domingo, 28 de setembro de 2008

Uma Singela Referência aos “Ustra”

Gen Bda RI Valmir Fonseca Azevedo Pereira.
Não tivemos maiores nem menores contatos com o Coronel Ustra, durante a nossa carreira militar. Fomos conhecê–lo, ambos na Reserva, contudo, bastaram alguns convívios fortuitos, para que pudéssemos traçar um perfil do cidadão e militar Carlos Alberto Brilhante Ustra.
O ditado diz, “que pelo dedo se conhece o gigante”. Não vimos o gigante, porém estivemos diante da sua força, da sua grandeza e da sua fortaleza, e aprendemos a respeitar e admirá-lo.
Não foi difícil descortinar, ao falar com o lídimo Coronel, que estávamos diante de um homem de caráter. Sua capacidade de defender-se, de manter o ânimo na infame adversidade, de andar de cabeça erguida, de enfrentar com honra e com dignidade a detração e as perseguições, julgamos, podem servir de exemplo a tantos quantos forem inocentes vítimas de um “establishment” de esquerda, maldoso e canalha como o que ocupa, atualmente, os diversos nichos do poder nacional.
A tenacidade, a fibra e a determinação dos “Ustra” servem como um precioso modelo, que pode e deve ser apontado para os militares e para os civis, como
uma família que tem arrostado coesa as mais tenebrosas tempestades. Poderia servir de exemplo para os jovens militares de sua instituição militar de origem. Não pode. Para a Instituição, o Coronel Ustra não existe.
A Instituição Militar que com o seu peso poderia ter aliviado, pelo menos, uma parte da pesada carga que os “Ustra” carregam, virou–lhes as costas. Uma pena. 
O HOMEM–ALVO tem sido um herói da resistência.
A irrepreensível carreira do Coronel Ustra foi ceifada no Uruguai. A partir de então, o valoroso militar tornou–se um pestilento, um lazarento, o qual,
chefes sem pundonor ou a menor magnanimidade queriam longe da caserna, para não perturbar–lhes o insípido comando. O mesmo “esquecimento” ocorreu com outros companheiros, menos expostos, mas nem por isso, menos prejudicados.
Ao tomarmos conhecimento de que a última, espera-se, perseguição jurídica contra o Coronel, será arquivada, e um uníssono regozijo pela boa-nova ecoa entre seus incontáveis amigos, por oportuno, louvamos ao bravo militar e sua magnífica família, sublinhando que estamos todos ao seu lado.
Com respeitosa admiração, imaginamos onde buscam tantas energias. Como permanecem de pé, onde, certamente, muitos teriam sucumbido. Quantas angústias e mágoas, quantas tristezas, e quantas revoltas pelas injustas e torpes acusações..
Ao apontá–los como um exemplo de rara coragem moral, cumprimos um dever de justiça, pois
os “Ustra” transpiram os Valores e as Virtudes que enobrecem qualquer Família, traços que, na quadra atual, adquirem uma magnitude impar, onde se destacam a fé e o respeito mútuo que os revigoram, continuamente, para defender com a tenacidade peculiar dos nobres de espírito, um de seus membros contra a difamação e contra a injustiça.
Aos prezados amigos Ustra e Família, parabéns!
Brasília, DF, 24 de setembro de 2008
Gen. Bda RI Valmir Fonseca Azevedo Pereira.
Fonte: Recebido por correio eletrônico
COMENTO: Faço minhas as palavras do Gen Valmir. Por estar em viagem, tenho tido alguma dificuldade de acesso à internet, por isso o atraso em cumprimentar o honrado Cel Ustra por mais esta batalha ganha. Infelizmente sabemos que "eles", movidos pelo ódio que os corrói por terem perdido a luta armada, voltarão à carga, usando os princípios da Democracia que queriam destruir. Força meu Coronel. A Justiça ainda funciona "nessepaíz" e o que "eles" merecem, terão no devido tempo.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A Vaca Atolada

por Percival Puggina
Em 1996, a Bolívia abriu suas reservas petrolíferas e refinarias aos investimentos externos. As instalações estavam sucateadas e o país não tinha meios financeiros. A Petrobras entrou no sistema, investiu em tecnologia, qualificou as instalações, capacitou recursos humanos, construiu 3 mil quilômetros de gasodutos até o Brasil e, principalmente, criou uma demanda para 85% do gás boliviano. Hoje, com o mercado consumidor daqui, a Petrobras responde por 15% do PIB daquele país e por algo entre 20% e 30% de sua receita tributária.
Não obstante, o Brasil se tornou alvo para a demagogia esquerdista e que elegeu Evo Morales. “O Brasil enriquece à custa da nossa pobreza!” E todos lembram do que ocorreu em 2006: desapropriação, presença do exército nas usinas e discursos veementes contra os brasileiros gananciosos que sugavam as riquezas bolivianas sem uma conveniente retribuição. Em resposta, o Brasil falou grosso, depois falou fino e, finalmente, bonzinho, recuou. Há dois meses, a Petrobras anunciou que vai investir mais US$ 1 bilhão na Bolívia. Pode?
Pode. No começo dos anos 90, o Brasil assinou um acordo binacional que lhe garantia gás argentino posto na cidade de Uruguaiana. Dali, o gasoduto seguiria para Porto Alegre. Em Uruguaiana seria construída uma grande usina termelétrica (600 MW). Tudo certo e assinado? Tudo certo e assinado. Ficou pronto o gasoduto até a usina. Inaugurou-se a termelétrica. E o gás subiu de preço. Pior, começou a faltar. Ué! Cadê o gás que estava aqui? O gato aspirou. O país vizinho, por falta de investimentos, entrou em crise energética e restringiu a torneira situada na província de Entre Rios. O brasileiro, bonzinho, reviu o acordo binacional e aceitou a redução do fornecimento. E aí o gás acabou. Como assim, “acabou”? Acabou, mesmo, de vez. Deve ter havido um movimento tipo “El gas es nuestro!”. Agora, a usina de US$ 350 milhões está para ser desmontada e vendida. Pode?
Pode. Na década de 70, o Brasil decidiu construir Itaipu. O Paraguai não tinha dinheiro nem crédito para dividir ao meio o investimento. Entrou com metade da água e da vontade, para receber 50% da energia. É essa energia que viabiliza a equação paraguaia no investimento. Assim: da metade da energia que lhe corresponde, o Paraguai, que só tem mercado para cerca de 10%, vende o excedente ao Brasil. A diferença entre o preço dessa venda e a tarifa no mercado brasileiro cobre a parte paraguaia no financiamento.
É esse acordo que Fernando Lugo, o novo demagogo esquerdista alçado ao poder na América Latina, quer rever. A exemplo de Evo Morales, ele fez campanha prometendo acabar com a exploração imperialista brasileira. De novo, o Paraguai é pobre porque o Brasil é rico... Tá bem. E o brasileiro, bonzinho, vai aceitar. Alega o mandatário que seu país tem imensos excedentes energéticos e em nada se beneficia disso. Esquece-se, no entanto, de que recebe energia a troco de banana e andaria a toco de vela não houvesse o Brasil assumido os encargos e riscos de Itaipu.
Pessoalmente extraio duas lições desses três fatos. A primeira é a de que o Mercosul atolou e só vai andar quando os países-membros adotarem instituições mais sérias e menos sujeitas ao acasalamento da baboseira ideológica com a demagogia. E a segunda é a de que os investimentos que o Brasil está fazendo nos países vizinhos são de altíssimo risco porque as assinaturas se depreciam com o passar do tempo.
Fonte: Zero Hora - 14 Set 08

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Tiembla Cristina

ASEGURAN QUE VALIJA DE ANTONINI WILSON
ERA PARA LA CAMPAÑA 2007
por Carlos Forte
"La declaración que el gobierno argentino no quería oír en los juicios en Miami por el Valijagate ya fue dicha. Hoy, el fiscal Tomas Mulvihill ratificó que el maletín con 800.000 que se le secuestró al venezolano Guido Antonini Wilson era para financiar la campaña presidencial del Frente para la Victoria". Así comienza su crónica sobre el caso el sitio Perfil.com, provocando un tembladeral en los cimientos más profundos del kirchnerismo.
"Era dinero para la campaña presidencial de la entonces candidata en Argentina, Cristina Kirchner", dijo el fiscal al presentar al jurado los argumentos de la acusación el fiscal estadounidense, que agregó que la grabaciones de los acusados obtenidas por el FBI "reflejan claramente donde iba el dinero. El dinero iba a la campaña de Cristina Kirchner (...) y fue Franklin Durán quien le dijo a Antonini cuál era el destino del dinero".
Prosigue Perfil: "En el juicio, también trascendió que Antonini envió una carta al presidente Hugo Chávez para intentar un acuerdo con su gobierno en el escándalo por el envío a Argentina de 800.000 dólares".
Al tomar la palabra la defensa de Durán, el abogado Ed Shohat afirmó que Antonini quería lograr un acuerdo con el gobierno de Venezuela para tapar los hechos, pretendía obtener documentación falsa que ocultaran la verdad y exigía un pago de dos millones de dólares.
"Antonini le decía a funcionarios del gobierno de Venezuela: si no me dan dos millones de dólares le cuento todo a la prensa (...) incluso le escribió una carta al presidente Chávez", dijo el abogado Shohat al jurado.

La conexión argentina
El día que Guido Antonini Wilson intentó ingresar a la Argentina el dinero del escándalo, uno de sus gestores más importantes fue Claudio Uberti, ex funcionario kirchnerista que, no casualmente, estuvo involucrado de lleno a la campaña de Cristina Kirchner en 2007 y que aparece vinculado en estas horas al asesinado Sebastián Forza, titular de una serie de droguerías fantasma que aparentaron poner dinero a efectos de abultar las cuentas oficiales en pos de la disputa electoral.
Más coincidencias: Victoria Bereziuk, secretaria todoterreno de Uberti era íntima amiga de Forza y su esposa — hoy viuda — Sollange Bellone. El dato fue confirmado por uno de los abogados que aparecen en el expediente que investiga la muerte de los tres "empresarios".
En fin, la suma de los dos escándalos — el affaire Antonini Wilson y los fondos de la campaña — promete traer fuertes dolores de cabeza al gobierno de Cristina Kirchner. Y estos se harán más fuertes aún cuando se deje al descubierto que parte de esos fondos provienen del tráfico de drogas.
Carlos Forte

Dos Poços Ilusórios de Nova Olinda ao Pré-Sal

por Jarbas Passarinho
Em 1965, os brasileiros ouviram empolgados, pelo rádio, em cadeia nacional, a entusiástica palavra do general Juarez Távora, chefe da Casa Militar da Presidência da República, anunciando a descoberta de petróleo em Nova Olinda, no Amazonas. Dizia ele que a produtividade dos poços era maior que a dos venezuelanos. A pátria estava em festa. A Petrobras contratou para dirigir a exploração o geólogo americano Walter Link, um dos cinco mais conceituados profissionais no mundo.
Em 1957, fui servir na Petrobras, missão de interesse do Exército. Passei na empresa três dos anos mais fascinantes de minha vida. Vi desmoronar nosso sonho com Nova Olinda. Seis poços foram perfurados, produzindo petróleo de um pequeno corpo lenticular de areia, um pequeno reservatório logo esgotado. Acompanhei a pesquisa nas rochas sedimentares do Maranhão ao Acre, na maioria paleozóicas. Vultosos investimentos aplicaram-se em sísmica, geologia e gravimetria, preparatórios da locação de poços a perfurar. Cobrimos 1 milhão de rochas sedimentares, até chegar às orlas do mar, sem achar petróleo numa região mitológica, onde se dizia ter mais petróleo que água no Rio Moa, no Acre.
Terminou o contrato com Link, sem que se achasse petróleo. A estatal francesa o substituiu, sem resultado. Em 1963, vieram os soviéticos. Revisaram tudo. Novas perfurações secas. Não perderam, todavia, a viagem. Venderam-nos possantes, mas inúteis e caras sondas de maior capacidade de perfuração e se foram. Anos se passaram com a exploração terrestre com resultado modesto, até que a Petrobras, evoluída a tecnologia de perfuração, passou à exploração de petróleo no mar, até 200 milhas da plataforma continental, cuja soberania devemos à determinação do presidente Médici.
No início dos anos 1960, perfurou-se o primeiro poço na plataforma continental brasileira. Em pouco tempo, surpreendentemente a sonda encontrou massa salina. Já estava a Petrobras no pré-sal, sem saber. O poço foi abandonado porque “não estávamos preparados para a exploração em áreas com tectônica halocinética”, disse a Petrobras. A exploração no mar chegou a resultados excelentes, quando começou a exploração na Bacia de Campos.
Em 1984, a descoberta do campo gigante de Albacora, e logo em 1985 o supergigante Marlim, tudo durante o ciclo militar. Fase épica do desenvolvimento dos campos da Bacia de Campos, próximo da auto-suficiência sustentável, que dependia de aumentar a produção de plataformas maiores, só fabricáveis no exterior. Já feita a licitação, Lula, eleito, a cancelou, porque “estaríamos tirando emprego de brasileiros para dá-los a Cingapura”. Ato de nacionalismo delirante, pois nossa indústria naval não podia construir a super plataforma. Não por nos faltar capacidade técnica, mas porque não temos estaleiros com dimensão necessária, segundo testemunho do presidente da OIP.
Uma simulação da plataforma indispensável, pouco maior que as que tínhamos, anos depois foi saudada como tendo sido a construção no Brasil. Mas se tratou de montagem. A auto-suficiência — festejada com estardalhaço — proporcionou equilíbrio instável entre consumo e produção e logo mostrou isso. O presidente da Petrobras advertiu, em plena comemoração demagógica, que a auto-suficiência sustentada dependia da aquisição de plataformas construídas no estrangeiro. Advertiu, mas calou-se, dócil subordinado. Não demorou e a pesquisa sísmica, há anos sendo feita, ainda na Bacia de Campos, localizou enormes jazidas abaixo da camada de sal, que se estende contínua até a Bacia de Santos.
O campo Jubarte, na Bacia de Santos, no Espírito Santo, levou dois anos para produzir o show, na linguagem petrolífera, como se deu em Nova Olinda. A garantia da produção do Jubarte, no entanto, parece assegurada, aliada ao aperfeiçoamento da tecnologia de perfuração no sal, uma barreira de 1 km de espessura. Tem a considerável vantagem em relação a Tupi e franjas, onde o sal é o dobro e a profundidade é de quilômetros a mais — está a 300 km da costa. Afastada a hipótese de problemas técnicos posteriores, geólogos e geofísicos de alta credibilidade preveem que a produção do pré-sal será concretizada na altura do ano 2015.
Agora Lula manda comprar no exterior plataformas que vão “dar empregos a Cingapura”. Ignora o esforço histórico da Petrobras, que achou as jazidas gigantescas e quer apartar dela o pré-sal em favor de uma empresa estatal onde ele empregue a renda do petróleo conforme seus interesses políticos.

Se não mudarem a Constituição e Lula vencer em 2010 e reeleito em 2014, estará fazendo a festa por antecipação. Por ora é como diz o provérbio popular: o bolo não é para quem o faz, mas para quem o come. Indevido, porém, é o nacionalismo exacerbado de ligar a saga do petróleo a Monteiro Lobato. Escritor admirado, sua contribuição, quanto a petróleo, foi polêmica e indevida. Cita-lhe a ministra Dilma, de um livro infanto-juvenil, O Sítio do Pica-Pau Amarelo, esta frase: “Achamos petróleo atrás do galinheiro”. Como no pré-sal está o petróleo, achado em Jubarte, quem seria o galinheiro da imagem metafórica da ministra?
Jarbas Passarinho
Foi ministro de Estado, governador e senador
Fonte: Correio Braziliense

O Preço da Liberdade

por João Luiz Mauad
"Já pensou em viver num país onde todos tenham tudo de forma igual? Esse é o objetivo do comunismo, um sistema de organização política e econômica que surgiu como oposição ao capitalismo.(*)
As principais metas do comunismo são acabar com a propriedade privada e com o domínio sobre os meios de produção. Ou seja, a terra passa a ser de todos e todo mundo deve ter acesso aos meios de produção (ferramentas, máquinas, indústrias).
No comunismo, o objetivo não é o lucro, e sim o bem-estar geral. Cada pessoa só vai possuir o necessário para viver bem. E se, por acaso, uma fábrica produzir muito e gerar lucro, o dinheiro deve ser dividido para a população de acordo com a necessidade de cada um.
O comunismo acredita que nenhum homem deve servir a outro homem. Por isso, eles pregam o fim do Estado. A sociedade funcionaria baseada na solidariedade e na igualdade, sem divisão entre ricos ou pobres. As pessoas seriam mais conscientes e não precisariam de alguém para dizer o que fazer.
Para chegar a essa condição, o comunismo deve passar primeiro por um estágio chamado socialismo, em que existe uma ditadura que irá organizar a distribuição dos bens, deixando todos nas mesmas condições. Depois, a ditadura deve se desfazer e, como vimos, a sociedade funcionaria sozinha.
(*) Você já teve aquela figurinha mais difícil de conseguir e trocou por várias? Se já fez isso alguma vez, então você é um capitalista nato! Você foi atrás de um lucro. "'A essência do capitalismo é conseguir o máximo com o mínimo', explica o historiador Erivan Raposo."
Não pense o leitor que essas gracinhas estampadas aí em cima foram retiradas da página do Partido Comunista ou de qualquer outro desses partidos nanicos que, em pleno século XXI, ainda insistem na idealização de uma doutrina que já demonstrou toda a sua tirania social e ineficácia econômica ao longo da História dos últimos 100 anos.
Estranhamente, essa peça de retórica, nitidamente dirigida à doutrinação infantil, estava inserida, até poucos dias atrás, num site voltado para crianças vinculado à Câmara dos Deputados, devidamente misturada a joguinhos, brincadeiras, bonequinhos etc. Seu endereço eletrônico é plenarinho.gov.br e, como todo endereço .gov, é financiado com recursos retirados dos impostos que todos nós pagamos, independentemente das nossas ideologias ou princípios.
Foi então que alguns pais — cujos filhos haviam sido instruídos pelos respectivos professores a "fazer pesquisas" naquele jardim da insensatez — tomaram conhecimento da estrovenga e resolveram protestar, enviando mensagens eletrônicas para os amigos e para alguns blogs, os quais, imediatamente, passaram a divulgar o absurdo.
Passados alguns dias, os responsáveis pela página, provavelmente pressionados por uma avalanche de reclamações em suas caixas postais, decidiram dar uma satisfação à sociedade — que, afinal, é quem paga os seus salários — e alteraram (em 03/09) o conteúdo daquela aberração. Entre outras mudanças, agora informavam às crianças que "o sonho do comunismo parece não ter se concretizado, sabe? Muitos pesadelos — como o desrespeito aos direitos humanos e a morte de muitos inocentes — aconteceram desde o início do século passado nos países que adotaram o comunismo. Isso prova que, nem sempre o que é idealizado, na prática funciona como se imaginava".
Como, provavelmente, os "panos quentes" não surtiram o efeito desejado, no dia 04/09 o disparate foi retirado do ar, sob a seguinte alegação, expressa em editorial:
"(...) Após receber as referidas críticas, a equipe de redação do Plenarinho releu a reportagem e percebeu que, mesmo não tendo agido de má-fé, a matéria não atingiu seu objetivo, que era apenas o de apresentar às crianças o que era o comunismo. Analisamos que, mesmo sem intenção, produzimos uma matéria tendenciosa, que apresentou apenas os pontos positivos da teoria e não apontou os pontos negativos dos sistemas comunistas estabelecidos ou já extintos na História da Humanidade. Portanto, em respeito aos nossos internautas mirins, resolvemos retirar a reportagem do ar, assim como a outra matéria da série, 'Sobre o capitalismo'."(sic)
A grande lição que fica — especialmente nesses tempos em que a tirania tem andado sempre à espreita — é que nunca o velho adágio foi tão atual: "O preço da liberdade é a eterna vigilância."
João Luiz Mauad é administrador de empresas.
Fonte: O Globo - 10 Set 08
COMENTO: É só para mostrar como foi ganha a guerra contra o terrorismo comunista e como foi perdida a batalha no âmbito da doutrinação. "Eles" atacam de todos os lados. Mas, como na estória da dupla cercada pelo inimigo, em que um diz: "— eles estão todos ao nosso redor!"
Responderemos: "— Melhor, assim não me escapa nenhum!"

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Grampos


Quando alguma denúncia ou boato é levado ao público, a primeira pergunta que fazemos é: QUAL O OBJETIVO? PARA QUE? QUEM VAI LEVAR VANTAGEM? SERÁ QUE HÁ ALGUM PRODUTO QUE DEVA SER COMPRADO PARA SUBSTITUIR O ATUAL? E OUTRAS MAIS.
O diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações (CEPESC) da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Otávio Carlos Cunha da Silva, disse na CPI do Grampo na quarta-feira da semana passada que a maleta Oscor 5000 não faz grampo, só varredura. Foi desmentido no depoimento seguinte pelo seu chefe, o diretor-adjunto José Milton Campana.
Otávio Silva, um engenheiro formado pela UnB e especializado em criptografia, ingressou no SNI na década de 80. Virou um funcionário singular: ele é a porta de acesso ao segredo das informações da agência como detentor da chave do Criptovox - a caixa blindada com o chip da cifra alfanumérica que rege a seqüência em algoritmo que codifica todas as mensagens sensíveis da administração federal.
O Criptovox, desenvolvido no CEPESC de Otávio, hoje protege 1.800 aparelhos da Esplanada, incluindo os telefones de Lula e seus assessores nos palácios do Planalto e do Alvorada, os aparelhos dos ministros, dos dirigentes dos principais órgãos federais e das maiores unidades militares no país.
Foi o CEPESC de Otávio que desenvolveu o sistema de transmissão segura dos dados de cada urna eletrônica que recolhe a manifestação de vontade de 100 milhões de eleitores. É a ABIN de Otávio que garante a codificação das informações, em cada seção eleitoral, e as codifica para levar os números da eleição até a central do Tribunal Superior Eleitoral em Brasília.
Otávio, com toda essa responsabilidade, já foi alvo de duas operações de contra-espionagem nos últimos dez anos. A primeira foi realizada ainda pelo Departamento de Inteligência da SAE, a sigla que substitiu o SNI extinto por Fernando Collor em seu primeiro ano de governo.
Gente graúda passou a desconfiar das freqüentes viagens de Otávio ao exterior, média de uma por mês, a pretexto de visitar exposições de bugigangas eletrônicas e de participar de seminários com a fina flor da arapongagem mundial. E passou a suspeitar de suas estreitas relações com serviços de informação dos Estados Unidos e Alemanha.
Começou-se então a conjeturar sobre o padrão de vida de Otávio, incompatível com o salário de um tecnologista do Ministério de Ciência e Tecnologia cedido à ABIN, só agora percebendo R$ 10 mil de proventos. Apesar desse aperto Otávio tem uma casa no Lago Norte avaliada em cerca de R$ 1 milhão, mas agora prefere viver num apartamento alugado, mais modesto, na quadra 216 da Asa Sul.
Tempos atrás ele tinha o estranho hábito de sair de casa, após o almoço de sábado, comprar alguns cartões telefônicos e se dar ao trabalho de ir até a cidade de Sobradinho, a 30 km de sua quadra, para usar os orelhões da cidade-satélite. Os técnicos em telefonia lembram que ali havia um ponto cego do sistema que tornava ineficaz qualquer tentativa de grampo, dando absoluta segurança às conversas.
Tudo isso virou dinamite na mão da ex-mulher de Otávio. E ex-mulher, como sabem até os orelhões mais surdos, é um perigo maior que o Oscor 5000. A ex-senhora Otávio Silva, que vive no Espírito Santo, decidiu contar em 2005 supostos e intrigantes detalhes domésticos a um alto ocupante do Palácio do Planalto.
Naquela época, o general Wellington Fonseca era o secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional de Lula, o GSI do general Jorge Félix. O relato da patroa deixou o general Wellington assustado por dois motivos: pelo teor das informações e pela qualificação de Otávio, um homem de confiança do próprio ministro Félix.
Mesmo assim, o que disse a ex-mulher de Otávio em nada afetou a situação dele. Na dúvida, áreas mais sensíveis do Comando do Exército deixaram de usar o sistema criptografado do CEPESC de Otávio.
A zorra na área de inteligência do governo é tão grande que o Criptovox sob controle estrito de Otávio já esteve, um tempo, fora do controle da ABIN. No Governo FHC, talvez por obra e graça do neoliberalismo, privatizaram o Criptovox, que passou a ser a jóia de uma pequena empresa particular, com dois telefones e sem fax, instalada numa saleta da quadra 708/709 da Asa Norte de Brasília.
A Acron Telecomunicações e Informática Ltda. era propriedade de um coronel egresso do SNI, Antônio Carlos Menna Barreto Monclaro, formado em Engenharia de Comunicações em 1969 pelo respeitado Instituto Militar de Engenharia (IME). Apesar de pequena, a Acron estava registrada no CADIMNB, o Cadastro da Indústria Militar Naval Brasileira, com área de interesse em "criptografia e cibernética".
O general Alberto Cardoso, chefe do Gabinete Militar do Planalto, achou que aquele sistema tão sensível não poderia ficar fora do controle federal. Então decidiu estatizar a Acron nos idos de 2000, comprando de volta seu rico acervo. Pagou a conta com recursos da VS, a Verba Secreta da ABIN, que nem a lupa mais sensível do Tribunal de Contas da União consegue identificar. Foram duas ou três parcelas, a primeira delas de aproximadamente R$ 800 mil, segundo a memória de arapongas da época.
Reestatizaram também o coronel Monclaro, dono da Acron. Ele foi contratado em 12 de abril de 2005 pelo Palácio do Planalto, conforme portaria assinada pelo ministro José Dirceu, da Casa Civil. Com um DAS-5 foi designado assessor especial do general Félix, responsável pelo Departamento de Segurança da Informação e das Comunicações (DESIC) criado em maio de 2006.
Traduzindo: Monclaro agora é o responsável pelo sigilo das conversas do Planalto e seus notáveis habitantes. Usa o mesmo Criptovox que saiu do Governo FHC com ele e que ele depois revendeu para o governo federal que agora emprega os dois – o Criptovox e o coronel.
Monclaro voltou com força ao poder. Na tarde de 15 de julho passado ele foi o moderador de uma reunião de três horas e meia no Palácio do Planalto com 21 técnicos em segurança e informática, incluindo gente dos ministérios da Defesa e Planejamento, Inmetro, Universidade de Brasília e cinco especialistas da ABIN, três deles do CEPESC – incluindo o próprio diretor do Centro, Otávio.
No encontro o coronel defendeu a adoção no governo do Ecrypt, um programa de criptografia lançado em 2004 e adotado em 35 universidades e centros de pesquisas dos países mais avançados da União Européia.
Na manhã da próxima quinta-feira, o coronel Monclaro vai mostrar a cara e o talento publicamente no Centro de Convenções de Manaus. Fará a segunda palestra do dia na IV Feira Internacional da Amazônia. Vai falar sobre o RENASIC, a Rede Nacional de Segurança da Informação e Criptografia que deve interligar e proteger os terminais do governo, dos centros de pesquisa, das universidades e das empresas. Uma espécie de Criptovox dos computadores.
Na Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, o general Jorge Félix, chefe dos dois, poderá falar hoje a respeito de tudo isso que os deputados esqueceram de perguntar, e que ele não lembrou ou não quis dizer.

Recebido por correio eletrônico:

(desconheço o autor, assim, não posso garantir a veracidade, mas o assunto é interessante)


Um Olhar Triste

por Klauber Cristofen Pires
Três fatos ocorridos nos últimos 5 e 7 de setembro (dia dos desfiles pela semana da pátria) remeteram-me, curiosamente, a uma famosa fotografia no tempo da Segunda Guerra Mundial: a de um cidadão parisiense, aparentando estar nos seus cinqüenta, a chorar perante o desfile das tropas nazistas invasoras. (esta foto que está sendo exibida ao lado). Foi uma imagem que espontaneamente aflorou-se-me à mente justamente quando eu estendia um olhar triste para o horizonte, tentando encontrar explicações ou alguma solução para os eventos deploráveis que marcaram as comemorações pela independência do Brasil.
Eis o primeiro acontecimento: as escolas de Belém desfilaram com uma bandeira cujo pavilhão era composto pelo logotipo do atual governo do estado do Pará! Tudo bem, eu sei que a ficha do leitor ainda não deve ter caído, então vou explicar de novo! As escolas paraenses, além das bandeiras do Brasil e do Estado do Pará, ombrearam também, ao lado destas, a bandeira que continha o LOGOTIPO POLÍTICO do atual governo do PT, da governadora Ana Júlia Carepa!
Na escola em que a minha filha desfilou, tal infâmia só foi evitada porque houve uma mãe diligente que impediu resolutamente que seu filho servisse de massa de manobra política. Até o momento, sobre isto nada vi nos jornais. Espero que o TSE e o Ministério Público tomem alguma medida, que é gravíssima, mas, sinceramente, duvido que isto ocorra: afinal, estão por demais ocupados a bisbilhotar o Orkut e blogs alheios!
Salvo, olhá lá, salvo notório engano, tenho que estes logos representam, por si só, uma ilegalidade, dado que é vedado aos agentes públicos fazerem propaganda pessoal ou partidária. Porém, por meio de um artifício, isto é, por uma brecha na interpretação da lei, diferentes governos estaduais e municipais os criam para se distinguir politicamente e assim identificar os seus feitos, fazendo uso de referências estéticas às respectivas bandeiras e escudos dos seus estados ou municípios. No caso do logo do atual governo do estado do Pará, este símbolo compõe-se de triângulos que lembram barcos a vela, tendo como slogan, logo abaixo, a expressão “Governo Popular”.
O segundo ocorrido: os alunos da escola estadual Augusto Meira, em pleno desfile, tiraram o uniforme e exibiram o luto em frente ao palanque das autoridades, em protesto por um estudante assassinado na porta daquele colégio alguns dias antes. Não, mas espere mais: logo ao fim dos desfiles, estudantes de três escolas estaduais, a Visconde de Souza Franco, a Dom Pedro II e a Lauro Sodré protagonizaram um apocalíptico estado da arte da selvageria, envolvendo-se em uma briga campal, para pavor dos demais cidadãos, e isto não obstante a presença de um expressivo aparato policial.
Enfim, o último dos acontecimentos, o tiro de misericórdia, foi o tal do grito dos excluídos, que, pela sua assiduidade, dispensa comentários.
Que, pois, dizer, diante de tão dantesco cenário? Que esperança depositar na ordem, nas instituições e na nação em que vivemos? Que esperança atribuir ao Brasil? Diante de tanta insistência em politizar tudo, o civismo sucumbiu. A conspurcação já havia começado quando inventaram de comemorar uma porcaria de coisa que ninguém sabe o que é e que leva o nome de “dia da raça” (não, não vou escrever isto com maiúsculas!), pois na minha infância e juventude sempre desfilei pela pátria, e só por ela.
Ao invés de ensinarem às crianças a amar o seu país, a ter a união dos que moram aqui como a coisa mais importante, acima de quaisquer diferenças transitórias, os professores marxistas incutiram e incutiram e incutiram em suas cabeças que o dia da nação era uma farsa, que o Brasil não era um país independente, mas colonizado pelos impérios dos países desenvolvidos e toda aquela conversa fiada e ridícula. Eis, pois, o que eles têm por independência! Eis o que têm por civilidade! Eis o seu conceito de cidadania!
Velhacaria total! Autoridades que não se dão ao respeito! Professores que não se dão ao respeito! Alunos que não se dão ao respeito! Acabou tudo! Anomia total! Pois, que se regozijem com seu espetáculo de horrores! Eu e minha família não participaremos de mais nenhum 5 ou 7 de setembro!
Fonte: Libertatum

Nem Sombra, Nem Água Fresca

por Márcio Accioly
O então presidente FHC (1995-2003) anunciou com toda pompa, certa ocasião, ter sido responsável pelo final da era Getúlio Vargas. Posicionou-se contra o único presidente que o Brasil de fato teve ao longo de malfadada República, apesar de todo o autoritarismo, tortura, misérias cometidas, etc. e tal.
Afinal, que fase de nossas infelizes vidas republicana e imperial não foi permeada de barbáries das mais escabrosas, com mortes, torturas, roubos oficiais, injustiças, entreguismo e bandalheiras inacreditáveis? Quando, em algum momento, esse país funcionou e materializou espasmos de esperança expressa pelo seu povo?
Tudo isso vem agora à lembrança, no instante em que o governo dos EUA estatiza metade do mercado de financiamento imobiliário. Despejando pacote de 200 bilhões de dólares norte-americanos para salvar as duas principais empresas que dominam o crédito naquela área.
Que diria agora FHC, que chamou de “jurássicos” os defensores de intervenção estatal nas crises setoriais, assegurando que “o mercado deve resolver seus problemas sozinho, sem ajuda governamental”(?).
De FHC e do seu partido, o PSDB, temos sabido mais coisas: soubemos, por exemplo, que sua ex-excelência mantém sempre canal aberto com o atual presidente da República, Dom Luiz Inácio (PT), todas as vezes que qualquer crise ameaça descambar para investigação que ameace bater às portas de sua gestão.
O grande problema de todos eles, ditos oposicionistas, é que o PT aprendeu o caminho das pedras, descobrindo como se perpetuar no poder através da distribuição de bolsas-esmolas nas mais diversas categorias, arrebanhando milhões de miseráveis à míngua. Para isso serve o analfabetismo, para a formação de currais.
E vamos apenas caindo no lugar-comum: apontando desvios e malfeitos, denunciando bandalhas nas 24 horas do dia, numa sociedade sem alma, controlada pelos meios de comunicação a serviço de forças estrangeiras e violentada pela carência crônica que episodicamente se alivia em migalhas oficiais.
O que vai dar uma sacudidela no respeitável público será o quebra-quebra da economia que se anuncia abertamente, nas nuvens carregadas que se formam na Terra do Tio Sam e que são sopradas em direção ao nosso hemisfério.
O que nos deixa a todos inquietos é observar-se escalada incontrolável de violência a dominar o país inteiro, apesar da propaganda oficial que nos garante ser esse o melhor dos mundos e o período mais alvissareiro de toda a nossa existência.
O atrelamento submisso de nossa atividade econômica, como linha de suporte a sociedades completamente falidas (caso da norte-americana), deixa entrever inevitável tsunami que irá nos engolfar em médio espaço de tempo.
A propaganda oficial tem sido eficiente ao vender produtos cuja entrega depende de arranjos tecnológicos ainda em fase incipiente, caso de anunciadas descobertas petrolíferas, inclusive a da camada pré-sal. O fato é que, no momento, importamos petróleo. Tudo considerado proveitoso permanece estacionado no futuro.
As várias crises que nos corroem continuam a todo vapor, sem perspectiva de solução. De maneira que não importa fingir de país grande, com incontornáveis déficits educacionais, altas taxas de criminalidade e hospitais empilhando pacientes sem remédios nem meio civilizado de atendimento.
Na roda gigante da vida política brasileira, os acontecimentos giram, sobem e descem e se descobrem sempre no mesmo lugar. Os fatos assustam, e são cansativos.
Márcio Accioly é Jornalista.
Fonte:  Alerta Total
COMENTO: Interessante a opinião de FHC condenando a "intervenção estatal em crises setoriais". O safado não pensou assim ao criar o PROER, usando verbas cujos valores, citados por diversos economistas e de acordo com o nível de simpatia de cada um com o tucanato, variam de 3% a 12% do PIB do país. A ligação PSDB-PT vai muito mais além da corrupção compartilhada e da ideologia comunista. Na realidade, são as duas faces da mesma moeda falsa que comprou a parcela mais pobre da população (o "lumpen proletariado" tão desprezado por Marx), mantendo-a sob controle e na miséria, encobrindo essa estratégia de sujeição econômica com a farsa da "inclusão social", destinando aos que "nunca tiveram nada" somente as "sobras do banquete do poder", como dizia aquela estridente sonegadora do imposto de renda. E a "grande imprensa nacional", incompetente para se autossustentar, subordina-se cada vez mais à dependência das "verbas oficiais de comunicação social". Ê oô vida de gado...!!!!

Cortina de Fumaça na Raposa do Sol

por Adriano Benayon
O Jornal Folha de São Paulo assinala, em editorial de 30 de agosto último, que o Itamaraty contrariou a Constituição ao assinar (em 2007) a Declaração da Assembléia-Geral das Nações Unidas sobre os “direitos dos povos indígenas”.
O editor resume a incompatibilidade entre a Declaração da AG da ONU e o direito de países soberanos a conservar a integridade de seu território, dizendo muito bem: O acervo constitucional brasileiro não abriga o conceito de "povos" nem de "nações" indígenas. A lei fundamental admite apenas uma nação, um território e uma população, a brasileira.
A severa crítica é fundada, pois a Declaração prevê a “autodeterminação” de povos indígenas, ensejando que tribos indígenas troquem a tutela disfarçada pela tutela declarada das potências hegemônicas. De fato, os agentes destas, há decênios, infiltram-se nas extensas áreas amazônicas ricas em minerais e em biodiversidade, nas quais vêm obtendo demarcações abusivas de “reservas indígenas” em faixas contínuas.
Com efeito, aponta o editor:Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia ... perceberam a esparrela e não assinaram a declaração da ONU. Mostra, ainda, outro ponto insustentável: o documento da ONU restringe ações militares em terras indígenas. “As áreas ocupadas por índios no Brasil são propriedade da União e, para fins de defesa nacional, estão sujeitas à presença permanente das Forças Armadas. E: Na [zona de] fronteira, definida como a faixa de 150 km até a divisa com outros países, a presença militar é mandatória [obrigatória].
Entretanto, depois de expor tudo isso, o editorial, faz conclusão oposta aos interesses nacionais: “O decreto presidencial, contestado no Supremo Tribunal Federal, que homologou a terra indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, manteve-se na linha prescrita pela lei fundamental.
Diz, ainda, a Folha: “... o Itamaraty resolveu dar sua contribuição para uma celeuma gratuita a respeito do assunto. Assinar documentos internacionais que contrariam a Constituição do país é erro diplomático elementar.
Ora, a celeuma só é gratuita para ingênuos. O jornal aparenta imparcialidade, mas defende o decreto pernicioso. Parece ter como objetivo apenas fustigar o governo, coisa que não fazia em outros tempos, quando este estava sob direção ainda mais subserviente para com a oligarquia mundial.
O decreto traz ameaça maior à integridade do território nacional do que a declaração da ONU, contra cuja aprovação, pendente no Senado, o jornal, de resto, não faz advertência clara. Se aceito pelo STF, o decreto assegura, no terreno, a exclusão dos brasileiros de todas as raças e oriundos de todas as miscigenações, sob o primado do princípio racista, determinando a expulsão dos “não-índios” e a da maioria dos índios, a qual não quer ser excluída da comunidade brasileira.
O decreto é inconstitucional não só por ferir os direitos dos brasileiros de toda e qualquer origem radicados na área, mas também por se basear em política racista de limpeza étnica. Leva, de fato, a segregar do território nacional as áreas demarcadas. Ora, a situação no terreno é determinante, pois o direito não costuma prevalecer sem a capacidade, especialmente militar, de o fazer respeitar.
Por isso, o estribilho recitado pelos defensores da entrega de territórios nacionais refere-se à Declaração da AG da ONU, retirando o foco do julgamento no STF sobre a validade do decreto de demarcação. Isso porque o essencial, no momento, para as potências hegemônicas é garantir que saiam das áreas demarcadas os brasileiros não vinculados a seu serviço direto ou por ONGs e entidades religiosas interpostas.
Com ou sem o voto do Brasil aderindo à Declaração, as potências hegemônicas já obtiveram tantas capitulações de governos do Brasil e já o fizeram enfraquecer tanto, que, para as desencadearem o processo de “independência” de pretensas nações indígenas, só falta a demarcação em faixa contínua. Elas o farão, mesmo desaprovadas por países menos afinados com o Império anglo-norte-americano, como a Rússia e a China. Em função da dificuldade geoestratégica, estas provavelmente se absteriam de intervir, embora percebam seus interesses prejudicados.
Em suma, a defesa da Amazônia não é viável sem mudança institucional profunda no Brasil. Só um sistema político não-governado pelo dinheiro concentrado, que domina as “disputas” eleitorais, pode realizar a indispensável autodeterminação nacional, que exige criar estruturas econômicas, políticas e culturais completamente distintas das presentes.
Sem reconquistar o controle da economia e das finanças onde elas se encontram (São Paulo, Rio de Janeiro etc.), não haverá como manter a Amazônia brasileira. O poder militar, indispensável para isso, só tem possibilidade de ser construído com a reconquista daquele controle.
Adriano Benayon é Doutor em Economia.
Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”, editora Escrituras.

Fonte: Alerta Total

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

En Chile Investigan Vínculos de las FARC con Indígenas Mapuches

El Gobierno chileno confirmó este lunes que investiga presuntos lazos entre miembros de las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC) y grupos violentos de indígenas mapuches. 
El portavoz de Gobierno, Francisco Vidal, hizo la confirmación al criticar al senador del partido derechista Renovación Nacional Alberto Espina por supuestamente filtrar a la prensa los datos. "Esta información la tenían tres personas: el fiscal nacional (Sabas Chahuán), el director de la Agencia Nacional de Inteligencia (Gustavo Villalobos) y el senador Espina (...) y la convicción del Gobierno es que no la publicó el fiscal nacional, y menos el director de Inteligencia", dijo Vidal. "Haber colocado eso en un diario es una irresponsabilidad, atenta contra el objetivo del Gobierno (...) y es el peor servicio a la causa principal, que es la seguridad del Estado", afirmó el ministro portavoz.
Rastreos
Según informa este lunes el diario "La Tercera", la indagación sobre los posibles nexos entre el grupo guerrillero colombiano y los mapuches se basa en un informe entregado hace un mes por el senador de Renovación Nacional a la Agencia Nacional de Inteligencia.
Dicho informe, al parecer, contiene el intercambio de correos electrónicos entre el portavoz internacional de las FARC, alias Raúl Reyes, muerto el pasado 1 de marzo en Ecuador, y un contacto en Chile apodado "Roque".
El enlace le pide a "Reyes" en un correo electrónico que las FARC entrenen a grupos mapuches en conflicto con el Estado chileno.
En el documento también se menciona a dirigentes del Partido Comunista, del Frente Patriótico Manuel Rodríguez (FPMR), del Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR) e incluso a un funcionario de rango menor.
COMENTO: Parece que a "cumpanherada" chilena também está reticente em assumir o compadrio com os narcoterroristas. Se lá houvesse uma "oposição de merda" como "nuncaantesnessepaíz", a coisa seria tranquilamente abafada, mas lá tem quem se assuma como direita e a imprensa não se vende como na Grampolândia. Assim, só resta alegar que a divulgação da atuação das FARC no Chile "atenta contra os objetivos do governo". Lá também eles são caras-de-pau!!!

domingo, 7 de setembro de 2008

Vem Mais Chumbo Por Aí !!!

Caiu milionario esconderijo das FARC
As autoridades encontraram mais de um milhão de dólares ocultos, depois que a Força Aérea bombardeou um acampamento das Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (FARC) no departamento de Guaviare.
A Fiscalía Geral informou que no acampamento foram detidos dois presumíveis subversivos — um homem e uma mulher — e encontrados os cadáveres de outros nove supostos insurgentes das FARC.
O bombardeio e incursão se realizaram desde quarta-feira passada e durou dias contra o acampamento.
No acampamento, "as autoridades se apossaram de 997.000 dólares e 35 milhões de pesos" equivalentes a uns 19.400 dólares, segundo o relato.
Também foram encontrados três computadores portáteis, duas câmaras digitais, 21 memorias USB, telefones celulares, três rádios de comunicações, instrumental cirúrgico e um GPS ou geoposicionador satelital, indicou a Fiscalía.
Militares e policiais acharam também 21 fuzis, duas metralhadoras M-60 e milhares de cartuchos de diferentes calibres, assegurou.
Todo o material capturado e os detidos foram entregues a um juiz de San José del Guaviare, capital do departamento de Guaviare.
A Fiscalía só identificou a um dos detidos por seu apelido de "Camilo Bernal Vega" e não ofereceu detalhes sobre a forma em que foi encontrado o dinheiro, nem sua possível origem.
Un nuevo PC de las FARC amenaza con un escándalo mayor que el de Reyes!
Foto: Policía Colombia
El gobierno de Colombia aseguró hoy que la información contenida en los computadores y memorias USB del jefe guerrillero "John 40", cuyo campamento fue atacado esta semana, es más grande que la encontrada a “Raúl Reyes”.
El ministro de Defensa, Juan Manuel Santos, confirmó, de acuerdo a lo reseñado por Radio Caracol, que en total fueron tres computadores y 40 memorias las encontradas en Puerto Cachimo, Guaviare, donde se desarrolló el operativo.
"Nos va a dar información igual o más importante de la que obtuvimos en el ataque a Raúl Reyes", dijo el ministro Santos quien añadió que "la información se irá revelando paulatinamente con el fin de no prevenir a esta guerrilla".
De otro lado, Santos informó que Gener García Molina, alias "John 40", resulto herido en el bombardeo y huye herido por las selvas del Guaviare.
En el ataque, llevado a cabo por unidades de la Fuerza Omega, fueron abatidos 9 guerrilleros y 4 más fueron capturados.
Las autoridades colombianas presumen que el jefe guerrillero está protegido, en su huída, por 4 guerrilleros del Frente 43, que alcanzaron a huir con él, indicó Santos.
Con información de Caracol Radio
Fonte: Noticias 24
COMENTO: Será que aparecerão outros "contatos humanitários" com "cumpanhêros" brasileiros???

Falsificações da História — O Soldado Brasileiro e a Contra-revolução de 64

por Heitor De Paola
"Quem domina o passado, domina o presente; quem domina o presente, domina o futuro".
(George Orwell, "1984")
O Dia do Soldado é uma ocasião propícia para retomar o tema das Falsificações da História. Cada vez que este dia se aproxima a mídia chapa branca revira os "porões da ditadura" em busca de novos embustes. A principal trapaça deste ano de 2007 foi uma série de reportagens do jornal O Globo, do Rio, intitulada "Os brasileiros que ainda vivem na ditadura". A extensa matéria focaliza a verdadeira ditadura exercida pelos narcotraficantes e as milícias sobre a população mais pobre do Rio de Janeiro, particularmente os favelados. No próprio texto são feitas comparações com os "terríveis anos de chumbo", mas o must vem no final: um encarte diário, mais ou menos longo, com testemunhos das "vítimas indefesas da ditadura militar".
Traduzindo: subliminarmente equiparam os soldados aos bandidos!
Possivelmente a História, como a conhecemos, tenha sido aqui e ali falsificada, de forma voluntária ou não. Seja por interesse de ocultar ou acrescentar alguma coisa ou por distorção involuntária, seja por se tratar de registro de relatos orais muito antigos já modificados no próprio tempo, o caso é que os documentos históricos nem sempre apresentam os fatos como eles realmente ocorreram. O estudioso de história deve contar com estas possíveis deturpações, principalmente no que toca a relatos de períodos muito antigos, aos quais as teorias não podem mais ser testadas nem a História pode encontrar uma sólida fundação em fatos.
No entanto, os historiadores antigos, sinceros e de certa forma ingênuos, jamais poderiam imaginar que a falsificação da História se transformasse num ofício, numa arte espúria, exercida sistematicamente por milhares de escribas selecionados por autoridades que necessitam manipular os conhecimentos sobre o passado para, seletivamente, expurgar o que lhes retiraria legitimidade ou revelaria suas atrocidades. Pois isto aconteceu exatamente no século em que o crescimento exponencial da capacidade de armazenamento de documentos históricos parecia indicar um futuro promissor para esta bela arte. Desde o golpe de Estado bolchevista na Rússia em 1917 a criação de uma nova História, de novas "verdades", vem ocupando lugar de destaque na estruturação dos departamentos de desinformação comunista. Ironicamente, Orwell chamou a repartição que tinha esta função em Oceania de Ministério da Verdade.
Basta olhar quem hoje está no poder político no Brasil para perceber que são os derrotados militarmente em 64, os herdeiros dos bolchevistas, que venceram uma das batalhas mais importantes: a cultural. Refugiando-se nesta área negligenciada pelos governos militares, e baseando-se na desinformação e nas orientações de Féliks Dzerzhinsky, o mestre da desinformação e fundador da primeira polícia secreta bolchevista — a Tcheka — passaram a escrever grande parte da História, principalmente aquela de alcance público, acadêmico e nas escolas de todos os níveis, novelas e minisséries de TV. Tornaram-se "donos" dos significados das palavras. Temos hoje muito mais mitologia induzida do que história ocorrida. É trabalho para décadas — se houver liberdade para tanto — desfazer todos os mitos dos chamados "anos de chumbo". Mas o tempo funciona a favor dos trapaceiros, pois dentro de alguns anos não existirá mais ninguém das gerações que viveram a vida adulta naqueles tempos, hoje já acima dos sessenta. Contam com o tempo para completar o verdadeiro genocídio da História: a morte dos que a conheceram vivamente. E a verdade sumirá se não for tentado algo para salvá-la. Tento fazer a minha parte contando o que vivi.
AS OPÇÕES POLÍTICAS NA DÉCADA DE 60
Uma das maiores distorções é o mito de que soldados maldosos, aliados à "burguesia" nacional "ameaçada em seus privilégios" — e subordinados às demandas maquiavélicas dos Estados Unidos — resolveram abortar pelas armas a política conduzida por um governo legítimo e que atendia aos "anseios populares". Em primeiro lugar, esconde-se o fato de que em 1959 a geopolítica da América Latina tinha virado do avesso pela tomada do poder em Cuba por Castro, que logo assumiu sua condição de comunista e se aliou à URSS. Seguiu-se um banho de sangue de proporções inimagináveis — do qual é proibido falar! — e a lenta e progressiva instalação na ilha de numerosos instrutores soviéticos que adestraram tropas cubanas, formaram e exportaram guerrilheiros e terroristas, e re-estruturaram o sistema de Inteligência. Através desta "cabeça de ponte" aumentou sobremaneira a influência da URSS na AL. Os jornais noticiavam diariamente as tentativas de derrubada do governo legitimamente eleito da Venezuela, país-chave pela produção petrolífera. O próximo objetivo estratégico era o Brasil, país imenso, já em fase inicial de industrialização e cujas Forças Armadas representavam um poderoso obstáculo à penetração comunista no Continente.
25 de agosto de 1961, a renúncia de Jânio Quadros marca um momento importante. O Vice, João Goulart, encontrava-se na China e declarou que iria comandar o processo de "reformas sociais" tão logo assumisse. Os Ministros Militares e amplos setores civis se opuseram à posse de Jango por suas notórias ligações com a esquerda. Seu cunhado Brizola, Governador do Rio Grande do Sul reagiu, o Comandante do Terceiro Exército, Gen Machado Lopes, ficou do lado dele e o Brasil esteve à beira da guerra civil. A Força Aérea chegou a dar uns tiros no Palácio Piratini. Brizola tomou todas as rádios de Porto Alegre e obrigou as demais a entrarem em cadeia, a Cadeia da Legalidade! E lá estava eu, "comandando" uma mesa em plena rua na cidade de Rio Grande-RS, a uns 4°C, com uma lista de assinaturas para quem quisesse "pegar em armas pela legalidade", atuando em conjunto com membros do extinto PCB. Com a emenda parlamentarista tudo se acalmou, mas em janeiro de 63, num plebiscito nada confiável, o país retorna ao Presidencialismo.
Fiz parte da Juventude Trabalhista e só não entrei para os Grupos dos 11, do Brizola, sobre os quais hoje quase nada se ouve, porque não tinha idade e, portanto, não era confiável. No início dos anos 60 o hoje santificado Betinho, junto com o Padre Vaz, elaborou o "Documento Base da Ação Popular", que previa a instalação de um governo socialista cristão no Brasil. Mas o documento em que a AP se declarava francamente a favor da instalação de uma ditadura ao estilo maoísta foi mantido secreto até para os militantes da base. Só vim a ter contato com ele através de Duarte do Lago Brasil Pacheco Pereira (um dos membros do Comando Nacional de AP) em agosto de 65, quando, ocupando uma Vice-Presidência da UNE, eu já era mais "confiável". O documento, que era obviamente o produto de uma luta interna na esquerda mundial, defendia a luta em três etapas: reivindicatória (movimentos populares, greves); política (início das guerrilhas no campo, como na China e Vietnam) e ideológica (a formação do Exército Popular de Libertação). Contrariava a teoria do foco guerrilheiro, preferida por Guevara e Debray.
O MASTER (nome do MST da época), do Brizola, invadia terras no RS (como a do Banhado do Colégio, em Camaquã) e as Ligas Camponesas, de Francisco Julião, com apoio explícito do Governador Arraes, no Nordeste. A CGT, (presidida por Dante Pelacani) e a UNE (José Serra) propunham abertamente um golpe com fechamento do Congresso. Armas tchecas começaram a surgir. O ano de 1963 foi uma agitação só. O movimento estudantil, do qual posso falar, estava dividido entre a Ação Popular (AP) e o PCB. Quem não viveu aqueles tempos dificilmente pode imaginar o nível de agitação que havia por aqui. O re-início das aulas em março de 64 praticamente não houve.
Num encontro em Pelotas, onde eu estudava Medicina, com o último Ministro da Educação do Jango, Sambaqui, no início de março, ele nos revelou que tudo começaria com o comício marcado para o dia 13, em local proibido para manifestações públicas (em frente ao Ministério da Guerra) já em desafio aberto e simbólico à lei, seria continuado pelo levante dos sargentos do Exército e da Marinha — formando verdadeiros soviets — e pelos Fuzileiros Navais em peso, comandados pelo "Almirante do Povo", Aragão. Pregava-se a subversão da hierarquia e disciplina militares. Seguir-se-ia pelo já programado discurso de Jango no Automóvel Clube do Brasil. A pressão final sobre o Congresso seria em abril e maio: se não aprovasse as "reformas de base", seria fechado com pleno apoio popular.
Na mesma época, participei de uma ação comandada por um agitador da Petrobrás e da SUPRA (Superintendência da Reforma Agrária), em Rio Grande, pela encampação da Refinaria de Petróleo Ipiranga o qual, num discurso na Prefeitura, declarou que a República Socialista do Brasil estava próxima. As ocorrências de março só confirmaram a conspiração acima mencionada. No comício do dia 13 Brizola pregou o fechamento do Congresso se não aprovasse as tais "Reformas de Base" (na lei ou na marra) — ninguém me contou, eu ouvi no rádio. Prestes dizia que os comunistas já estavam no Governo, só faltava tomarem o Poder.
Não havia, pois, opção democrática alguma. Restava decidir se teríamos o predomínio dos comunistas ou de uma ditadura ao estilo peronista, chefiada por Jango. As passeatas civis — as Marchas da Família com Deus pela Liberdade — estavam nas ruas exigindo o fim da baderna e em apoio ao Congresso. Sugerir que se devia esperar que Jango desse o golpe para depois tirá-lo, me parece uma ideia legalista infantil, pois então teria que ser muito mais cruento. Foi, na verdade, um contra-golpe cívico-militar preventivo.
PARTICIPAÇÃO DOS EEUU
Outro mito é sobre a participação americana no "golpe" de 64. Chamada de "Operação Thomas Mann" (nome do então Secretário de Estado Adjunto para a AL) não passa de uma mentira baseada em documentos forjados pelo Departamento de Desinformação através da espionagem Tcheca. Quem montou a operação foi o espião Ladislav Bittman que, em 1985 revelou tudo no seu livro "The KGB and Soviet Disinformation: An Insiders View", Pergamon-Brasseys, Washington, DC, 1985. Segundo suas declarações, "A Operação foi projetada para criar no público latino-americano uma prevenção contra a política linha dura americana, incitar demonstrações mais intensas de sentimentos antiamericanos e rotular a CIA como notória perpetradora de intrigas antidemocráticas". Outra fonte é o livro de Phyllis Parker "Brazil and the Quiet Intervention: 1964", Univ of Texas Press, 1979, onde fica claro que os EEUU acompanhavam a situação de perto, faziam seus lobbies e sua política com a costumeira agressividade, e tinham um plano B para o caso de o país entrar em guerra civil. Entretanto, não há provas de que os Estados Unidos instigaram, planejaram, dirigiram ou participaram da execução do "golpe" de 64. Embora as revelações tenham sido tornadas públicas em 79/85, a imprensa brasileira nada publicou a respeito não permitindo que a opinião pública tomasse conhecimento da mentira que durante anos a enganou. Apenas a revista Veja na sua edição nº 1777, de 13/11/02, publica a matéria "O Fator Jango" de autoria de João Gabriel de Lima, onde este assunto é abordado. Recentemente (3/7/2007), O Globo publicou com grande estardalhaço documentos que eram conhecidos desde 31 de março de 2004, aos 40 anos do movimento, quando a CIA desclassificou documentos da época que revelam um grande interesse da Casa Branca, do Departamento de Estado e da CIA no que estava por ocorrer no Brasil. Qual o interesse de "revelar" documentos já conhecidos há mais de três anos como se novidade fosse? Não sei, mas é mais uma peça de desinformação, pois o que demonstram é que havia planos para apoiar o movimento cívico-militar, o que já era sabido por todos que viveram aqueles tempos ou se interessaram em estudar.
A LUTA ARMADA E O AI-5
Finalmente, o mito de que brasileiros patriotas e democratas se levantaram em armas contra o "endurecimento da ditadura" através do Ato Institucional nº 5, 12/68. A UNE, foco permanente de agitação esquerdista ficou acéfala com a fuga para o exterior do Presidente eleito em 1963, José Serra, hoje Governador de São Paulo e foi extinta pela Lei Suplicy (Lei nº 4.464, de 9/11/64). No mesmo ano, Alberto Abraão Abissamara, Presidente da UEE da Guanabara, tomou conta dos arquivos que sobraram e convocou um Congresso para julho de 1965 que veio a ser realizado no Centro Politécnico em SP no qual fui eleito Vice-Presidente de Intercâmbio Internacional. Em outubro fui preso em Fortaleza, o que impediu minha ida ao Congresso da União Internacional de Estudantes na Mongólia, onde seria traçada uma estratégia de recrudescimento da violência revolucionária na AL. Quando retornei ao Rio a Diretoria eleita naquele Congresso estava dissolvida só restando o Presidente, Antonio Alves Xavier, o Primeiro Vice, José Fidelis Augusto Sarno, Altino Dantas e eu. O primeiro estava tomado de uma megalomania revolucionária que fez com que nos afastássemos dele e Altino tomou seu lugar. Eu pensei que seria impossível levar avante a tarefa. Como me afastei, só vim a saber bem mais tarde que a missão que seria minha naquele Congresso da UIE era de denunciar o "reformismo e a conciliação" daquela entidade com os "imperialistas". A denúncia foi feita e há notícias de que 13 delegações se retiraram do Congresso, entre as quais a delegação da UNE, a chinesa, a cubana e uma delegação norte-americana, o que foi confirmado por Carlos I. Azambuja.
NOS "PORÕES DA DITADURA"
Fui preso pelo DOPS e encaminhado ao 23º Batalhão de Caçadores, em Fortaleza, onde permaneci durante dois meses. A única tortura a que fui submetido foi permanecer este tempo todo incomunicável. Fisicamente jamais me tocaram, pelo contrário, fui bem tratado, inclusive em função de uma diarreia inicialmente verdadeira e artificialmente "prolongada" por mim, passei a comer do cassino de oficiais. Vale recordar dois episódios, um hilário e outro que guardo com gratidão.
Terminado o IPM eu poderia sair do quartel mas como estava por chegar um Promotor do Superior Tribunal Militar para me re-inquirir para a instrução do processo junto ao STM, o encarregado do inquérito, Major Edísio Facó, sugeriu que eu ficasse no quartel entre os toques de recolher e o de alvorada. Criou-se um impasse: como ficariam meus pertences durante minha ausência? Na época eu estava no xadrez da Enfermaria e o Sargento encarregado encontrou a solução: trancou o cadeado e entregou-me a chave! Que eu saiba fui o único prisioneiro da história a ter a chave da cela!
O outro episódio se deu porque, apesar da incomunicabilidade, consegui que um soldado que terminara sua pena passasse um cabograma para meu pai avisando que eu estava preso. Meu pai era maçom tendo galgado todos os postos dentro da Ordem, menos o de Grão-Mestre. Mas o Grão-Mestre do Rio Grande do Sul era muito amigo e comunicou-se com o do Ceará, Sr. José Ramos Torres de Melo que foi me visitar sem poder falar comigo a não ser através do Chefe da S2 e quando saí tratou-me com um pai, emprestou-me a quantia que eu precisava para retornar ao Sul sem me permitir sequer passar um recibo — "entre irmãos isto não é necessário, sei que seu pai me pagará". Muitos anos depois, já nesta luta "do outro lado", vim a saber que se tratava do pai do General Francisco Batista Torres de Melo, Presidente do Grupo Guararapes.
DE VOLTA
De 1966 — ano da Conferencia Tricontinental de Havana e da fundação da Organización Latino Americana de Solidaridad (OLAS) — a 1968 participei, no Sul, das intensas discussões clandestinas sobre a luta armada conduzidas por militantes da AP treinados em Pequim. Em janeiro de 68, onze meses antes da edição do AI-5, a luta foi implementada por todas as organizações revolucionárias, menos o PCB. A AP "rachou", eu fiquei do lado contrário à maluquice da luta armada. Logo depois, mudou o nome para Ação Popular Marxista-Leninista do Brasil, o que já estava previsto no citado documento secreto desde 63/64. Como vários autores mais credenciados já têm se manifestado sobre isto, não vejo necessidade de mais para deixar claro que o AI-5 não passou de uma reação ao incremento das atividades revolucionárias, e não o oposto, como reza a "história oficial".
Um outro fator a influenciar minha decisão de sair foi quando, numa reunião do "Comando Zonal Sul - RS", discutia-se o caso de um militante recém "ampliado" que, por força de nosso apoio tornara-se Presidente de um importante Centro Acadêmico e dava mostras de "fraqueza ideológica" e independência de pensamento. Passou-se a discutir se num processo revolucionário aberto, que estava em preparação, alguém teria coragem de matar um "companheiro" ou ao menos dar a ordem para isto. Eu disse que teria coragem de dar a ordem. No momento, até a mim mesmo pareceu uma bravata, mas, mais tarde, pensando comigo mesmo fiquei horrorizado com a possibilidade de chegar a um ponto em que isto se tornaria inevitável: numa situação plenamente revolucionária pode chegar o momento do "ou ele ou eu". Isto aconteceu em final de 1967; logo em janeiro de 1968 fomos informados das preparações para a "luta armada contra a ditadura". Era a hora de dar o fora, o que fiz não sem sofrer ameaças por parte de meus antigos "companheiros".
Anos depois, ao re-encontrar a esposa de um antigo "companheiro", ela me contou que o mesmo tinha passado para a clandestinidade tornando-se um revolucionário profissional. Ela o acompanhara até o momento em que ele lhe mostrou a "necessidade revolucionária" de estar disponível para satisfazer sexualmente outros militantes clandestinos que não tinham como fazê-lo sem risco, fora da organização. Profundamente decepcionada ela o abandonara e voltara para sua cidade e sua família. Mas não pensem os leitores que isto é uma exceção: é a regra!

***
O estranho em tudo isto é que a esquerda vocifera com tremendo estardalhaço a necessidade de serem abertos os "arquivos da ditadura". Apesar de estarem no poder e terem autoridade para obrigar os Comandos Militares a abri-los, apenas seguem vociferando. Conheço inúmeros militares que desejam ardentemente que estes documentos sejam abertos, mas não podem fazê-lo sem ordem superior. Um deles, o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, vem tentando inutilmente discutir os fatos ocorridos naqueles tempos e não rejeita ser acusado; o que pede — e é de seu pleno direito — são provas e não boatos, fofocas, meros testemunhos sussurrados nas universidades, nas redações e nas reuniões sociais do jet set! Porém, parece que a intenção da esquerda é julgá-lo a priori, antes de ser condenado, só porque pertenceu à odiada "comunidade de informações".
Quem teme a abertura que tanto pedem by lip service são os que construíram esta mentira em toda a América Latina; temem que as novas gerações descubram que foram seus atos terroristas que levaram à auto-defesa dos governos militares das décadas de 60-70, e não ao contrário.
Os soldados brasileiros não têm de que se envergonhar. Comemorem o seu dia! 

Nota do autor: Este artigo é uma versão revisada e ampliada de outro já publicado aqui (Desfazendo alguns mitos sobre 64).
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