, pois eu sai de Bacaba antes da guerrilha acabar em 27 de fevereiro de 1974 e ela só terminou em janeiro de 1975.
— Deputado Fernando: Como vocês foram preparados?
— Tenente Vargas: Eu, o Capitão Azevedo, também já falecido e os sargentos Brito, Elizeu e Vilhena, preparamos sessenta guerreiros (soldados), para combater os terroristas/comunistas. Nós temos o Curso de Guerra na Selva feito no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), o melhor curso que existe no mundo, pois se alguém quiser tomar nossa Amazônia (Selva), todos os militares que tem este curso bem como os bravos soldados da região Amazônica estão preparados para defende-la.
— Platéia: Foram preparados para torturar! (vaias) UUUHHH!
— Tenente Vargas: Eu vou embora Senhor presidente, se continuar assim eu vou embora e não responderei mais nada. Que falta de respeito!
— Presidente da mesa Dep. Daniel Almeida: Eu gostaria de solicitar aos convidados que não intervenham nos questionamentos feitos pelos deputados, se alguém tiver algum questionamento ou indagação, que seja dada ao deputado para ser encaminhado ao convidado, a fim de preservar o ambiente e que permita o debate.
— Deputado Fernando: O senhor entende e compreende que as famílias dos desaparecidos tem direito de saber onde estão os corpos deles. O senhor poderia ajudar a encontrá-los?
— Tenente Vargas: Só me levar até a região junto com um dos mateiros que atuaram na área, pode ser o Vanu, pois depois de 35 anos, não mais reconhecerei sozinho os locais, somente com a ajuda desse mateiro, se ele for comigo encontramos esses locais.
O mateiro Vanu foi mandado enterrar os três primeiros guerrilheiros mortos André Grabois (Zé Carlos), chefe do grupo e filho de Mauricio Grabois, comandante Geral das Forças Guerrilheiras do Araguaia (FOGUEIRA), João Gualberto Galatroni (Zebão) e Antônio Alfredo de Lima (Alfredo), camponês recrutado na área, no entanto, ele não os enterrou, só jogou palha em cima dos corpos. Os animais da mata os comeram.
— Deputado Fernando: O senhor tem consciência que torturou e pode ser processado por esse crime, como também os outros?
— Tenente Vargas: Com certeza. Se eu estou me acusando, não posso dizer que não vi outros sendo torturados. Agora se eu falasse que vi outros sendo torturados e eu não fiz, aí seria algo desleal. Mas, guerra é guerra. É hipocrisia dizer que não tem tortura numa guerra. Até hoje tem, a Policia Federal prende narcotraficantes e tortura, a milícia do Rio prendeu jornalistas e os torturou. É hipocrisia dizer que não existe tortura é absurdo.
Evidente que cada pessoa tem seu comportamento, formação social, religiosa e familiar o que não permite que se exceda.
— Deputado Fernando: A tortura é crime, e as pessoas que fizeram como é seu caso, devem ser chamadas à responsabilidade. O seu depoimento está ajudando esta comissão e gostaria de saber se o senhor tem conhecimento de outros militares que estariam dispostos a falar. Conhece alguém mais de seu tempo que atuou junto com o senhor na guerrilha que tem possibilidade de trazer informações referentes a esse período?
— Tenente Vargas: O senhor acha que alguém teria a coragem que eu tenho. Não tem. Não tem.
— Deputado Arnaldo Faria de Sá: O que vocês fizeram com Osvaldão?
— Tenente Vargas: Foi morto.
— Deputado Arnaldo: Depois de morto.
— Tenente Vargas: Foi levado num helicóptero para Xambioá, como seu cadáver era grande, ele quase caiu do helicóptero e ficou dependurado, sendo levado assim até a base dos pára-quedistas.
— Deputado Fernando: Quais as áreas onde o senhor atuou na guerrilha?
— Tenente Vargas: Bom Jesus, Caçador, Chega com Jeito, Peixinho, São Domingos das Latas, Brejo Grande, Metade, etc. As áreas eram divididas, os pára-quedistas atuaram na área de Xambioá e nós os guerreiros de selva em Bacaba.
— Deputado Fernando: Qual a recomendação a respeito dos corpos dos guerrilheiros?
— Tenente Vargas: Não havia recomendação. Aqueles que foram mortos ficaram na selva e foram comidos por animais selvagens. Ninguém os enterrou, porém os nossos sim.
— Deputado Fernando: Aqueles guerrilheiros que vocês não identificavam, eram cortadas suas cabeças e mãos? E quem dava as ordens para isso?
 Tenente Vargas: Sim, foram três exceções, por não terem sido identificados, se levava as mãos para tirar as impressões digitais e as cabeças para identificação, pois não se pode carregar um corpo no meio da selva, é muito difícil. As ordens vinham dos nossos superiores para esse procedimento.
— Deputado Fernando: Quem fez isso e quem era responsável por Bacaba e Xambioá?
 Tenente Vargas: Eu não sei.
— Platéia: Vaias ..UUUUHH!
 Deputado Fernando: Porque seu apelido de Chico Dólar?
 Tenente Vargas: Meus comandados, dez homens foram os que me colocaram esse apelido. Nós não atuávamos fardados, atuávamos à paisana, barbudos, cabeludos, descaracterizados, iguais aos guerrilheiros. Ninguém sabia quem era Sargento, Tenente, Capitão, Major e Coronel. Todos tinham um codinome.
Por atuarmos descaracterizados as nossas baixas (mortos), no período em que atuei na guerrilha, foram feitos por “fogo amigo”, nós atirávamos em nós mesmos, pois nos confundíamos com os guerrilheiros.
— Deputado Claudio Cajado (DEM/BA): O senhor acha que estava fazendo uma coisa legal quando estava na guerrilha?
— Tenente Vargas: Quando entrei no Exército fiz um juramento em defender a Pátria. Então eu tive que defender a Pátria dos Comunistas. Eu fiz isso.
— Deputado Claudio: Qual o seu grau de escolaridade na época da guerrilha?
— Tenente Vargas: Eu não tinha nem a 7ª série, hoje sou bacharel em direito.
— Deputado Claudio: O senhor sabe que juridicamente uma ordem que não é legal o senhor não tinha obrigação de cumpri-la. O senhor tem conhecimento disso, hoje em dia como bacharel em direito?
 Tenente Vargas: Lá eu era Sargento e cumpria ordens. Hoje como advogado sei que existem leis que tem que ser cumpridas.
 Deputado Claudio: Na época, para matar, o senhor sabia que não se podia cumprir essa ordem?
— Tenente Vargas: Não, tanto é que eu tenho minha formação familiar e religiosa e que eu poderia ter matado os guerrilheiros Piaui e Zezinho. Não o fiz, capturei-os vivos. A ordem era para matar: “Atira primeiro e pergunta depois”. Mas, eu não fiz isso.
 Deputado Claudio: Onde seu grupo atuou, houve mortos?
— Tenente Vargas: Não, só captura.
 Deputado Arnaldo Faria de Sá: O senhor matou cumprindo as ordens “Atira primeiro e pergunta depois”. O senhor cumpriu isso à risca?
— Tenente Vargas: Claro que não, se assim tivesse feito, não teria capturado vivo dois guerrilheiros. Os teria matado, cumprindo essas ordens teria matado PIAUI e ZEZINHO.
 Deputado Arnaldo: O senhor não tem medo de ser justiçado, assassinado?
— Tenente Vargas: Não, os senhores podem fazer o que quiserem comigo, estão no poder mesmo.
— Deputado Claudio Cajado: Qual sua motivação para o senhor vir a publico contar tudo isso, sendo fotografado, filmado, gravado publicamente, relatando esses fatos?
 Tenente Vargas: Inicialmente lancei meu livro para contar a verdadeira história da guerrilha do Araguaia. Quando comecei a escrever o livro que foi feito em dois anos, todos falavam assim: “Você é louco, maluco, o Exército vai te prender, você vai ser morto pelos familiares dos guerrilheiros que foram mortos, etc., etc.”
Depois que lancei o livro à conversa mudou: “Você é herói. Você é valente, corajoso, etc.” Até aí eu estava tranqüilo.
Aí eu comecei a ouvir e ler na mídia comentários que esses Ministros Comunistas querem acabar com a Lei da Anistia e os nossos representantes, as Forças Armadas, estão quietos, omissos, surdos. Não fazem nenhuma nota contestando ou pelo menos explicando ao povo sobre esses assuntos, Lei da Anistia e distorção dos fatos sobre a verdadeira história da guerrilha do Araguaia, onde eles, os comunistas dizem que lutaram contra o regime militar (Ditadura) para impor o regime Democrático no Brasil, o que é uma grande mentira. Isso me deixou irritado, eu sou militar, eu estive na guerrilha do Araguaia, eu combati esses terroristas comunistas, arrisquei a minha vida para ter esta democracia e não pedi nenhuma indenização nem dinheiro para ninguém. Tive problemas depois que sai da guerrilha, fiquei neurótico de guerra, pois quando você sai de uma guerra, fica neurótico, até você se readaptar novamente à sociedade, quer dizer eu não pedi nenhuma indenização. O que eu achei e acho que fizemos a coisa certa. Tanto é que depois, que os grupos comunistas de esquerda foram derrotados. O governo militar entregou as rédeas da Nação à população brasileira onde houve eleições diretas. É a Democracia. Tanto é que hoje o regime é Democrático e os partidos políticos de esquerda estão oficialmente registrados na justiça eleitoral, como o PCB, PCdoB, PT, etc.
Eu lutei pra isso, eu arrisquei a minha vida pra isso. Então, me deixam irritado quando dizem que nós do regime militar somos os bandidos, vilões e nossos chefes militares não se pronunciam em nada. Como eu estou na mídia com credibilidade, estou aproveitando para fazer este desabafo e contestar essas mentiras: “Que os terroristas Comunistas lutaram para impor a democracia no Brasil”.
 Deputado Arnaldo Faria de Sá: Você é Herói?
— Tenente Vargas: Por que não? Eu sou herói do Araguaia.
— Platéia: Uh! Uh! Uh!
— Deputado Arnaldo: Você não tem medo de ser torturado?
— Tenente Vargas: Não, nem de ser morto.
— Deputado Claudio Cajado: O senhor participou de tortura e morte?
 Tenente Vargas: Eu não dei entrevista sobre isso e nem confirmei.
 Deputado Claudio: E a motivação do livro? É por dinheiro?
— Tenente Vargas: Dinheiro! Todo mundo pensa nisso e me perguntam se eu cobrei a entrevista que dei a Revista Isto é. Não cobrei nem ganhei nada com o livro até agora, pois ninguém me patrocinou. Eu fiz o livro sozinho.
— Deputado Claudio: O senhor sabe de que tortura é crime imprescritível?
— Tenente Vargas: Terrorismo também é crime imprescritível.
— Deputado Claudio: Em que dia o senhor prendeu e entregou os guerrilheiros Piauí e Zezinho?
— Tenente Vargas: No dia 24 de Janeiro de 1974, foram entregues em Bacaba e dali foram mandados para a Casa Azul em Marabá.
 Deputado Cláudio: O Sr reconhece então que o Exército Brasileiro matou, assassinou, torturou e escondeu os corpos desses guerrilheiros?
— Tenente Vargas: Não sei. O senhor é quem esta falando. Pode ser que alguns estejam vivos, com nova identidade, com medo de serem justiçados pelos seus camaradas comunistas.
— Deputado Claudio: O senhor é aposentado?
— Tenente Vargas: Não, estou na reserva do exercito e posso ser convocado a qualquer momento.
— Deputado Fernando Ferro (PT/PE): Vossa senhoria se sente abandonado pelas Forças Armadas e pelos seus comandantes da época?
— Tenente Vargas: Não é que eu me sinta abandonado, sinto sim que quando surgem boatos denegrindo as Forças Armadas, nossos chefes não se manifestam. Então, parecem que todas as mentiras que falam sobre as instituições Exército, Marinha e Aeronáutica, são verdades, eles ficam calados e como um ditado diz: “Quem cala, consente”. Mas, apesar de todo o esforço que os revanchistas fazem para denegrir as Forças Armadas, não conseguem, pois nas pesquisas feitas junto a população brasileira a credibilidade das Forças Armadas está sempre em primeiro lugar, o que não acontece com a dos políticos.
— Deputado Fernando Ferro: Essa afirmação sua, dá a impressão de que as Forças Armadas são uma espécie de Deus, o que não é. Elas como quaisquer outras instituições cometem erros. Esta comissão de anistia foi criada para corrigir erros e contribuir com a Democracia.
 Deputado Tarcisio Zimmermann (PT/RS): Quem é José Vargas hoje?
— Tenente Vargas: Sou militar da reserva e recebo meu salário como 1º tenente, que é a minha única fonte de renda.
— Deputado Tarciso: O senhor poderia repassar esses documentos secretos para esta comissão?
— Tenente Vargas: Vou pensar.
— Platéia: (vaias) Põe ele no pau de arara! UUUHHH!
— Deputado Tarciso: A ministra Dilma Russef, o senhor acha que ela deveria ter sido assassinada como as demais?
— Tenente Vargas: Se ela estivesse na guerrilha do Araguaia, não estaria viva.
— Deputado Tarciso: Como o senhor pode estar tranqüilo diante de tantas atrocidades. Não está com medo?
— Tenente Vargas: Se estivesse com medo não estaria aqui.
— Deputado Tarciso: Na revista Isto é, o senhor diz que tortura numa guerra é normal para obter informações. O senhor confirma isso?
— Tenente Vargas: Na época era normal. Fiz o que fiz. Se coloque no meu lugar, se eu tivesse sido capturado pelos terroristas comunistas, eu estaria vivo aqui? Guerra é guerra!
 Deputado Arnaldo Faria de Sá: Com todo o respeito senhor presidente, eu estou enojado. Porque Genoino está vivo?
— Tenente Vargas: Porque ele entregou seus companheiros.
— Platéia: (Vaias) Porque foi torturado! UUUHHH!
— Tenente Vargas: Senhor presidente, eu vou embora que falta de respeito da platéia.
— Deputado Arnaldo Faria De Sá: O senhor conhece alguém que poderia passar mais informações sobre a guerrilha?
 Tenente Vargas: Qual homem teria a coragem de falar como eu. Eu estou aqui levando farpadas. Vejam como os senhores me trataram aqui, acham que outros iriam querer vir aqui para passar pelo que eu estou passando. Quem iria colaborar com os senhores. “Cego é aquele que não quer ver”. Não sou leigo.
— Deputado Daniel Almeida: O senhor Vargas pode dizer suas palavras finais.
 Tenente Vargas: Senhor presidente, finalizando, quando desgravarem o que aconteceu nesta audiência, ouvirão e verão que o senhor foi o único a falar decentemente comigo, os outros me destrataram e afrontaram.
Já fiz meu desabafo e fui pressionado sem ninguém me apoiando. Esse problema que querem acabar com a lei da anistia e nossos chefes das Forças Armadas não falam nada, eles deveriam se pronunciar a respeito. Sou militar que defendeu a Pátria contra o regime comunista, tanto é que deixei um documento provando que o PCdoB queria impor o regime comunista no Brasil. Fui para a guerra. Guerra é guerra, afeta dois lados, tanto a parte vencida como a dos vencedores.. Sei que tem muita gente sofrendo até hoje, de nosso lado também tem gente sofrendo.
Já pedi perdão a Deus, mas eu estava numa guerra e tinha que cumprir ordens. Eu estava defendendo a Pátria, o regime militar, um ideal democrático contra um ideal comunista. Eram ideais de cada lado, cada combatente guerrilheiro pelo seu livre arbítrio defendia o que achavam certo. Mas, com certeza agora os senhores tem um relato verdadeiro, de quem realmente esteve lá dentro da guerrilha do Araguaia combatendo os terroristas/comunistas.
Antes de encerrar, vou fazer uma pergunta à Comissão Especial de Anistia, que é a que libera grandes verbas de indenizações aos comunistas derrotados e suas famílias. Se eu posso entrar também com um pedido de indenização por ter combatido os comunistas na guerrilha do Araguaia para ter esta Democracia que temos hoje no Brasil?.
— Platéia: Vaias, gritos de revolta! UUUHHH!
— Deputado Tarciso: O senhor não lutava pela democracia, lutavam pela ditadura militar, o senhor não é merecedor de anistia e nem de indenização. O senhor não tem direito, nenhum torturador tem direito a anistia nem indenização. O senhor cometeu atos de ilegalidade
 Deputado Arnaldo Faria de Sá: (Obs:Chantagem e ameaça do Deputado) Senhor Presidente, eu queria dizer ao depoente da minha parte o seguinte: “se vossa senhoria entregar esses documentos secretos a esta Comissão Especial de Anistia, eu abro mão, como relator de entrar com uma representação no Ministério Publico Federal, para que o senhor seja processado e preso por crime de tortura na Guerrilha do Araguaia.
— Tenente Vargas: Eu não vou entregar..
— Platéia: Vaias UUUHHH!
— Deputado Daniel Almeida: O senhor José Vargas não foi tratado de forma grosseira não ouve qualquer tipo de pressão, foi um debate civilizado. Todos nós consideramos fundamental o papel das Forças Armadas, aquilo que está previsto na lei. Sou do PCdoB, considero que tudo o que fizemos foi para resgatar a Democracia e a sociedade Brasileira alcançou esse objetivo. Não me considero nem mais nem menos patriota por qualquer outro segmento da Sociedade Brasileira, porém os integrantes e guerrilheiros do PCdoB são patriotas. Agora, defender a Pátria não é impor suas convicções e não é suprimir a Democracia.
Está encerrada a audiência.
OBSERVAÇÃO: Ao término da audiência, os jornalistas vieram para me entrevistar e junto com eles veio uma senhora que disse ser filha de um dos comunistas que morreram no regime militar. Ela chegou perto de mim e apontando-me o dedo no meu rosto disse:
Se eu não fosse uma pessoa educada lhe dava um tapa na cara, porém se eu tivesse seu endereço mandaria matá-lo
O segurança da Câmara dos Deputados a retirou do local e também me retirou pelos fundos da sala da audiência, pois as famílias dos Terroristas/Comunistas estavam me esperando na porta da entrada.
TENHO TODA A AUDIÊNCIA PÚBLICA GRAVADA, NA ÍNTEGRA, SE EU NÃO TIVESSE FEITO ISSO, VALERIAM SOMENTE AS VERDADES DELES, JÁ A REMETÍ PARA O SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA DO EXÉRCITO E AGORA ESTOU REMETENDO AOS SENHORES UM RESUMO DELA. POR FAVOR, DIVULGUEM.
Respeitosamente.
Tenente Vargas. SELVA!
“BRASIL ACIMA DE TUDO e também TUDO PELA AMAZÔNIA”

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