quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Entrevista Extemporânea

# Cel Silvio Gama
Eu estava, sexta-feira passada, na sede da Academia Alagoana de Letras, durante o velório no qual pranteávamos o falecimento do confrade Ib Gato Falcão e, contava a um grupo de amigos que ele gostava de me chamar de general, em tom de brincadeira, pensando que a promoção me agradava.
Nesta ocasião, um jornalista que fazia a cobertura do velório dirigiu-se a mim e comentou:
— Professor, tenho acompanhado sua vida literária e nunca soube que o senhor pertence ao Exército. Aproveitando a oportunidade e porque o acho perfeitamente integrado á vida civil, desejo saber como o senhor vê a Revolução de 1964.
Pergunta inoportuna mas, se para ela eu não desse resposta, poderia, o meu silêncio, ser interpretado, como uma fuga para evitar uma opinião contrária. Resolvi encarar o curioso e respondi:
— Da Revolução eu acho que foi uma aventura apressada de uma camarilha que desejava entregar o nosso Brasil nos braços de uma ditadura comunista. Porém da Contra Revolução que ela ensejou, acho que foi uma atitude acertada do Exército, atendendo ao clamor popular.
— Mas a Contra Revolução instalou uma ditadura militar que permaneceu por mais de vinte anos. Ponderou ele.
— Chamam de ditadura um governo democrata que manteve a autonomia dos três poderes; Que manteve o processo eleitoral funcionando; Que respeitou os direitos individuais de todas as pessoas de bem; Que prendeu bandidos e delinquentes que se escondiam atrás de um falso idealismo, onde o individualismo interesseiro predominava; Que mais trabalhou, comparando-se as suas atividades com as de todos os governos que o antecederam.
— Mais só uma pergunta, coronel — o meu modo decidido e firme com o qual eu dava as respostas, já estava fazendo com que ele colocasse os pontos nos is —, em sua opinião a Contra Revolução cometeu erros?
— Cometeu um só. O de não ter feito com o bando de assassinos, ladrões de bancos e de carga de caminhões, sequestradores iguais aos que, hoje, atormentam à nossa população, o mesmo que Fidel Castro fez em Cuba — e que eles tanto aplaudem —: eliminação sumária. Só assim estaríamos livres dessa horda de ladrões que, comprando a democracia situaram-se no poder; saqueia o erário público; se auto premiam com indenizações bilionárias por prejuízos morais inexistentes; incentivam o enriquecimento ilícito e, o que é pior, estão, pelo mau exemplo, promovem o esfacelamento da ética e da moral na sociedade.

# Cel Silvio Gama é Aspirante de Artilharia, da Turma TUIUTI - 08 Jan 44,
da antiga Escola Militar do Realengo, hoje Cel Reformado,
renomado escritor, membro da Academia Alagoana de Letras

Fonte: Blog do Cel Lício
COMENTO: Já sofri críticas de alguns amigos por expressar que o grande erro dos contra-revolucionários de 64 foi não terem instaurado um "paredón" pois isso nos pouparia de muitos dos males que ora sofremos. Alegam que se isso tivesse ocorrido, sempre haveria quem reclamasse que as Forças Armadas Brasileiras haviam se igualado aos stalinistas e/ou seguidores da revolução de Mao. Ainda creio que teria valido a pena!

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