sexta-feira, 25 de abril de 2008

Acredite Eles Existem!

por Marco Antonio dos Santos
Você quase não os vê (porque são poucos, para um Brasil tão grande), mas eles existem. Aliás, insistem em fazê-lo.
Eles estão sempre prontos na hora que o Brasil precisa de alguém:
 eles estão lá na Fazenda Jarinã-MT;
— Aceitam morar na Amazônia e em outros lugares inóspitos e insalubres;
— insistem em continuar cumprindo com suas atribuições constitucionais, apesar de anos a fio de orçamentos gradativamente depauperados;
— fazem questão de constituir famílias (são ousados) e de tentar sustentá-las com os minguados salários; substituem forças de segurança em greve, cujos integrantes recebem vencimentos superiores aos seus (e ainda se julgam com direito de majora-los), só porque acreditam ser essa sua missão diante da Nação que os paga (ainda que mal) e os alimenta (parcialmente);
— constantemente têm atirados ao rosto questionamentos a respeito de sua utilidade e procuram justificá-la perante os ignorantes, revanchistas e derrotados no campo da luta ideológica e que se vingam lançando sobre eles falsas acusações difusas nas quais espelham, em realidade, o medo que a sociedade os chame de volta, como sempre o fizeram no passado histórico (aliás, a Nação tem o estranho hábito de recorrer a eles nos momentos de perigo);
— porque agem assim? Porque acreditam em valores e têm princípios. Além disso, a hierarquia lhes impõe submissão. A disciplina, o silêncio;
— perigo haverá quando deixarem de acreditar nos valores, perderem os princípios (como muitos segmentos da sociedade já o fizeram), a hierarquia for quebrada, a disciplina não mais justificar o silêncio e não puderem cumprir a missão que a Nação lhes atribui, por terem exaurido suas forças;
— agora, a elite conjuntural governante (ou desgovernante) parece ter um grande problema: como conceder a esses estoicos anônimos, que não têm o direito de greve ou de reivindicação por meio de outros movimentos paredistas (e nem devem tê-los, acredito) a correção do desgaste nos vencimentos (muito inferiores aos de categorias afins)? Afinal, eles já deveriam ter desaparecido (embora sejam partes de uma Instituição Permanente, como reza a Carta Magna), mas insistem em ter os maiores índices de aprovação popular nas pesquisas comparativas em relação a outros segmentos da chamada sociedade organizada.
— Alegam, os usuários do poder, falta de recursos, comprometimento do superávit primário, dificuldades com a previdência etc, toda uma ladainha que já beira as raias do ridículo, que a sociedade já reconhece como esfarrapadas, enquanto promovem desmandos e beneficiam bandidos e terroristas com polpudas indenizações vitalícias.
Em realidade, é preciso tirar-lhes os brios e os méritos, humilhá-los ainda mais, quebrar-lhes o ânimo. Quem sabe, assim, desistam de existir.
Mas parece que eles têm uma infinidade de vidas. São piores que a fábula das sete vidas dos gatos. Quando morrem, apenas se reagrupam na eternidade. Eles acreditam na Justiça e no ciclo da História. Talvez tenham aprendido a lição e não deixam que ela se repita. Um de seus antigos chefes já advertiu para a cólera das legiões.
Eles são os militares!
Apenas querem cumprir sua missão. Os políticos ainda não perceberam que o risco é infinitamente menor quando eles estão equipados com as melhores armas e idéias que a Nação puder lhes dar, conforme, sabiamente, profetizou o General Douglas MacArthur.
São preparados para sobreviver na adversidade. Alimentam-se da fé em suas crenças. Não pedem muito, apenas o mínimo — o respeito —, sem humilhações.
O perigo existirá quando acreditarem que estão por isso sós.
Marco Antonio dos Santos é empresário e professor

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