quarta-feira, 14 de maio de 2008

Matando a Memória Nacional

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"Hoje sei muito bem que nada na vida repugna tanto ao homem do que seguir pelo caminho que o conduz a si mesmo." 
(Hermann Hesse)
A imprensa carioca noticia que o Museu da FEB foi fechado por falta de apoio financeiro. A Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira, mantenedora do referido museu, anunciou o referido fechamento. Seu presidente, o coronel Helio Mendes, coloca com clareza o descaso dos governos para com a história e a memória do país.
A entidade, mantinha no museu uma biblioteca, assistência jurídica aos veteranos da segunda guerra mundial e suas famílias, alem do acervo constituído por uniformes, armas, equipamentos e documentação alusiva ao período, atualmente ameaçados por traças e cupins.
A verba atualmente disponível servirá para pagamento da rescisão contratual dos oito funcionários, ficando pendentes ainda as contas de energia, telefone, água e internet. Em protesto contra este descaso, os membros da Associação não participaram da cerimônia do Dia da Vitória, anualmente comemorado no Aterro do Flamengo, onde estiveram presentes o vice-presidente da República, José Alencar, e o Ministro da Defesa, Nelson Jobim.
É notória a indiferença dos governos para com a manutenção da nossa história e da própria memória nacional. É certo que a Caixa Econômica Federal aplica através da Lei Rouanet, uma polpuda verba para a restauração e manutenção de vários museus em todo o país. Mas onde anda o Ministério da Cultura? Os iluminados dirigentes da Funarte, muito preocupados em obter assinaturas de personalidades já falecidas, enquanto engavetam projetos sérios relacionados com os assuntos aqui em tela?
Torna-se necessário que empresas de economia mista de todos os Estados, passem a se interessar pelos aspectos de manutenção da nossa memória. Um país sem memória, sem registros, e como árvore sem raiz, casa sem alicerce, cuja tendência é o desaparecimento puro e simples. É lamentável o que está ocorrendo com o Museu da FEB no Rio de Janeiro. Mais lamentável ainda é tomar conhecimento no dia a dia, das fraudes contra o BNDES, das mazelas envolvendo membros do governo e do Congresso Nacional, dos desvios de dinheiro público que nunca condenam ninguém, enquanto a memória nacional é solapada por traças e cupins, por absoluta falta de colaboração dos órgãos que tem a responsabilidade de fazê-lo.
Não se trata de falta de recursos, mas sim, de vontade política. Como diria o pensador Hermann Hesse, "quando um animal ou um homem orienta toda a sua atenção e toda a sua força de vontade para determinado fim, acaba por consegui-lo."
Carlos Pinto é  Jornalista 
 Presidente do ICACESP (11.05.08)
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