terça-feira, 15 de julho de 2008

Grampoland: MI-6 Inglês Vaza Conversas Sobre Caso Dantas

por Jorge Serrão
Novas ligações de “celulares” via satélite, contendo conversas muito comprometedoras sobre o escândalo do prende-e-solta Daniel Dantas, foram grampeadas e suas transcrições fornecidas ontem a alguns senadores brasileiros pelo serviço de informação anti-terrorismo da Grã-Bretanha. As gravações foram produzidas com autorização da Justiça espanhola. O teor das conversas indica, claramente, tráfico de influência no desgoverno Lula da Silva em favor de Dantas.
O mais curioso foi a “desculpa” ou “justificativa geopolítica” que motivou tais interceptações telefônicas. O serviço de informações em telecomunicações e informática da Grã-Bretanha, ligado ao MI-6 (o famoso serviço secreto inglês, imortalizado nos filmes de James Bond, o agente 007), executou, com rigor, a ordem de vasculhar todas as chamadas geradas do Brasil para a Ásia, por telefones via satélite. O famoso “João” e seus amigos foram pegos falando o que não deviam.
O engraçado é que, na versão oficiosa, passada a alguns seletos senadores, os ingleses queriam investigar três denúncias internacionais. Primeiro, o risco de invasões de estrangeiros à Amazônia. Segundo, o suposto esquema de venda ilegal de madeira arrancada da floresta. Terceiro, a compra indevida de terras no Brasil por estrangeiros. Sem “querer-querendo”, a sofisticada bisbilhotagem internacional pegou diálogos incriminadores sobre o caso Daniel Dantas, o poderoso banqueiro do Opportunity.
As conversas envolvem personagens que se identificam por códigos. Um é João; outra é a Mãe; um outro fala com um sotaque norte-americano exageradamente carregado; um sujeito citado é o tal “GE”. Um outro falante personagem de Brasília, chamado de segundo chefinho, é uma voz muito conhecida em gravações ilegais que vazaram na época do brutal e até hoje mal explicado assassinado do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel. Aliás, o atual desgoverno petista tem mesmo problemas com este nome: Daniel...
Na hora em que um dos diálogos sobe de tensão, João comete um desatino verbal. Xinga um palavrão e chama a Mãe pelo seu primeiro nome de batismo. João perde a linha e detona: “D..., caralho!” A interlocutora quase enlouquece e lhe dá uma bronca, quando ouve seu nome pronunciado, corrigindo o “bom filho”: “Eu sou a mãe. A mãe...”.
No final da patética conversa, João faz um pedido: “Então me faz um favor, Mãe. Limpa minha sala e limpa minha cama... Mas limpa bem... E a prestimosa mãe, com seu eterno espírito guerrilheiro, tranqüiliza o “bom filho” João: “Já estou colocando a faxineira para fazer isso. E botei a faxineira pro GE também. O GE ta com medo... Está muito medroso (...)”.
Em um os diálogos, o tal segundo chefinho faz uma advertência ao seu interlocutor com voz de gringo, que lhe contacta da Espanha: “Vamos falar pouco... Nossas conversas estão sendo monitoradas e passadas por não sei quem. Alguma organização usa nossos comunicados e coloca na mídia. Já soube via Internet que houve vazamentos do João”.
O tal chefinho fez referência ao teor que seria divulgado em reportagem exclusiva que o Alerta Total veiculou no sábado passado. Reveja o artigo: João não é João. Mas Mané é sempre Mané! E releia a reportagem: Segurança contra terrorismo internacional grampeia conversa de celular via satélite sobre o affair Daniel Dantas
Outra revelação exclusiva da edição de hoje do Alerta Total comprova o amadorismo dos poderosos em termos de segurança. Os três Ford Fusion, recém colocados a serviço da Presidência da República, tinham uma vulnerabilidade. Não na sua impecável mecânica. Mas no sistema de segurança interno do veículo. Os três carros eram equipados com um sistema de rastreamento via satélite que, além de informar a localização exata do veículo e suas condições operacionais, também tinha um sofisticado sistema de áudio para gravar conversas de quem estivesse em seu interior.
A solução imediata do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República foi eliminar o problema pela raiz. Militares ligados ao GSI tiveram de fazer uma visita de urgência a São Paulo, onde fica a sede da empresa especializada no monitoramento dos carros. Os três seguranças recolheram dos computadores toda conversa que ficou registrada dentro dos carros, principalmente do Ford Fusion que servia a Lula. Não será estranho se o teor de alguma conversa mais ríspida vazar nos próximos dias.
Como se não bastasse, para completar a sujeirada, ontem à noite, o Jornal Nacional, da Rede Globo, divulgou gravações do caso Daniel Dantas que não deixam dúvidas de um crime cometido na ante-sala do presidente Lula da Silva (mas que o desgoverno insiste, cinicamente, em negar). Não deixa dúvidas a reprodução da conversa entre Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, e Luiz Eduardo Greenhalgh — consultor de Daniel Dantas e advogado famoso por obter, na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, muitas indenizações milionárias da chamada “bolsa-ditadura” (reparações para os esquerdistas que se dizem vítimas do regime militar pós-64).
Se o secretário particular do presidente dá informações privilegiadas a um ex-deputado petista, Luiz Eduardo Greenhalgh, que é advogado do Daniel Dantas, está mais que configurado o tráfico de influência. Houve crime, sim. A ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) é o quê? Carvalho é um dos principais personagens do nebuloso caso Celso Daniel, prefeito de Santo André assassinado brutalmente, depois de ser torturado e violentado.
1. Primeira conversa

O Alerta Total divulga com exclusividade as duas conversas grampeadas pelo serviço de Inteligência inglês.
A primeira ocorreu na quinta-feira passada, a partir das, 23h 59min hora de Greenwich, 20h 59min, horário oficial de Brasília.
Foi interceptada o estranho papo de um telefone via satélite do Brasil para um outro telefone de satélite, na Espanha.
Um interlocutor no Brasil com forte sotaque norte-americano, dá a partida:
— Roberto, qual o real problema que estamos tendo com o pessoal da Grande Caixa?
Na Espanha, o chará responde:
— Todo mundo sabe que você foi assessor do homem da grande caixa. Acredito que você vai ter que colocar alguma blindagem para você se proteger. Fala urgente com o teu protetor jurídico. Mas ele está totalmente envolvido nesta situação.
— Olha, o que nós sabemos é o seguinte. Vamos falar pouco... Nossas conversas estão sendo monitoradas e passadas por não sei quem. Alguma organização usa nossos comunicados e coloca na mídia. Já soube via Internet que houve vazamentos do João.
— Pois é...
— O João vai fazer uma reunião ou no domingo ou na segunda-feira com todo pessoal para ver como vai ficar esta situação...
— E o homem está na gaiola ainda hoje?
— Não. Com certeza amanhã vai para casa... Já foi reforçado. O João já comunicou ao GE, e tá tudo resolvido, tudo tranqüilo...
O Roberto do sotaque de gringo se vangloria:
— Mas ainda tá cheirando, e o chefinho está fazendo toda essa operação. Ele não pára. O que está havendo aí?
— Não posso te falar neste momento. Nem te posso passar um e-mail para explicar. Mas sabemos que o ex-deputado ferrou o segundo chefe. Ta bom, você me liga amanhã e dá uma notícia. Vou ficar com o telefone ligado. Você já sabe qual é.
— Pode deixar, eu te ligo. Mas me dê aqueles negócios que tem lá para mim que vou ter que transferir o mais rápido possível.
— Ok, sobre isso conversamos pessoalmente.
Pista: o interlocutor com voz de brasileiro foi descrito pelo apelido de Beto  como sendo uma pessoa muito ligada a uma das maiores eminências pardas do desgoverno federal. O outro já trabalhou para Daniel Dantas.
2. Segunda Conversa
O papo foi do já conhecido João para a Mamãe ocorreu no fim de semana.
O diálogo foi gerado de um telefone dentro de um avião, sobrevoando o Atlântico, diretamente para Brasília, a Ilha da Fantasia. Ou para outro lugar:
— Mãe, tudo bem? Como está tudo aí?
— Imagina...
— Já sei, Mãe. Já sei de tudo. Tenho visto aqui pela Internet tudo que tem acontecido.
— É João, vamos ter que arrumar a casa de novo. A turma está toda ouriçada. Não temos como agora fazer absolutamente nada. Senão, esperar os acontecimentos.
— Mas não podemos esperar os acontecimentos! Tem que haver uma retratação urgente, Mãe.
— João, não adianta a gente resolver isso. Tenho que pensar o que posso fazer. Temos que falar com tua mão direita que também, pelo amor de Deus...
Neste momento, João perde a linha, e seu nervosismo detona um palavrão, antecedido do nome verdadeiro da “Mãe”.
“D..., Caralho”...
Sou a mãe... Cuidado...
— Oh, Mãe, perdão, o que ta havendo? Colocaram até o crioulo na prisão? O que este cara tem a ver com isso?
— Não sei. Estou vendo. Ele tem um dinheiro que é de uma doação... Não sei dele... Nem quero saber. Isso não atinge a gente. Ele que vai resolver o problema dele...
Se eu chegar ao Brasil hoje, e alguém me perguntar, o que vou falar?
— Fala o que você está falando... Que está correto...
A ligação fica meio turva e João pergunta:
— Mãe? Não é este pessoal que estou pensando que nós contratamos um ano atrás, pessoal amigo do Thomaz?
— É, João. É o pessoal do Thomaz que também está atrás disso. Mas eu vou ver pessoalmente...
— Então me faz um favor, mãe. Limpa minha sala e limpa minha cama, mas limpa bem...
— Já estou colocando a faxineira para fazer isso. E botei a faxineira pro GE também. O GE ta com medo... Está muito medroso...
— Se ele não ver isso, vai ter que sair fora...
A ligação é cortada subitamente...
Pista: A mãe é a Mãe. O João não é João. Mas deu uma de Mané pronunciando o santo nome da Mãe.
3. Carros oficiais grampeados? É mole?

A Presidência da República teve uma inesperada dor de cabeça com os três carros usados pelo presidente Lula e sua equipe de apoio
Um dos três Ford Fusion blindados, novinhos em folha, apresentou um problema na central de vidro elétrico.
Mecânicos da Ford abriram o console do vidro e descobriram algo inusitado.
Os carros faziam o monitoramento de áudio, do que fosse falado dentro deles, por um sofisticado sistema via satélite.
Ou seja, o sistema do carro grava o que se fala lá dentro, e tudo vai para uma empresa de monitoramento via satélite que tem as gravações de todos os acontecimentos.

Inocentemente, a empresa que fornece o serviço de escuta telefonou para a Casa Civil e ofereceu um serviço especial.
Se quisessem monitorar todas as conversas, dentro do carro, eles fariam, sem problemas.
Uma assessora inocente de Dilma Rousseff autorizou que o serviço de monitoração de áudio continuasse.
Três dias depois, com Lula viajando para o Japão, os três carros foram retirados da garagem e a empresa de monitoramento recebeu a visita de três seguranças da Presidência para retirar dos computadores quaisquer resquícios de conversas lá dentro.
4. Os grampos nacionais
O desgoverno entrou em Pânico na TV (não por causa do famoso programa humorístico), mas pela nova reportagem de César Tralli no Jornal Nacional da Rede Globo:
"Gravações de conversas telefônicas feitas pela Polícia Federal revelam como dois investigados na Operação Satiagraha tentaram corromper um delegado para livrar o banqueiro Daniel Dantas das acusações de crimes financeiros e de lavagem de dinheiro. De todos os envolvidos, o único que era considerado foragido se apresentou às autoridades em São Paulo".
Confira a reprodução da reportagem e os diálogos comprometedores para o Palácio do Planalto:
Humberto José da Rocha Braz, assessor de Daniel Dantas e ex-presidente da Brasil Telecom e o amigo Hugo Chicaroni, professor universitário, foram flagrados em encontros e telefonemas oferecendo propina para um delegado federal.
Toda negociação foi monitorada com autorização da Justiça. Em uma das gravações obtidas com exclusividade pelo Jornal Nacional, Hugo comenta com o delegado sobre o papel de Humberto nos negócios do banqueiro Dantas.
5. Documentos comprometedores
Foi na segunda conversa também que o delegado Vitor Hugo Rodrigues Alves apresentou documentos sobre o banqueiro.
Fotos e fichas cadastrais foram exibidas durante um almoço onde o assunto era propina.
As filmagens mostram o exato momento em que Humberto Braz, de frente para a câmera, troca de lugar com Hugo Chicaroni para analisar melhor os documentos. O delegado não tem pressa.
Delegado: “Pode ver com calma que eu não vou poder deixar com vocês esses documentos. Tem sonegação, tem lavagem, tem evasão de divisa, tem outros crimes contra o centro financeiro, tem vários crimes, uma investigação dessas sempre começa pequena e cresce”.
Logo em seguida, o assunto passa a ser propina. Hugo Chicaroni fala em US$ 1 milhão.
Hugo Chicaroni: “Já que ele já ofereceu US$ 500 mil, pede US$ 1 milhão. Para ele, pode chegar a US$ 700 mil, US$ 800 mil”.
6. O tráfico de influência explícito
É onde entra um novo personagem, o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, do PT de São Paulo.
Greenhalgh foi contratado por Daniel Dantas como consultor.
O ex-deputado também chegou a ter a prisão pedida pela Polícia Federal, mas o pedido foi negado pela Justiça.
As interceptações revelam um telefonema de Luiz Eduardo Greenhalgh para o chefe de gabinete da presidência da República, Gilberto Carvalho.
O ex-deputado queria saber se a ABIN estava seguindo Humberto Braz no Rio.

Segundo o monitoramento dos delegados, o telefonema aconteceu às seis da tarde do dia 29 de maio.
Gilberto Carvalho: “O general me deu o retorno agora, é o seguinte: não há nenhuma pessoa designada na presidência na ABIN, com esse nome. A placa do carro não existe, é fria. Eles acham que a única alternativa é que tenha sido caso de falsificarem documento. Eles não consideram possível que seja da ABIN. Eu não falei com o Luiz Fernando ainda, mas não tem jeito. A Polícia Federal não usa a Polícia Militar, eles não se misturam de jeito nenhum. Então, eu acho que o mais provável é que o cara tava armando mesmo alguma coisa, mas com documento falso, que também no Rio é muito comum, porque daqui não tem, eu pedi, insisti, pedi que visse com máximo cuidado, tal”.
Greenhalgh: “Seria bom dar um toque no Luiz Fernando também, hein?”
Gilberto: “Eu vou dar. Eu tenho que falar com ele, vou levantar isso para ele também”.
Greenhalgh: “Está bom. Tem um delegado chamado Protógenes Queiroz, que parece que é um cara meio descontrolado”.
Gilberto: “Ele está onde, o Protógenes agora?”
Greenhalgh: “Está aí, em Brasília”.
Protógenes Queiróz é o delegado que comanda a investigação contra o grupo de Daniel Dantas.
7. Resposta do Planalto

Este ano, o chefe de gabinete da presidência, Gilberto Carvalho, recebeu o ex-deputado Greenhalgh três vezes em audiências no palácio.
Sobre as conversas telefônicas, a assessoria do Palácio do Planalto respondeu. O próprio Gilberto Carvalho se manifestou.
Em nota, ele confirma que, no dia 28 de maio, foi consultado por Greenhalgh sobre uma perseguição a um cliente seu, Humberto Braz, que até então desconhecia.
O motorista do carro que perseguia Braz teria se identificado como tenente da Polícia Militar e exibido documentos que diziam estar a serviço da Presidência da República.
Gilberto Carvalho diz na nota que confirmou para Greenhalgh que o tenente está credenciado na presidência, mas o trabalho que fazia nada tinha a ver com Braz.
Por fim, Gilberto Carvalho afirma que não fez contato algum com o Ministério da Justiça, nem com a direção ou qualquer integrante da Polícia Federal.

Fonte: Alerta Total
COMENTO: Quanto aos itens 1 e 2, se verídicos, mostra que já esqueceram tudo que o DGI cubano ensinou a eles sobre segurança. Ou então, a preocupação com os "rendimentos" e a certeza da impunidade superam qualquer cuidado com a segurança da quadrilha. A ganância dos chefes é negligente!!!
O item 3 mostra bem a importância que é dada ao GSI. Decisões sobre a segurança de viaturas que servem ao Presidente da República (em maiúsculas, pois me refiro ao cargo) são tomadas por uma assessora da Casa Civil. E o pessoal encarregado da Segurança Presidencial, pelo visto, não tem conhecimento total das características do material que usa. A imperícia dos chefes é contagiosa!!!
O item 5 mostra o padrão moral dos envolvidos. O "amigo" do subornador sugere que o subornado aumente o preço da propina de 500 mil oferecida, pedindo um milhão para obter 700 ou 800 mil. Mui amigo!!! A safadeza dos chefes também é contagiosa!!!
O item 6 mostra que, certamente, consultas sobre investigações policiais ou da ABIN não devem ser raras. Sem comentários!! Nem precisa!!! Os laços que ligam os chefes são indissolúveis!!!
O item 7 é de uma contradição característica da incompetência governamental. Nem para serem sujos eles prestam! Se na gravação revelada no item 6 foi dito que "não há nenhuma pessoa designada na presidência na ABIN, com esse nome", qual o motivo do Chefe de Gabinete da Presidência afirmar que "confirmou para Greenhalgh que o tenente está credenciado na presidência"?? Mentem sem nenhuma vergonha!! A incompetência dos chefes é imprudente!!!

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