quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

PlanHab Desmente Farsa da FGV

por Janer Cristaldo
Em agosto passado, quando a Fundação Getúlio Vargas estabeleceu a renda mensal de 1.064 reais como parâmetro inicial para definir a classe média, devo ter sido uma das raras vozes a denunciar o absurdo de tal critério. A imprensa, como um todo, engoliu a potoca. Mesmo jornais estrangeiros se deixaram levar pelo blefe e saudaram o Supremo Apedeuta como o homem que havia ampliado a classe média no país. Na grande imprensa nacional, só li um artigo denunciando a farsa, intitulado "Classe média que ainda não é", assinado por José Aristodemo Pinotti, onde o deputado se pergunta:
Não consegui deglutir essa euforia acrítica de classe média majoritária. Outro dia, contou-me um amigo que alguém lhe perguntara: "Como faço para entrar na classe média, se ganho R$ 980?" Respondeu-lhe esse amigo: "É muito fácil, peça ao seu patrão um aumento na Carteira de Trabalho de R$ 84 e, mesmo que não os receba, você passará a ser mais um feliz integrante dessa classe, o que certamente mudará a sua vida."
Dito isto, desde o ano passado o governo vem falando de um Plano Nacional de Habitação (PlanHab), que seria lançado no mês que vem, cuja meta é erguer 12 milhões de moradias de até 25 mil reais para famílias de baixa renda. O investimento total pode chegar a R$ 300 bilhões em recursos orçamentários, incluindo União, Estados e municípios. Curvem-se as nações ante o Brasil. Desconheço país rico que dê esmola tão gorda aos pobres.
Até aí tudo muito lógico, faz parte da política demagógica do governo, de dar peixes em vez de ensinar a pescar. As tais de famílias de baixa renda terão daqui para a frente um excelente instrumento para aumentarem seus patrimônios, o ventre de cada mãe de família. Quanto mais filhos tiverem, mais moradias acabarão acumulando, quando os rebentos chegarem à idade de acasalamento. O contribuinte — eu, você, nós todos que pagamos impostos por nossos rendimentos — seremos os garantes do bem-estar de famílias que procriam como coelhos.
O fato novo, fui lê-lo hoje no jornal espanhol El País:
Las familias brasileñas que ganen hasta 1.500 reales (455 euros) al mes podrán aspirar a una de las 12 millones de viviendas previstas en el gigantesco Plan Nacional de Vivienda que el Gobierno del presidente Luiz Inácio Lula da Silva lanzará después de año nuevo y que prevé una inversión de 300.000 millones de reales (más de 90.000 millones de euros) durante los próximos 15 años. (Atenção: 300.000 millones, em espanhol, quer dizer 300 bilhões).
Se bem entendi, então a classe média nacional não tinha onde morar, já que a FGV fixava em 1.064 reais a renda familiar para ingresso no conceito de classe média. Curiosa definição de classe média. São mentiras como essa que elevam a popularidade do Apedeuta a níveis próximos da popularidade de um Envers Hodja. Que Lula se valha de mentiras para inflar sua popularidade não é de espantar, isto é próprio de políticos. O espantoso é ver alguém acreditar que, com uma renda familiar de 1.064 merrecas, já entrou no panteão da classe média.
Pior que isso, é ver a imprensa toda endossando a farsa.

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