quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Erros Diversos e Constantes

por Peter Wilm Rosenfeld
Ao longo do tempo em que venho escrevendo meus artigos semanais, abordei um sem número de assuntos que, a meu ver, eram importantes.
Muitos deles tinham que ver com coisas que estavam acontecendo no País e que, em minha opinião, eram importantes e, por isso, mereciam atenção.
É de surpreender que quase nada foi feito, modificado, melhorado ou de alguma forma considerado. Aliás, pensando bem, não deveria ser surpresa, se pensarmos um pouco em como funcionam nossas instituições e de que mecanismos disporia a sociedade para sanar os erros.
A impressão é de que nossas leis e regulamentos foram feitos para apenas uns poucos, que talvez mereçam ser chamados “contra-elites”, pois falsificam, adulteram documentos, cometem crimes com violência física, podendo ir até a morte de outra pessoa, desviam dinheiros públicos para seus próprios bolsos, negam tudo com a maior cara de pau e, qual a conseqüência?
Talvez uma notícia desfavorável em alguns jornais ou revistas, se tanto.
O que faz com que a pessoa em questão continue sendo absolutamente a mesma; não faz qualquer jogo de cena para a platéia; é perda de tempo e só serviria para cansar os músculos faciais do pseudo-cidadão.
Citarei alguns exemplos, bastante elucidativos:
— Os vereadores do município de Braga (RS) querem ganhar o 13º salário, retroativamente! Que beleza. Já não fazem nada. Braga é um município relativamente novo no RS, população de 3.828 habitantes, divididos igualmente entre homens e mulheres. A rigor, nem deveria ser uma unidade autônoma, pois certamente depende do repasse de verbas estaduais e federais para sobreviver. É provável que a Câmara Municipal funcione uma vez por semana. E seus integrantes querem receber o 13º salário! Nem trabalhadores são, nessa função de vereadores eleitos! Parece-me um exemplo gritante da total falta de espírito público pleitear o que estão desejando!
— O Tribunal de Contas da União está examinando com grossa lupa as contas do Tribunal Regional Federal e do Tribunal Superior Eleitoral de Brasília, face a supostas irregularidades em obras que estão executando na Capital Federal! Não conheço os projetos, mas certamente são construções nababescas, como as de todos os órgãos federais em todo o País! Será que o exame do TCU revelará algo? É muito pouco provável!
— O correto e impoluto deputado João Paulo Cunha, do PT-SP, que já presidiu a Câmara e que pertence ao time de mensaleiros denunciados à Justiça pelo Procurador Geral da República, está propondo a prorrogação de todos os mandatos de 4 para cinco anos? Para que? E um deputado mensaleiro merece qualquer consideração? Deveria ter tido vergonha, renunciando ao mandato!
— A Câmara de Deputados reformará a área social dos apartamentos funcionais de Brasília. Para que? Ademais, quem os danificou deveria ser responsável por seu conserto!
— O Sr. Paulo Medina, ministro afastado do Superior Tribunal de Justiça, será julgado por vender sentenças. Que justiça boa! Lamentável que esse assunto esteja rolando há tanto tempo! Já deveria ter sido julgado há muito!
— O Sr. Paulo Pereira da Silva (conhecido com “Paulinho da Força”) que já foi Ministro, desviou recursos do FAT (Fundo de Amparo dos Trabalhadores ) para proveito próprio. Será que terá seu mandato extinto?
— Depois de decorrido muito tempo após o lamentável acidente da TAM em São Paulo, funcionários e diretores de vários órgãos foram indiciados pela justiça. Horas depois, o indiciamento foi suspenso por filigranas jurídicas (será que as falhas não foram por pura desídia dos que agora seriam afastados?).
 O Sr. Cássio Cunha Lima, governador da Paraíba (que mencionei em meu artigo anterior), depois de condenado pelo TSE, que cassou seu mandato, já foi reempossado no cargo por decisão do próprio TSE, que lhe outorgou o direito de permanecer no cargo até que todos seus recursos fossem julgados. Sabem os que me lêem quando isso ocorrerá? Garanto que será após o término de seu mandato. Que beleza!
— Para finalizar, algo que só ocorre neste País (e que já existe há muito tempo, consideravelmente antes do governo do Presidente da Silva...): funcionários públicos fazem greve, param de trabalhar por longos períodos sem qualquer consideração para com os direitos dos cidadãos (em geral os mais modestos), e sua primeira reivindicação é que lhes sejam pagos os dias parados.
Esquecem completamente que são servidores públicos, cujos salários são pagos pelo cidadão, e que esses salários representam a contra-partida do trabalho que realizaram. Logo, se durante a greve não trabalharam, nada têm a receber. Sem trabalho, não pode haver salário! A inversão de valores é tão gritante neste Pais que os dirigentes sindicais (em geral regiamente pagos por trabalhos não realizados) apenas se locupletam de sua posição e não fazem qualquer provisão financeira para arcar com os custos de uma greve. Ademais, se eternizam em seus cargos (o que, aliás, também é comum no exterior). O Rio Grande do Sul tem sido uma vítima desse sindicalismo, principalmente com o sindicato dos professores. Uma vergonha!

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